Nampula: Conhecimentos técnicos ajudam mães a cuidarem de bebés prematuros

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Nampula (IKWELI) – Algumas mães que tiveram seus bebés nascidos prematuramente, na capital da província de Nampula, mostram-se satisfeitas com o nível de desenvolvimento dos filhos, após semanas e meses de luta para salvar a vida dos seus filhos.

Em entrevista ao Ikweli, as mesmas afirmaram que os resultados satisfatórios remontam das orientações deixadas pelos profissionais de saúde em apostar no método “família canguru”.

A título de exemplo, Júlia Luís que já era mãe de uma filha de sete anos de idade, foi abençoada com mais quatro filhos, de uma só vez.

Júlia que é, igualmente, enfermeira de Saúde Materno Infantil, disse ter sido um choque saber que teria quadrigémeos.

“Foi uma notícia muito boa, ao mesmo tempo triste, na verdade foi algo que nos preocupou muito por sabermos que estávamos à espera de quadrigémeos. A nossa preocupação era porque nunca tínhamos ouvido que alguém teve quadrigémeos e que todos sobreviveram, mas eu e meu marido decidimos continuar com a gravidez”, conta.

O que ela e o seu parceiro não sabiam é que, para além de quatro, os mesmos viriam ao mundo com apenas oito meses de gestação e com baixo peso.

“Infelizmente não conseguimos aguentar com a gestação até aos nove meses e com, apenas, oito meses e duas semanas, ou seja, eles acabaram nascendo prematuramente e muito pequenininhos, ficaram três semanas no berçário e eu nos serviços de ginecologia”, narra esta fonte.

Para a satisfação dos pais, hoje, os três meninos e a menina, têm quatro anos de idade. De acordo com Luís Joaquim, pai dos quatro, as crianças correm, brincam e se comportam como qualquer outra da mesma faixa etária.

“Quando eles nasceram foi muito difícil, isso porque nasceram muito pequenos, o primeiro e o segundo com 1,700 kg a menina 1,400 kg e outro 1,500 kg. Tínhamos que ficar acordados o tempo todo e com eles no peito para sentirem o nosso calor. De noite era ainda mais difícil, porque eu ficava com dois bebés e a minha esposa também na mesma posição até amanhecer. Mas hoje graças a ajuda dos profissionais de saúde e da nossa família, as crianças estão aqui bem saudáveis”.

Por isso, Luís Joaquim chamou atenção de outros pais a apoiarem suas parceiras nessa fase importante para o desenvolvimento de um bebé prematuro.

“Gerir um bebé prematuro é diferente de um que nasce com gravidez de termo, porque o prematuro é instável, ele pode facilmente apanhar infecções. É uma responsabilidade acrescida, por isso que a mãe precisa da presença do pai, de modo a dar apoio psicológico a parceira porque ela fica traumatizada com a situação, que foi o nosso caso, tive quatro e, para além de quatro, eram prematuros e senti que a minha mulher precisava muito mais da minha presença para se sentir mais confortável com a situação”.

Quem, também, teve um filho prematuro, mas que hoje goza de boa saúde é Muassita Suleimane, uma jovem de 20 anos de idade, que contou ao Ikweli que engravidou mesmo usando um método de planeamento familiar.

Na altura da descoberta, a jovem encontrava-se no sétimo mês da gestação, “tinha feito um método de planeamento familiar, eu ficava maldisposta e não sabia o que era, sempre que fosse ao hospital para informar que o meu período não descia diziam que era normal e eu ficava relaxada, mas depois decidi fazer exames descobri que estava grávida de sete meses, tomei um susto, isso porque estava a estudar”.

Entretanto, Muassita revelou que teve o seu filho no mesmo mês que descobriu a gravidez, isto é, com apenas sete meses e com baixo peso. Segundo a jovem, foram períodos muito longos, mas que contou com o apoio dos profissionais de saúde bem como do seu parceiro e família.

“Estou feliz porque conseguimos vencer, como eu estava a estudar, muitas vezes recorri a minha mãe e ao meu marido para cuidarem do meu filho. Hoje sinto-me feliz porque meu bebé está grande, tem um ano e oito meses e com bom peso”, afirma.

Enquanto isso, nos últimos nove meses do ano em curso, a província de Nampula, registou 73 óbitos neonatais por prematuridade, dos cerca dos 2.331 partos, contra 53 dos 1654 registados no mesmo período de 2022.

Os dados foram partilhados na passada sexta (17), pela esposa do Secretário de Estado de Nampula, Maria Faustino Neto, aquando das celebrações do dia mundial do bebé prematuro, celebrado anualmente a 17 de novembro.

Maria Neto disse na ocasião que o governo e parceiros tem envidado esforços de forma a reduzir as taxas de mortalidade do prematuro.

No entanto, Neto disse que as mães com bebés prematuros devem ter o apoio da família, bem como da comunidade em geral.

“O governo e os seus parceiros de cooperação tem envidado esforços na implantação de estratégias para a redução da mortalidade em prematuros, focados na melhoria dos cuidados obstétricos e pré-natais”, disse.

Durante a sua visita ao Hospital Central de Nampula (HCN), a esposa do Secretário de Estado ofereceu enxoval aos bebés recém-nascidos prematuros, como também palavras de conforto as mães com vista a manterem-se firmes e fortes para o desenvolvimento saudável dos pequenos.

O Ikweli soube por uma fonte segura responsável pelo departamento que, “o berçário do HCN recebe em média 20 a 60 bebés prematuros, no entanto, o mesmo depende da época, do dia ou da semana”.

17 de Novembro é igualmente conhecido como o Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade. O dia é celebrado em mais de 50 países com o objectivo de se elevar a consciencialização sobre o parto prematuro e reflectir sobre estratégias para reduzir a taxa de prematuridade, mas também garantir que melhores cuidados sejam oferecidos aos bebés e suas famílias.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), Moçambique está na lista dos 10 países com as taxas mais elevadas de nascimento prematuro com 16.4 por 100 nascidos vivos. (Ângela da Fonseca)

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