Lichinga (IKWELI) – Elias Manuel Agostinho Comé, mais conhecido por Boyline, é um jovem músico de apenas 29 anos de idade, natural do Niassa, que através da música busca promover a cultura e os lugares da província, como forma de fazer com que a mesma seja conhecida e valorizada no país, assim como na diáspora.
O jovem tem se destacado na arena cultural através de diversos trabalhos a solo e com participações de músicos de diferentes gerações. Com temas como Kumanguetu, Novidades da zona, Sou do norte, as suas músicas carregam consigo um ritmo tradicional local que muitas vezes destacam e promovem o desenvolvimento do Niassa com vista a incentivar a valorização da província.
Em entrevista concedida ao Ikweli, Boyline afirma que um dos seus maiores sonhos é projectar a província na diáspora, através da sua música.
Boyline revelou ser um jovem que desenha seus planos ao lado de campas, justificando que a única certeza é de que um dia irá morrer, por isso, “eu gostaria de partir dessa terra depois de ver Niassa a brilhar além-fronteira como sempre veio fazendo. Não Niassa brilhar com ritmos de pessoas, mas sim com ritmos próprios e, as pessoas falarem do Niassa como uma referência cultural que intimida as pessoas e eu gostaria de ser a pessoa que fez parte desse processo. Esse é um dos maiores sonhos, fazer parte da divulgação da cultura”, afirmou.
No entanto, para que o mesmo aconteça, o jovem quer que os músicos locais e não só abracem mais os ritmos culturais no lugar do digital. Para ele, a tecnologia tem sido um dos maiores desafios para o engrandecimento da cultura, visto que os cantores estão mais digitais.
“Um dos desafios é devolver a qualidade rústica para o consumo da cultura. A tecnologia está a nos fazer ser pessoas dependentes e pouco buscamos o conhecer da música. É um grande desafio termos artistas que cantam dentro das notas musicais sem o play back”, referiu.
Na ocasião, o jovem artista fez saber igualmente, que uma das suas realizações foi ter recebido o convite do presidente da república, Filipe Jacinto Nyusi, para cantar na cerimónia dos 60 anos do partido, assim como abrilhantar o jantar oferecido aos diplomatas que se encontravam de visita ao país.
“Depois de eu ter cantado em uma das visitas presidenciais no Niassa, dias depois recebo a chamada da presidência que dizia que eu estava a ser solicitado pelo presidente para participar num evento das festividades dos 60 anos do partido, eu fiquei louco, não esperava, mas consegui ir até lá, fiz o meu trabalho e voltei. É sempre bom saber que os músicos do Niassa ou do norte já estão a ser reconhecidos, esse intercâmbio ajuda no desenvolvimento da província acima de tudo”, explicou.
Recentemente, o Gabinete do Secretário de Estado na província do Niassa premiou o jovem com um diploma de reconhecimento por ser um artista que promove a província através das suas músicas. (Ângela da Fonseca, em Lichinga)