- Polícia baleia mortalmente uma criança por causa de votos em Namicopo
Nampula (IKWELI) – Quinta-feira, 12 de Outubro de 2023, fora do habitual, a cidade de Nampula acordou receosa, uma com uma temperatura alta, pois os termómetros indicavam para uma mínima de 19 graus e 36 de máxima.
As chamadas que entravam nos telefones celulares dos residentes locais, sobretudo eleitores, quer entre si, quer por via de curiosos residentes fora, tinham objectivo único saber quem venceu as eleições no maior centro urbano do norte de Moçambique.
Até as 9h as duas principais forças, Renamo (no poder) e Frelimo (na oposição) reclamavam ter vencido o escrutínio.

Quem, também, acordou com as emoções em alta foi a Polícia da República de Moçambique (PRM), sobretudo as suas unidades especiais, que logo pela manhã trataram de matar a tiro uma criança no bairro de Namicopo, bem próximo a residência episcopal, só porque a vítima decidiu seguir e acompanhar os membros e simpatizantes da Renamo que festejavam vitória.
Ainda nesta investida, um vendedor ambulante não escapou das balas dos agentes da PRM, que muito antes tinham começado a banhar com gás lacrimogéneo cidadãos inocentes e trabalhadores que percorriam a avenida Eduardo Mondlane, no troço entre o edifício sede do conselho municipal da cidade de Nampula e o Museu Nacional de Etnologia.
Mas a corporação diz que não tem culpa em alvejar, até mortalmente uma criança, as pessoas, pois os partidos políticos é que andam a usar menores nas suas passeatas.
“Em algum momento pode ter ocorrido situações em que os cidadãos por não acatar as normas emanadas pelas autoridades policiais, por isso tínhamos que usar as forças para amainar os ânimos, por isso que registramos os ferimentos do menor que fizemos menção”, defendeu o porta-voz da PRM em Nampula, Zacarias Nacute, que recorda que a manifestação popular foi em momento inapropriado.
“O que estamos a nos deparar nas marchas dos partidos políticos são ilegais, porque o que está a correr é que os partidos políticos carregam consigo menores de 12 anos de idade para engrossar as suas marchas de manifestação. Como se trata de um dia de feriado onde os menores estão em casa, esses políticos se aproveitam dessa situação para colar menor nas suas marchas, usando como escudo para as suas ações ilícitas”, precisou esta fonte policial.
Ainda nesta “ressaca” da votação, a polícia gaba-se de ter detido, pelo menos, 7 indivíduos por se envolverem em ilícitos eleitorais.
A actuação da PRM foi mesmo uma atrocidade, segundo pessoas entrevistadas pelo Ikweli, pois a mesma fez com que a livre circulação de pessoas e bens no município da cidade de Nampula ficasse difícil na manha desta quinta-feira (12), desde que os principais partidos, Frelimo e Renamo, decidiram assumir vitória naquela circunscrição nas 6ª eleições municipais.
Minutos após a delegada política provincial da Renamo, Abiba Abá, anunciar vitória da perdiz naquele ponto do país, membros e simpatizantes, maioritariamente jovens, saíram a rua para festejar, mas parece que a polícia não gostou.
É nessa situação de a polícia não gostar e de procurar controlar a ordem e segurança pública que os ânimos começam a se elevar.
Em frente ao edifício sede da edilidade, ao longo da avenida Eduardo Mondlane, em frente a um banco comercial e da residência oficial do governador provincial, membros de forças especiais da Polícia da República de Moçambique (PRM) começaram a “distribuir” balas, incluindo gás lacrimogéneo que atingiu vendedores que exercem suas actividades naquela zona.
O local onde está acontecendo o braço de ferro entre a PRM e os membros da Renamo é uma zona onde abunda o comércio informal na cidade de Nampula, e esta situação fez com que os vendedores arrumassem as bancas por temer pela segurança.
É esta mesma polícia que a Renamo acusa de ter enchido as urnas com votos a favor do partido Frelimo. (Malito João e Redação)