“Uso de flechas contra a polícia vai depender dos momentos e causas”, reitera Vahanle

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Nampula (IKWELI) – O cabeça-de-lista da Renamo nas eleições autárquicas do passado dia 11 de Outubro do ano em curso, Paulo Vahanle, nega as acusações da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Nampula, segundo as quais o autarca incitou a violência durante um comício popular e traduziu a versão da polícia e a abertura de um processo-crime contra si, como perseguição política.

Recorde-se, recentemente, durante mais um showmício de repúdio aos resultados eleitorais do passado dia 11 de Outubro do ano em curso que, ao nível da cidade de Nampula, dão vitória à Frelimo, Paulo Vahanle exibiu flechas, instruindo que as pessoas podiam usar o mesmo para questões de autodefesa em caso da má actuação da polícia nas suas manifestações.

“Esse é o TPC, estou a dar o trabalho de casa. Está aqui, nós não temos armas, vamos usar os nossos instrumentos rudimentares. A nos balear, a lhe picarmos com esta flecha. Jovens, confio em vocês, organizem-se. Nós estamos à espera do Conselho Constitucional, eu vi o Acórdão que o partido recebeu, não me convence nada ali. O Conselho Constitucional não pode ter vergonha de dizer, olhe Frelimo, nas Comissões distritais vocês roubaram, entreguem o que é do César ao César”, dizia Vahanle no referido encontro com os munícipes da Cidade de Nampula.

Os pronunciamentos de Paulo Vahanle mereceram uma análise minuciosa no seio da corporação, a ponto de o porta-voz institucional ao nível da província de Nampula, Zacarias Nacute, chamar a imprensa para repudiar o sucedido. Na ocasião o oficial da Polícia instou o Ministério Publico a abrir um processo-crime contra aquele político.

“No entanto, dadas circunstâncias em que os factos ocorreram se for para seguir com os trâmites legais para este caso esperamos nós que outras instâncias de administração pública, concretamente o Ministério Público possam dar vazão, possam dar andamento deste caso para responsabilização deste nosso concidadão que instiga a população num comício para a prática de um crime”, precisou Zacarias

Reagindo a esta posição policial, Paulo Vahanle nega ter incitado violência, tendo justificado que arma branca que exibiu naquele comício não constitui crime uma vez que faz parte dos símbolos do partido e que também consta na respectiva bandeira.

“Durante este processo, nós constatamos alguns problemas protagonizados pela polícia, especialmente, em que a nível da cidade de Nampula foram mortas 12 pessoas e a maioria no bairro de Namicopo. Destas mortes o povo ficou muito indignado. É quando eu como cabeça-de-lista, em jeito de resposta, disse aos meus munícipes que chegou o momento que temos que prestar atenção esses movimentos porque a polícia é para proteger o cidadão, a polícia é para manter a ordem, não é para matar e nós como filhos ficamos sem perceber porque é que a polícia se comporta desse jeito, é quando nós dissemos que na nossa bandeira temos as setas, estão aqui”, disse Paulo Vahanle.

“Mostramos que nós através das nossas setas podemos responder estas provocações porque nós queremos harmonia, queremos paz em Moçambique. Quando se assinou os acordos de cessação das chamadas hostilidades no país foi para que os cidadãos estivessem unidos. Estamos a pedir a polícia que nos respeite, foi esse o pronunciamento que demos. Procurem saber como é que as coisas estão a acontecer”, prosseguiu Vahanle.

Por outro lado, Paulo Vahanle não descarta completamento o uso da flecha, evidenciando que o seu uso será motivado pelo momento e causa.

“Por exemplo, agora existiram essas eleições a nível do país em particular a cidade de Nampula, houve muitas irregularidades, a própria polícia foi uma das forças que esteve a frente para matar a democracia em Moçambique. Se os moçambicanos se sentiram agitados com o meu pronunciamento, eu acho que não deve ser assim porque nós estamos a dizer que cuidado com a Renamo porque é a Resistência Moçambicana, e na sua bandeira tem a flecha.  Nós as armas que temos estão aqui na bandeira e (para usa-las) vai depender do momento e da causa. Nós estamos a pedir a Frelimo, estamos a pedir a Polícia que procurem saber, agir com respeito, não queremos matanças, queremos dizer isso. Nós não queremos provocações, nós estamos a reivindicar um direito consagrado na Constituição da República, a Renamo quer a paz e a polícia não está autorizada para matar, a Constituição da República dá direito a vida, independentemente da causa. Agora, isso de nos ameaçar que vamos prender, vamos matar, onde é que está escrito que a polícia a missão dela como forma de manter ordem é matar?”, questionou o político.

Sobre o alegado processo já aberto pelo Ministério Público relacionado com os referidos  pronunciamentos de incitação a violência, Paulo Vahanle entende que “cada um desempenha o seu papel, nós estamos acostumados a intimidarem as pessoas que dizem a verdade porque nós estamos a dizer a verdade que deixem de nos matar porque nós também podemos, um dia, nos revoltar e chamar-nos nomes como agora que dizem eu estou a incitar a violência, eu não incitei a violência eu disse a minha bandeira tem seta e eu estou a pedir que nos respeite a nível da cidade, estou a pedir que os nampulenses têm o direito a vida só e pura simplesmente isso. Agora, se quiserem levantar processo, é uma tentativa de longa data de querem nos matar porque não é o primeiro caso nem o segundo, um da oposição em Moçambique quando diz a verdade, quando reclama seus direitos tem tido esse tipo de tratamento que não são adequados”, disse Vahanle nesta quarta-feira, no aeroporto internacional de Nampula de onde embarcou rumo ao Brasil. (Constantino Henriques)

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