No maior círculo eleitoral do país: Recenseamento arranca com fraca aderência e problemas técnicos

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Nampula (IKWELI) – Arrancou na última sexta-feira (15) o recenseamento eleitoral para o pleito de 9 de outubro próximo e no maior círculo eleitoral do país, Nampula, o processo iniciou com uma fraca aderência dos potenciais eleitorais, assim como os habituais problemas tornaram a verificar-se, sobretudo a não impressão dos cartões de eleitores.

Na cidade de Nampula, nossos repórteres observaram nestes primeiros 3 dias uma lentidão no registo dos eleitores, chegando casos em que foram necessários mais de 30 minutos para registar uma única pessoa.

Ao nível dos distritos, o cenário não foi diferente, tal como reportaram os nossos correspondentes em Moma, Memba, Malema, Nacala, Ilha de Moçambique, Murrupula, Ribáuè, Angoche e Monapo, onde eleitores ficavam desesperados pelo tempo que despendiam para serem registados no sistema eleitoral.

Na escola secundária 12 de Outubro, onde funciona uma brigada de recenseamento eleitoral, notamos um fraco domínio no manuseamento do equipamento informático por parte dos brigadistas.

Ainda assim, no mesmo local, um brigadista disse ao Ikweli que a fraca aderência dos potenciais eleitores é notória.

Na escola primária e completa da Serra da Mesa, nos arredores da cidade, durante o primeiro dia de recenseamento, até ao meio não tinha sido registado um único eleitor, alegadamente por problemas no funcionamento do equipamento.

“Cheguei às 07horas, mas até agora [12h de sexta-feira] não estão a me recensear, dizem que há problemas do sistema. Aqui somos poucos e a primeira pessoa ainda não foi atendida, esse que chegou as 05 horas ainda está ai sentado, não sei o que está a acontecer, quando perguntamos se poderíamos sair ou não disseram que devemos esperar até agora estou aqui”, avançou uma fonte que pretendia se recensear.

Já na escola primária e completa Maria da Luz Guebuza o processo decorria, com um certo domínio do equipamento por parte dos brigadistas, mas a presença dos eleitores era diminuta.

“Estou à espera de duas pessoas para poderem ser minhas testemunhas, porque não tenho nenhuma documentação para me recensear e dessa vez não quero perder quero recensear para”, disse um deslocado interno que pretendia se recensear naquele posto.

No posto de recenseamento instalado no Instituto Industrial e Comercial de Nampula, um dos locais visitado pela nossa equipa de reportagem por volta das 10 horas do primeiro dia, constatamos fraca presença de cidadãos que procuram pelo cartão que lhes conferirá o direito de votar e de ser votado no próximo dia 9 de Outubro do ano em curso. Aliás, a única fila continha apenas cinco cidadãos que esperavam com serenidade o seu momento.

Desconhece-se as reais razões da fraca afluência dos potenciais eleitores nos postos de recenseamento, embora não se descarte a possibilidade de ser pelo facto de muitos munícipes terem sidos recenseados no ano passado, bem como a fraca campanha de educação cívica, para além do hábito que as pessoas têm de deixar tudo para os últimos dias do processo.

Edson Adamugi, é um dos cidadãos que logo no primeiro dia do processo escalou o posto de recenseamento. Ele conta que não conseguiu recensear-se no ano passado porque encontrava-se fora do país.

“Da primeira vez não consegui recensear porque estava mesmo fora do país, e só regressei a Moçambique este ano. Cheguei aqui há sensivelmente 20 minutos. Está muito rápido, não leva tempo e hoje como primeiro dia não há bicha longa, e foi tudo rápido”, disse Edson Adamugi.

O jovem apela aos demais cidadãos que ainda não têm o cartão de eleitor para escalarem os postos de recenseamento, evitando assim deixar tudo para a última hora. “Eu apelo a todos os cidadãos moçambicanos para que se dirijam nos postos de recenseamento para poderem recensear, de modo que no dia 9 de Outubro possam votar. Portanto, o recenseamento já começou, não há bicha, é rápido”, referiu a fonte.

 O mesmo cenário no posto do Instituto Industrial e Comercial de Nampula, caracterizou o Pavilhão dos Desportos do Clube Ferroviário de Nampula, um dos maiores centros de votação da cidade de Nampula.

Edvan Olímpio Moreno, de 19 anos de idade, pela primeira vez conseguiu o cartão de eleitor. Visivelmente satisfeito, Edvan destaca a importância do cartão de eleitor, dado que para além de garantir ao cidadão o direito de exercer o seu direito cívico, é um dos importantes documentos da actualidade.

“Eu gostaria que tivesse o cartão de eleitor mesmo no ano passado, mas não consegui porque aqui no pavilhão estava muito cheio. Por logo hoje no primeiro dia, sou um dos primeiros a recensear e me sinto muito feliz por isso”, disse.

“O cartão de eleitor é muito importante porque é com ele que podemos escolher o Presidente da República, mesmo o Presidente do Município. Também o cartão é uma documentação em que na falta do BI podemos usar para fazer o exame de admissão ou qualquer outra coisa”, precisou a fonte.

Na escola primária e completa de Napipine, uma potencial eleitora comentou que “eu vim recensear, mas até agora [11h de sexta-feira, 15 de março] não começou, não sei porquê. Cheguei aqui por volta das 5 hora para marcar bicha, porque não queria demorar, deixei muita coisa em casa, mas até agora não consegui recensear, e eles começaram muito tarde, começaram as 9 horas, muito tarde para nós que deixamos nossos haveres em casa e muita gente que tinha chegado cedo acabou abandonando por causa da morosidade, não sei o que está a acontecer, até agora não sabemos se a máquina avariou ou mesmo se está a ser lenta”.

Na escola primária e completa de Namicopo 2 o ambiente foi calmo nos primeiros 3 dias do recenseamento, mas com uma fraca aderência.

“Esses estão a demorar muito no recenseamento eleitoral, não sei o que está a acontecer lá dentro”, comentou a cidadã Fernanda Valério, que indicava pretender abandonar a fila.

Contrariamente as outras escolas, a escola primária de Muthita, nos arredores da cidade Nampula registava uma certa afluência.

“O ambiente ainda está muito calmo, mas há muita demora no processo, eu que estou a falar ainda não me recenseei, cheguei cedo por volta das 6 horas, a bicha não está a andar, mas não começou muito tarde, começou as 8:30 minutos, outros já recensearam e foram embora”, disse um jovem que procurava se inscrever.

O entendimento do STAE sobre a fraca fluência

Ainda na sexta-feira (15), o director provincial do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral em Nampula, Luís Cavalo, falou a imprensa, referindo que a fraca afluência regista-se nos distritos autarcizados.

“Os distritos com autarquia já fizeram o recenseamento de raiz em 2023, agora é apenas actualização e é para completar o banco de dados”, anotou.

Por outro lado, Cavalo disse que Nampula regista o aumento de recenseamento na ordem dos 10%, passando dos anteriores 1.021 postos para os actuais 1.262 postos de recenseamento eleitoral, sendo 785 fixos e 236 móveis.

“Os brigadistas estão a familiarizar-se com o equipamento informático, é o primeiro contacto que eles têm no campo e não na formação, então é um leque de factores, uma coisa ou outra às vezes esquecem, ora é sistema, mas na segunda semana esses problemas de paralisação começarão a diminuir, porque já terão domínio suficiente sobre questões informáticas”, justificou-se Cavalo em relação a morosidade no atendimento. (Constantino Henriques, Malito João e Virgínia Emília)

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