Nampula (IKWELI) – Os passeios da cidade de Nampula já não servem aos peões. Há mais de um ano que vendedores informais e operadores de táxi de mota tomaram essas zonas de “assalto” perante uma edilidade inoperante.
A avenida do Trabalho, que coincide com a estrada nacional número 1 na capital do norte, é exemplo disso.
Os peões são obrigados a disputar a faixa de rodagem com automobilistas, incluindo os próprios taxistas de mota, colocando, assim, em perigo as suas vidas.
Vezes sem conta a edilidade já convidou os vendedores informais e ambulantes para ocuparem os vários mercados construídos na autarquia, mas estes não querem e os gestores autárquicos, também, passaram a assistir a desordem que se instalou na cidade.
Ao longo das avenidas Paulo Samuel Kankhomba, Eduardo Mondlane, Samora Machel, bem como as ruas dos Continuadores, da cidade de Moçambique, Monomotapa, Daniel Napatima, 3 de Fevereiro e ao redor do já “falecido” mercado dos bombeiros a coisa mais difícil é ser peão.
“Eu não estou a querer vender aqui na rua ou mesmo próximo a estrada, mas estamos aqui porque os mercados feitos estão muito distante da cidade, por exemplo não é possível nós que estamos a carregar a nossa mercadoria sair da cidade para ir vender no Waresta, porque os clientes vão comprar produtos da primeira necessidade, não vão comprar assuntos de carregador e todo material de telefone”, defende-se Rosário Nicutha, que vende acessórios de telemóveis nas imediações do mercado central da cidade de Nampula.
Nicutha tem consciência dos perigos que esta prática traz, mas diz não ter escolha. “Sabemos dos riscos que enfrentamos, como acidente de viação, pode passar um carro perder ar e nos atropelar, mas mesmo assim nós não temos como fugir dessa, é daqui onde conseguimos o pão de cada dia para sustentar os nossos filhos em casa”.
Alfredo Ossufo, outro vendedor de rua, disse que a edilidade já o tentou impedir de vender nos passeios, mas não está sendo possível acatar esta medida porque é no centro da cidade onde há clientes. “Eu e outros vendedores ambulantes, gostaríamos que o conselho municipal construísse um grande mercado aqui dentro da cidade, para os clientes que vão ou saem do trabalho comprar as nossas mercadorias”.
Um outro vendedor, Lucas Alberto, defende que a quantidade de mercadoria que movimenta não o faz aderir a um mercado, por ser ínfima, “porque não terei dinheiro de transporte para pagar chapa-100, não estarei a ganhar lucro para sustentar a minha família em casa, e aqui é um lugar de muito movimento, mesmo estando nesses outros mercados para vender não será possível porque não há espaço”.
Marta Ismael, vendedeira de manga, justifica que a situação que põe em risco os vendedores acontece devido a falta de espaço para exercer as suas actividades comerciais.
“Nós sempre vendemos aqui mesmo, próximo das vias de acesso, e sempre pedimos espaço as autoridades, mas até agora nunca resolvem”, disse Marta, comentando que “se realmente querem nos tirar daqui, é necessário que procurem um lugar adequado para os vendedores ambulantes”.
Os moto-taxistas, também, usam a mesma justificativa e dizem que precisam estar em posição para que facilmente saiam com os clientes que vem das lojas e/ou escritórios. (Virgínia Emília)