Nampula (IKWELI) – Trata-se de Alimo Uirissone, um jovem estudante do curso de Licenciatura em ensino de Inglês na Universidade Rovuma (UniRovuma), que por iniciativa própria está a ministrar aulas das disciplinas de Português, Inglês e Matemática aos moradores de rua na cidade de Nampula, movido pelo espírito de erradicação do analfabetismo em Moçambique.
Uirissone, numa primeira fase, conta com 24 moradores de rua, maioritariamente crianças, com os quais partilha conhecimentos ao longo da Avenida 25 de Setembro, enfrente do Serviço Provincial de Infra-estruturas (nas Obras Públicas), na cidade de Nampula.
Em conversa com o Ikweli, o jovem Alimo Uirissone disse que mais do que uma transmissão de conhecimentos, o objectivo é de despertar naqueles meninos a sua devida dignidade com vista a abandonar as ruas e abraçar caminhos adequados.
“É uma iniciativa individual, estamos a trabalhar nisto na luta contra o analfabetismo. Trabalhamos para ensinar os moradores de rua a ler e escrever, não só com perspectiva de dar um futuro sólido, um saber sólido de modo que eles possam trabalhar e fazer uma vida distante do lixo. Também, o objectivo é de reintegrar as crianças na sociedade, nas escolas, nas suas famílias, sobretudo”, almeja Uirissone.
“Tenho 24 crianças, venho trabalhando com esse número. Ensinamos a língua portuguesa, matemática e o inglês. Eles conhecem o horário, têm estado aqui a nossa espera até a gente chegar e executamos as nossas aulas”, continuou a fonte.
Neste momento, Alimo Uirissone trabalha em estreita colaboração com o seu irmão que se encontra fora do país. Por isso abre espaço para as pessoas de boa vontade abraçarem aquela causa nobre.
“Nenhuma instituição, até então, que esteja a colaborar connosco, somente é uma iniciativa individual. Trabalho com um irmão que está nos Estados Unidos, mas ele estará connosco no próximo mês. Somos dois pioneiros da iniciativa, eu e ele”, disse.
A iniciativa daquele jovem tem ajudado algumas congregações de caridade a operar na cidade de Nampula, sobretudo as que tem dado alimentação, pelo facto de na hora das refeições os meninos encontram-se ali aglomerados no mesmo local.
“Para ser honesto, são algumas pessoas com quem venho trabalhando, dão refeições aos moradores de rua, uma vez por semana, e eles também gostam porque consigo unir as crianças num mesmo lugar e fica mais fácil para eles”, disse a fonte, referindo-se a uma instituição de caridade que chegou enquanto decorria a entrevista.
Naquela aventura, Alimo Uirissone tem enfrentado dificuldades que se não fosse a sua persistência, poderia culminar na desistência do seu sonho. Um dos constrangimentos que o Ikweli observou no decurso das aulas, é o próprio quadro de escrever que não é resiliente a qualquer soprar do vento.
“Tenho enfrentado diversas dificuldades nessa iniciativa, mas com esperança de prosperar. Trabalhamos a céu aberto, como pode ver, há muito barulho de pessoas que passam e das próprias viaturas, temos dificuldade de quadro para escrever, como pode ver o quadro que temos cai facilmente com o vento, é um pouco complicado, mas fazemos de tudo para continuar. O nosso esforço realiza os nossos sonhos”, sublinhou o jovem Uirissone, para quem “se tivesse uma sala seria bom, eles têm um ânimo, têm vontade de aprender, ficam motivados, razão pela qual eu estou aqui todos os dias a trabalhar com eles. Eles têm ânimo em aprender e me cativam, e vou continuar com eles, porque são eles que vão contar longas histórias na vida”.
Apesar disso, o nosso interlocutor reitera sua fé que um dia aqueles meninos vão abandonar a rua. “Se eu não tivesse essa fé não estaria aqui. Já estou aqui com essas crianças, faz muito tempo, e por conta disso já temos duas turmas separadas, uma delas avançada, e isso é fruto de algum trabalho. Agora, nesta turma separada ensinamos conteúdos específicos, acredito que isso é um avanço”, referiu.
“À sociedade, como todo ser humano tem essa parte sensível ao amor ao próximo, quem tiver algo para fornecer, conselhos, estamos aqui. Muitas dificuldades enfrentamos, material didáctico”, precisou o jovem. (Constantino Henriques)
Chamo-me Alimo Uirissone Manuel Mussa, professor educador dos moradores da rua. Escrevo para exaltar o meu agradecimento.
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