Crianças são atropeladas por bicicletas em salas de aula ao relento em Saua Saua

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Nampula (IKWELI) – Parte significativa de alunos da escola primária e completa de Saua Saua, no distrito de Nampula, estuda ao relento, situação que torna complexo o processo de ensino e aprendizagem, pois durante as aulas, estes são forçados, involuntariamente, a partilhar a sua atenção entre o professor e o ambiente a que estão expostos.

Pais e encarregados de educação contam que a situação é antiga, por isso exigem que as autoridades do sector resolvam o problema.

Aluna da 6ª classe, Dolaria Estélio conta que “as vezes quando estudamos é normal caírem cobras logo no meio de nós, ficamos assustadas, então passamos vários riscos quando estudamos de baixo de cajueiros, por isso pedimos que o governo possa construir mais salas de aulas, para não estudarmos debaixo de árvores, mas sim em salas de aula, como os outros. Também, não se esquecerem das carteiras, não são suficientes e depois quando restam todas elas estão estragadas, nem dá para a gente aproveitar”.

“Nos dias em que chove, não conseguimos estudar. Por não ter salas de aula, acabamos voltando para casa e todos molhados, incluindo os cadernos”, disse o aluno Roberto Salomão, também, da 6ª classe, que lamenta que “não temos para onde fugir, sabendo que a nossa escola é muito pequena, e não tem espaço suficiente para todos alunos que estudam debaixo de cajueiros assim com aqueles que estão nas salas para a gente esconder-se da chuva”.

Por conta da falta de salas de aula, os alunos não escapam a nenhum fenómeno natural que seja incompatível com a permanência ao relento, tal como narra a aluna da 5ª classe Flávia José. “Na sexta-feira passada não tivemos aula porque havia muita ventania e todos alunos que estudam debaixo de cajueiros acabaram abandonando as aulas, e nas salas de aula não havia espaço para todos, por serem muito pequenas”, por isso “gostaria que nos ajudassem com a construção de mais salas de aula, só para sairmos do sofrimento, somos obrigados a levar capulanas das nossas mães para estender no chão, para não sujarmos as nossas saias, porque de contrário, a pessoa volta toda suja”.

Essa situação de riscos por conta da insuficiência de salas de aula em Saua Saua, ainda faz com que crianças sofram acidentes de viação quando sentada a ter aulas ao relento.  “Na semana passada atropelaram uma aluna que estava sentada na sua sala, como era debaixo de cajueiro, então gostaria que os dirigentes da educação, este ano, consigam tirar-nos dessa situação, para o nosso bem, uma vez que a escola tem muitos alunos e a maioria são crianças na classe inicial”, disse a aluna Deolinda Fernando, da 5ª classe.

Os pais e encarregados de educação ficam com o coração nas mãos quando os seus filhos vão para a escola, por conta da insegurança a que ficam sujeitas.

“Nesse tempo chuvoso são poucas vezes que alunos costumam assistir aulas, porque a chuva acaba interrompendo o processo e muitos abandonam o local, por não terem onde abrigar-se. No final de ano, as crianças acabam ficando sem aprender nada, só para ver que a escola tem 6 salas de aula e depois muito pequenas que nem 50 alunos entram”, disse uma mãe, Glória Luís, que tem três filhos a frequentarem aquele estabelecimento de ensino público.

Esta fonte recorda-se que “no ano passado, eles [direcção da escola] pediram para trazer blocos de cimentos, alegando que era para o melhoramento da escola e nós ficamos confiantes, trouxemos, mas até agora não construíram salas de aula para os alunos, ainda continuam na mesma situação, e nós ficamos sem saber o que fazer para tirar as crianças do sofrimento”.

O Ikweli contactou a direcção da escola, mas a directora adjunta pedagógica alegou que não tinha autorização para falar à imprensa sobre o estabelecimento que dirige. (Virgínia Emília)

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