Um agente da UIR flagrado com 10 boletins pré-votados em Namicopo e um da Polícia de Protecção quase ficou nu no Pavilhão dos Desportos
Nampula (IKWELI) – Parte significante das mesas de votação nos 8 municípios da província de Nampula abriu a tempo e em observância as regularidades previstas na lei.
No principal município da província, o da cidade de Nampula, os momentos iniciais da eleição autárquica foram caracterizados de calmo com adesão considerável nos primeiros minutos da primeira hora de votação, não obstante a agitação da última noite quando os membros de partidos políticos, como o MDM e RENAMO, alegaram ter encontrado boletins de voto na escola primária de Saua-Saua.
Na Escola Primária e Completa da Serra da Mesa (São Francisco Xavier) e Escola Secundária 12 de Outubro, a afluência dos eleitores caracterizou as primeiras horas das eleições municipais em Nampula. Verificam-se longas filas dos eleitores nas mesas de voto instaladas nestes locais, bem como no Pavilhão dos Desportos do Clube Ferroviário de Nampula.
Nas mesas que o Ikweli visitou, assistiu-se, também, uma certa ordem nas filas, exceptuando no Pavilhão dos Desportos, onde se assiste alguma instabilidade, porque os votantes exigem que os portões sejam abertos para terem acesso ao interior do pavilhão.
Aliás, alguns eleitores chegaram por volta das 4 horas, e disseram que a razão é para votarem cedo para irem dar continuidade com as suas actividades do dia.
No pavilhão o escrutínio iniciou as 7:15 minutos. Momade Muzé, 60 anos de idade, primeiro a votar na Assembleia 090174-01 disse ter cumprido o seu dever de voto.
Enquanto faltavam 20 minutos para o escrutínio na EPC de Namutequeliua, o ambiente de eleitores era calmo e ordeiro. Entretanto existem eleitores que marcaram as suas bichas as 02 horas de madrugada, aguardando a hora da votação.
Na Escola Primária e Completa de Naminawe, também, o ambiente continuava pacífico nas primeiras 2h de votação, mas primeiro começaram os proprietários, neste caso os agentes da PRM, “voto especial”, mas os responsáveis proibiram registos fotográficos aos observadores e jornalistas.
Com cinco mesas de Assembleia de Voto, na EPC de Namutequeliua a votação iniciou com atraso de 20 minutos, sendo que até 07 horas e 10 minutos ainda continuava-se a organizar a fila.
Entretanto, os eleitores estavam sempre a chegar em massa, onde o Ikweli apurou que há uma participação massiva no local.
No que concerne a segurança dos agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) estavam em peso, para manter a ordem e tranquilidade pública durante votação.
Entre atrasos e pontualidades
A Escola Primária completa de Mutauanha está composto por oito (8) Assembleias de Voto, e antes do horário fixado de votação pela CNE para o início da votação, aquele ponto de voto já se encontrava com mais de 400 eleitores.
Para além dos agentes da PRM da unidade de proteção, também, encontravam-se neste local agentes da Polícia de Trânsito, todos a menos de 300 das mesas de voto, tal como estabelece a lei.
Naquele local, a votação começou com um ligeiro atraso. O presidente da Assembleia de Voto número 090197-02 afirmou que todos procedimentos estão contratando apesar do atraso no início das atividades. De referir que a votação deveria iniciar pontualmente as 07:00, mas até 07:20 nada tinha arrancado.
Na escola primária 7 de abril, o Governador da província de Nampula, Manuel Rodrigues, votou logo nos primeiros minutos e os eleitores afluíram em massa. À imprensa, Manuel Rodrigues apelou a população para afluir em massa aos postos de votação, ao mesmo tempo em que disse que o processo deve ser pacífico. Ele reiterou para que depois do voto as pessoas se dirijam às casas e não fiquem sentadas nos postos para atrapalhar o processo.
Em Namicopo, na escola primária local, o processo arrancou pontualmente as 7h. neste local, registou uma pequena agitação durante os primeiros minutos, pois os eleitores diziam-se injustiçados, mas não se referiam em relação a quê se sentiam injustiçados.
Uma eleitora que chegou as 3h de madrugada denunciou que na assembleia de voto número 3, os MMV’s não obedeciam a fila. “Eu cheguei as 3 horas, marquei bicha, mas até agora não fui atendida, só atendem pessoas que eles conhecem, não seguem bicha porque se valorizassem entre eles”.
Agente da PRM fica “nu” no Pavilhão
Cinquenta minutos após a abertura do processo, um agente da Polícia da República de Moçambique viu seu fardamento parcialmente destruído pelos eleitores que afluíram massivamente o Pavilhão dos Desportos do Clube Ferroviário de Nampula para exercerem seu direito cívico.
Segundo apurou o Ikweli, tudo começou quando os eleitores, na sua maioria jovens, protestavam as prioridades que eram dadas algumas individualidades, e na tentativa de conter os ânimos, o agente não escapou a fúria popular, tendo, em consequência, visto o seu fardamento ligeiramente rasgado.
No pavilhão dos desportos estão instaladas 10 Assembleias de voto, esperando-se que 8 mil cidadãos possam exercer o seu direito de votar.
Outrossim, uma hora depois veio a primeira reclamação do MDM, na EPC 7 de Abril, onde uma delegada do galo alegou que estavam a votar pessoas que o nome e nem número de inscrição constavam nos cadernos eleitorais.
Quem, também, não escapou a fúria dos eleitores em um agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), a polícia antimotim, o qual foi brutalmente espancado pela população, numa das mesas de votação instalada na EPC 1 de Janeiro, no bairro de Namicopo, por ter sido flagrado com 10 boletins de votos pré-votado.
