Nampula (IKWELI) – O bairro de Carrupeia, o mais afectado pela cólera no distrito de Nampula, está há 3 semanas sem água da rede pública, por conta de a Águas da Região do Norte (AdRN), entidade que gere o sistema de abastecimento, não estar a conseguir prover o precioso líquido aos moradores locais.
Para suprir as necessidades, os moradores de Carrupeia são obrigados a percorrer longas distâncias, para encontrar água para o consumo humano.
Residente na conhecida zona de Sualehe Abacar, Eufrásia Lucas confirma que passam três semanas que não jorra água nas torneiras, e como consequência recorre ao rio Corroro que dista cerca de quatro quilómetros. “Na minha casa não sai água e em todo este bairro, estamos nestas três semanas sem água nas torneiras e esta situação aflige a todos uma vez que sem água não há vida, tem certos bairros que são privilegiados”.
Ismael Ussene, outro morador, disse que o problema de interrupção de fornecimento de água não é novo por parte da AdRN, a quem aponta de não fazer o suficiente para reverter a situação. “O problema não é novo e temos reclamado com frequência, mas nada é feito para reverter a situação. O que me deixa confuso é que esta situação fica difícil entender se o FIPAG está no período de pico ou de crise de água”.
Ancha Artur, moradora da mesma zona, diz ter esquecido o dia que a AdRN forneceu água. “Já esqueci o dia que saiu água na minha casa e as faturas chegam todos os meses e quando perguntamos de onde são extraídas as leituras para emitir as faturas, o técnico da AdRN responsável pela distribuição de factura limita-se em manter o silêncio”.
Esta fonte acrescentou que a resposta tem sido que “a pessoa responsável da abertura das válvulas para permitir sair água não abre corretamente para privilegiar a zona em causa e acaba prejudicando os moradores residentes desta zona”.
Augusto Conte, chefe de uma unidade residencial em Carrupeia, diz que cansou de andar na AdRN expondo a inquietação e de forma recorrente foi dito que “os técnicos vão resolver o problema”, mas até agora não há melhorias.
Todavia, este líder comunitário revelou que tem registado situação de doenças de forma recorrente, com destaque para dor de barriga, diarreias e cólera, em resultado do consumo da água do rio Corroro.
Letifício Varivano, da AdRN, explicou que foi feito o mapeamento de todas as zonas críticas, incluído a zona em referência e há trabalho em curso no sentido de melhorar a rede.
“Quando formos a operar a zona na rua da França, também, pode-se abranger a zona em causa, embora o FIPAG está a enfrentar uma grande dificuldade em termos de fornecimento de água, porque estamos num período de estiagem, período de estiagem é o período conhecido como período de seca”, disse.
Letificio Varivano argumentou ainda que “actualmente a nossa barragem já não consegue produzir uma quantidade suficiente no sentido de abastecer a água a todos os clientes satisfatoriamente. O FIPAG tem um plano de fornecimento diário, escolhemos bairros e horário de saída da água, não existem bairros privilegiados. É do conhecimento de todos que na cidade de Nampula existem dois bairros, cimento que é o centro da cidade e a zona industrial e a as zonas nos bairros. Quando a nossa estacão opera sem sobressaltos as primeiras horas da manhã direccionamos a água para o bairro cimento no centro da cidade, e no período de tarde fornecemos água para as zonas industriais arredores da cidade, é esta água que vai até as fábricas”. (Ruth Lemax)