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Nampula: Sobe para 45 mil o número de deslocados internos

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Nampula (IKWELI) – A nova vaga de ataque terroristas na província de Cabo Delgado, que se assiste nos últimos meses naquela parcela do norte de Moçambique, já provocou o abandono das suas zonas de origem, mais de 45 mil pessoas, dentre crianças, adultos e idosos.

Trata-se de pessoas cuja maioria é residente do distrito de Chiúre que, nas últimas duas semanas, tem sido alvo de ataque dos insurgentes. As 45 mil pessoas encontraram refúgio no distrito de Eráti, a norte da província de Nampula.

Os novos dados foram avançados durante o Comité Operativo de Emergência distrital de Eráti, realizado no passado domingo (3) naquela parcela moçambicana, acto testemunhado pelos governadores de Nampula, Manuel Rodrigues, e de Cabo Delgado, Valige Tauabo. Este número regista um aumento de 12 mil pessoas em relação as 33 mil que eram tidas como deslocadas para a província de Nampula, até na última sexta-feira (1 de Março corrente).

“A primeira atenção que achamos que deve ser realizada, muito rapidamente, é aferir o número real de deslocados que ainda está no nosso distrito de Eráti, porque como devem ver, a informação que tínhamos era de 33 mil e agora o número subiu para 45 mil. E temos o rodapé em termo de informação que dá conta de regresso de alguns concidadãos para as suas zonas de origem.  Por isso queremos apelar este órgão do governo do distrito de Eráti para a aferição do número real de concidadãos que ainda precisam da nossa acção governativa”, começou por exortar Manuel Rodrigues, governador de Nampula.

“A segunda acção é a necessidade de continuarmos a prestar apoio humanitário às populações que estão cá no Eráti.  45 mil é um número de referência, mas com o volume de assistência que foi dado até hoje, pensamos que ainda há muito trabalho por se realizar. Por isso gostaríamos que o governo do distrito, os nossos parceiros continuássemos a trabalhar coordenados, pois a coordenação é muito importante neste processo de assistência humanitária, por forma a que ninguém fique de fora, mas também que não se deixe entrar pessoas estranhas, oportunistas neste processo de assistência humanitária, porque como sabem, o número de 45 mil como de referência, é muita gente.  E, naturalmente, onde há muita gente pode abrir espaço para que haja uma infiltração, é o que nós não queremos”, prosseguiu Manuel Rodrigues.

A onda de ataques terroristas na província de Cabo Delgado, e consequente abandono dos nacionais das suas terras, acontece numa altura em que o país, particularmente a província de Nampula, está desafiada pelas doenças de origem hídrica, malária bem como a conjuntivite hemorrágica.

Face a isso, o governador de Nampula apelou ao sector de saúde no sentido a redobrar esforço na assistência médica às famílias nos centros de acolhimento provisório, de modo que casos alarmantes dessas enfermidades não sejam registados.

Igualmente, Manuel Rodrigues disse estar preocupado com o sector de educação, pois algumas escolas, dentre primárias e secundárias, estão com aulas interrompidas ao nível de Eráti uma vez que foram transformadas em centros de acolhimento dos deslocados.

“Na área de educação, temos que retomar as aulas em todas as escolas onde os alunos foram retirados para dar lugar aos nossos concidadãos. Portanto, é preciso que as tendas das salas de aulas sejam montadas com urgência por forma que amanhã (segunda-feira 4 de Março), as aulas retomem nas escolas primárias e secundárias que foram, efectivamente, temporariamente encerradas”, precisou o governante.

“O número de doenças, principalmente a conjuntivite hemorrágica, está a subir, a malária está a subir, por isso é preciso que se intensifique a assistência médica para esta população que está com problemas de saúde, igualmente as diarreias. Portanto, estas três patologias são as que são precisos nós prestarmos atenção porque os números que nós tínhamos na semana que terminou e estes que estamos a ter nesta semana são assustadores. Portanto, a questão da conjuntivite hemorrágica, a questão da malária, a diarreia, deve ser atendida com mais urgência”, apelou, reiterando que “aqui o sector de saúde deve incrementar as equipas de assistência. Se a equipa que veio de Nampula não for suficiente, podemos nos socorrer nos distritos e porque não, socorrermo-nos também da nossa província vizinha de Cabo Delgado. Por isso, estamos aqui as duas províncias para que esta nossa população que vem de Chiúre para aqui no Eráti, não careça de cuidados de saúde, principalmente a saúde primária. São as consultas rotineiras, a assistência daquelas doenças que explodem aqui no distrito”, precisou o timoneiro da província de Nampula.

“Vamos apoiar também as nossas Forcas de Defesa e Segurança”

Para Valige Tauabo, governador de Cabo Delgado, para além do apoio humanitário das famílias deslocadas, é necessário que a sociedade esteja, também, determinada em apoiar as Forcas de Defesa e Segurança envolvida no chamado teatro operativo norte, visando conseguir lograr resultados almejados.

O apoio de que Tauabo se refere é, acima de tudo, a denúncia dos movimentos dos insurgentes nas comunidades.

“Queremos aproveitar o momento para apelar a todos segmentos da sociedade a continuar com apoio necessário. Também, este apoio vai de certa forma complementar o trabalho das nossas Forças de Defesa e Segurança, com vista a reposição da segurança, ou seja, o mais importante não é apenas um apoio humanitário, entanto que tal, mas todos nós estarmos apostados podendo ajudar, também, as FDS no sentido de haver denúncia em caso de algum movimento estranho em certas aldeias”, referiu o governador de Cabo Delgado.

“Também, esta responsabilidade é de todos nós. Não é apenas de um determinado grupo, é um trabalho de quem se encontre no nosso país, de quem se encontre nas nossas províncias, de quem se encontre em cada aldeia. A nossa Força pode conseguir um sucesso para debelar esta situação se tiver apoio de todos nós”, frisou Valige Tauabo.  (Constantino Henriques)