Nampula (IKWELI) – À semelhança de outros anos, a cidade de Nampula está mergulhada numa tremenda crise de água dado que alguns bairros da urbe até ficam um mês sem que aquele precioso líquido jorre nas suas torneiras, facto que semeia insatisfação e desespero no seio dos munícipes.
Entretanto, a falta de água nas casas dos populares não é justificada apenas pela capacidade instalada na albufeira que abastece a cidade de Nampula, instalada mesmo sobre o rio Monapo, é que a entidade responsável pelo fornecimento da água definiu como prioridade no abastecimento as grandes indústrias e fábricas que por natureza de trabalho até consomem muita quantidade de água, como é o caso das fábricas de cerveja e de refrigerantes, nas quais a água sai de maneira ininterrupta.
“Todos clientes são especiais, mas existem aqueles que temos que prestar maior atenção que são os hospitais, algumas empresas como a CDM (Cervejas de Moçambique), Coca Cola. Esses são alguns clientes que temos que prestar maior atenção. Então, neste período, de facto há priorização. No nosso plano de gestão de crise, nós priorizamos essas instituições”, disse Capine Ernesto, Administrador de Água da Região Norte (AdRN).
Capine Ernesto falou nesses termos nesta sexta-feira (29) numa conferência de imprensa havida junto da albufeira de Nampula, quentinha em vista dar a conhecer o ponto de situação de armazenamento de água daquela barragem.
Em conformidade com Capine, actualmente a barragem de Nampula tem a capacidade de armazenamento de 40% da capacidade instalada, o que justifica as constantes e preocupantes restrições no abastecimento de água nas casas dos munícipes da chamada capital do norte.
Aliás, segundo recordou a fonte, a barragem de Nampula foi projectada na era colonial, em que o índice populacional da cidade de Nampula era menor que o actual. Por essa razão, conforme Capine Ernesto, cerca de 530 mil habitantes da urbe estão fora do sistema de abastecimento da água potável.
“São cerca de 530 mil habitantes que não estão abrangidos pelo sistema de abastecimento de água. Entretanto, comparativamente ao ano passado temos neste momento na albufeira um novel de cerca de 5 metros e no mesmo período do ano passado estávamos com um nível de 4.9 metros de albufeira. Ou seja, apesar de estarmos numa situação muito abaixo do nível de emergência, que é de 6 metros, estamos ligeiramente bem em relação ao ano passado”, disse Capine.
“Agora reduzimos a produção, mesmo por causa da redução do nível de albufeira. Até Setembro nós tínhamos um nível de produção na albufeira de cerca de 30 mil metros cúbicos ao dia, mas agora estamos com nível de produção de 20 mil metros cúbicos, portanto, uma redução em cerca de 10 mil metros cúbicos”, justificou a fonte.
“Com esta quantidade de água não é possível, ao mesmo tempo, abrangermos a todos os clientes que estão dentro do sistema. Por isso mesmo tem havido nos bairros uma distribuição faseada”, acrescentou.
Nos dias que se avizinham, no entanto, o nível de armazenamento de água na barragem de Nampula pode registar um incremento, caso se concretize com a antevisão meteorológica, que aponta a ocorrência de chuvas normais.
“Temos estado a manter contacto com o INAM (Instituto Nacional de Meteorologia), que é a entidade que faz a previsão de chuvas, e nós estávamos expectantes que até Outubro tivéssemos chuva, acima do normal, mas conforme as últimas informações que recebemos só amanhã, ou mesmo no dia 3 de Janeiro é que vamos começar a ter chuva na montante, que são chuvas que propiciam a entrada da água na albufeira. Então, estamos expectantes que com essas informações não vamos ter uma situação de crise, apesar de que estamos na fase de emergência, mas em termos de crise não vamos ter porque teremos alguma água a entrar na albufeira, a partir dos próximos dias”, acredita o Administrador da Água da Região Norte, Capine Ernesto. (Constantino Henriques)