Centenas de crianças poderão não estudar este ano em Anchilo

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Nampula (IKWELI) – As crianças residentes nos povoados de Molôa e Kamuana, no posto administrativo de Anchilo, distrito e província de Nampula, ainda clamam por salas de aula que estejam mais próxima de suas residências para permitir a continuidade dos seus estudos, nas classes iniciais.

Nessas zonas residenciais, segundo Ikweli apurou, as escolas ficam localizadas num raio mínimo de 5 quilómetros, o que atrapalha o percurso diário das crianças, sobretudo das primeiras classes. Aliado a isso, são os rios que têm que atravessar na sua maioria desprovidos de ponte.

Especificamente, tratam-se das crianças que vivem nas zonas localizadas ao longo do rio Mogincual que, actualmente, estão nessa situação, já que nas proximidades das habitações dos dois cabos existem escolas leccionando as classes iniciais.

 Por conta dessa situação as crianças dos cabos Molôa e Kamuana, sobretudo as que vivem na região referida anteriormente, sentem-se obrigadas a unirem-se prematuramente, uma situação que provoca outro problema, acima de tudo para as raparigas devido as complicações de parto, por engravidarem precocemente. Por outro lado, os petizes veem-se forçados a abraçar a agricultura.

Para reverter o cenário descrito como sendo preocupante, os moradores dos dois povoados pedem ao governo a implantação de escolas nas proximidades, com vista a acomodar as crianças.

“Aqui estamos mal em tudo”, começou por dizer Luís Simão, morador daquela circunscrição geográfica, para quem “não temos um centro de saúde, não temos escola, neste rio Mogincual também não temos ponte. Mas o que é mais lamentável é a falta de escola para os nossos filhos. As crianças percorrem longas distâncias para chegar na escola, veja que daqui para Mpilani é longe, para Namichocho é longe, para Muezia, Anchilo, também é longe. São muitas crianças que nada fazem, arrisco-me em dizer que acima de 1000 crianças temos aqui na zona, todas elas não estão a estudar. Por conta disso, as meninas, basta saírem mamas, casam-se”, salientou a fonte.

“Estamos a pedir ao governo para velar essa nissa situação, estamos mesmo mal. É lamentável ver sentadas as crianças com boa idade para estudar. Parece que não somos esquecidos aqui no meio, estamos a pedir por muito uma escola, também um centro de saúde”, acrescentou Luís Simão.

 Gonçalves Laboni, é outro pai e morador local que se mostra agastado com a situação. “Aqui na nossa zona estamos mesmo mal. Os nossos filhos não estudam porque as escolas estão longe daqui e eles não conseguem andar durante um ano. Outras preocupações têm a ver com a falta de hospital e a ponte sobre este rio Mogincual. No tempo chuvoso este rio enche a ponto de não conseguirmos atravessar, pior as crianças”, disse reiterando que “estamos mesmo a pedir ao governo para construir uma escola aqui na nossa zona para as crianças poderem estudar, pedimos por muito”.

Marieta António, uma mãe residente naquele ponto do país, também pede ao governo a construção de salas de aulas e alocação dos respectivos professores para garantir a educação formal das crianças locais.

“Temos muitas dificuldades aqui, as nossas crianças não estudam por falta de escola. Elas não conseguem andar para esses lugares onde tem as escolas, é muito longe para ida e volta. As meninas desta zona, basta terem mamas os pais obrigam-nas a casar por não ver o que fazer. Depois de elas casarem engravidam cedo e tem havido muita complicação no tempo de parto”, disse Marieta António acrescentando que “também não temos hospital aqui na nossa zona, por isso pedimos ao governo um hospital. Passamos mal quando as nossas crianças ficam doentes”.

Cátia Francisco, é uma menina dos seus 12 anos de idade. No ano passado a menina interrompeu as aulas devido a distância da sua residência para Namichoche onde é possível encontrar uma escola. Para este ano, apesar da distância, a menina garante que quer dar seguimento com os estudos, ciente de que com educação será capaz de preservar os seus direitos.

Zelito Castelo é um menino dos seus 8 anos de idade. Com essa idade conta que nunca foi à escola devido a distância. O cenário pode repetir-se este ano. A semelhança da Cátia Francisco, este menino implora ao governo para a implantação de uma escola próxima ao seu local de residência. (Constantino Henriques)

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