Nampula (IKWELI) – A rua Armando Tivane, no bairro dos Poetas, no posto administrativo urbano central da cidade de Nampula, voltou a viver momentos de pânico na tarde desta quarta-feira (6), por conta de um ataque protagonizado por agentes de forças especiais da Polícia da República a delegação política provincial do partido Renamo.
Imagens postas a circular, desde a segunda metade da tarde de hoje, mostravam as forças policiais altamente equipadas com armas de guerras, viaturas de assalto e blindados.
Em frente a delegação, os homens da Lei e Ordem puseram-se a disparar balas reais e de gás lacrimogénio para o interior da delegação da Renamo, e mais tarde assaltaram o seu interior, de onde saíram com documentos, computadores e telefones celulares dos membros da perdiz que naltura encontravam-se no interior do apartamento.
Moradores vizinhos do local, incluindo trabalhadores de instituições próximas, entraram em pânico, pois não sabiam a motivação da polícia.
Desde que eclodiu a crise pós-eleitoral, recorrentemente a polícia dispara contra membros da Renamo naquele local e na delegação política da cidade.
No entanto, de uma fonte segura da polícia, mas não autorizada a falar a imprensa, o Ikweli ficou a saber que aquela missão tinha em vista resgatar dois agentes da corporação que tinham sido sequestrados por membros da Renamo quando pela manhã faziam patrulha naquela rua.
Por sua vez, a Renamo diz que a polícia, da sua delegação, recolheu mais de 50 dos seus membros e simpatizantes.
Nelson Carvalho, porta-voz da Renamo em Nampula, explica que a situação aconteceu depois que o partido, durante a sua marcha e comício de reivindicação dos resultados eleitorais nesta quarta-feira, ter se apercebido da presença de supostos dois agentes da polícia infiltrados, um deles armado.
“Quando a nossa segurança se apercebeu da situação, capturaram os agentes. Um deles, felizmente, conseguiu se identificar, afirmando que era agente da PRM armado e mostrou a sua documentação, enquanto que o outro negou ser agente e disse que era membro da Renamo, mas porque nós conhecemos os nossos membros lhe recolhemos para a nossa delegação e das investigações nos apercebemos que era um dos chefes do Grupo Operativo Especial (GOE) [uma das forças especiais mais brutas da PRM] e que desde o início das marchas ia partilhando a sua liderança tudo o que fazíamos”, disse Carvalho, anotando que durante um interrogatório ao agente na delegação polícia provincial, a PRM entrou aos tiros para resgatá-lo.
“Durante as investigações desse cidadão, ele acabou dizendo que está a nos investigar, a trabalhar connosco desde os primeiros dias, foi neste processo, quando estávamos a comunicar a nossa sede nacional, que fomos surpreendidos com uma manada, um grupo de bandidos confiados pela Frelimo, pelo Governo e pelo Presidente da República para vandalizar a nossa sede”, bombou o porta-voz da perdiz em Nampula.
A acção da polícia está a ser criticada pelos moradores do prédio onde funciona a sede provincial do partido Renamo em Nampula.
Gito Noras é morador do prédio e disse que os residentes do prédio, principalmente crianças, passaram mal por conta do gás lacrimogêneo e por isso apela a polícia para que nas suas acções contra a Renamo tenha em conta que “neste prédio não funciona apenas a sede da Renamo, há famílias que vivem aqui e foram afectadas com a situação de hoje. Aqui tem bebês, há instituições e os que vivem aqui não têm nada a ver com a Renamo”. (Aunício da Silva e Adina Sualehe)