Após ser descoberto que possuía aquela quantidade de boletins, o agente, para despistar as provas, introduziu os boletins na boca e, não tendo conseguido engolir, sucedeu que o visado cuspiu.
A acção do agente acelerou a fúria popular que avançou com a justiça pelas próprias mãos, para de seguida retirar-se do local.
O pedido dos idosos pela observância da lei
Os idosos na cidade de Nampula exigem que os Membros de Mesa de Voto e a sociedade em geral se conformem e cumpram com o plasmado na lei eleitoral, no concernente às prioridades que eles têm na fila de votação.
Abacar Chehane, de 74 anos de idade, aproximou a equipa do Ikweli, no Pavilhão de Desportos, para manifestar seu descontentamento pela falta de priorização dos idosos.
Para ele, em cada Assembleia deviam ser formadas várias filas, uma das quais para os idosos, mulheres grávidas e pessoas com deficiência. “Ouvimos dizer que em qualquer estabelecimento devem dar prioridade aos idosos, às mulheres grávidas, colocar rampas para os deficientes. Agora, nós estamos aqui num dia da votação, de certeza que cada um está ansioso em votar e voltar para casa”.
Dos 800 eleitores em cada caderno alguns deles são idosos, às vezes em número reduzido, então, “ao meu ver deviam formar uma fila só dos idosos, porque com a idade que tenho não me vejo em condições de permanecer na fila por muito tempo. Tenho essa vontade de votar, mas ficar longo tempo aqui, não consigo. Por isso, peço a quem de direito para regularizar essa situação, nós também queremos votar”, disse Abacar Chehane
Há tensão em Napipine
Na Escola Primária de Napipine, o processo de votação caracteriza-se por uma ligeira tensão (até nos primeiros minutos das 8 horas).
Um desentendimento envolvendo um delegado do partido RENAMO e membros da mesa de votação número 4 marcou o início do processo de votação.
O conflito ocorreu quando o delegado tentava fiscalizar se os cartões dos eleitores estavam dentro do raio municipal, levantando preocupações sobre a legalidade do acto.
Questionado pelo Ikweli, o delegado que responde pelo nome de José Fernando afirmou que as suas intenções são para “simplesmente fiscalizar e garantir a justiça e transparência dos votos”.
Enquanto isso, na mesa número 1, troca de palavras e gestos entre os eleitores e membros da mesa interromperam temporariamente o processo, quando os idosos escalados para votar naquela mesa questionavam e contestavam o fluxo de membros da PRM, alegadamente porque com tantas pessoas paradas na porta não era possível ver o que estava acontecendo no interior da sala.
Devido a intensidade do conflito, a polícia foi obrigada a intervir para colmatar a situação e garantiu que vai se trabalhar para assegurar que as eleições municipais ocorram de maneira pacífica, justa, transparente e democrática.
E em Mutomote?
Na escola primária de Mutomote, localizado no emblemático bairro de Namutequeliua, na cidade de Nampula, estão em funcionamento seis (6) Assembleias de Voto.
No início do processo, até por volta das 8h20 havia membros da Polícia da República de Moçambique em portas das 6 assembleias de voto, por alegadamente serem prioritários no processo de votação.
Segundo os eleitores ouvidos ao Ikweli, o processo de votação teve o seu início pontualmente as 7 horas da manhã, com alguma morosidade no atendimento por parte dos escrutinadores em todas as mesas de voto.
Na mesma ideia, os leitores afirmam que neste momento o processo decorre na maior tranquilidade, apesar da morosidade no atendimento.
Desorganização em alguns pontos
Na EPC de Mutauanha registou um certo atraso em algumas assembleias, em alguns casos de pouco mais de 45 minutos, os eleitores entendem que tal se deveu a incompetência de alguns MMV’s.
Uma idosa que votou 50 minutos depois da hora estabelecida não escondeu a sua fúria, pois foi a primeira a votar na assembleia em referência.
Na EPC dos Belenenses, também, registou um certo atraso, sendo que o mínimo foi de 10 minutos, segundo constatamos no local onde funcionam 9 assembleias de votos.
Já na Escola Industrial de Nampula, registou-se uma ligeira confusão em algumas mesas por conta das pessoas que se fazem aos locais alegando ter prioridade porque devem retornar ao trabalho, neste sentido foram criadas três filas para agilizar o processo.
Um outro dado não menos importante é que o STAE está a fazer a canalização dos subsídios de alimentação durante o processo em que decorre a votação.
Os mesmos justificam que os pagamentos estão a ser feitos só agora porque “conseguimos ter o valor as 19 horas e este processo de pagamento está a ser feito em todos os distritos”.
Na escola de Nimwemwe, a desorganização começou a se observar 1h40 minutos após o início do processo de votação, alegadamente pela morosidade dos MMV’s.
Naquele ponto estão estabelecidas 5 assembleias de voto, e os eleitores apontam o dedo aos MMV’s como os protagonistas da desordem, pois estão a dar prioridade apenas agentes das diferentes forças especiais da PRM.
Entretanto, na mesa número 04, os escrutinadores dão prioridades aos seus familiares e amigos, o facto que leva muito tempo para os eleitores se dirigirem a mesa de voto, por isso os eleitores quase invadem a assembleia da mesa número 05 para votar.
Outro problema está relacionado com eleitores que perderam cartão de eleitores ou carta de condução para votar, mas devem andar de mesa a procura dos respectivos nomes nos cadernos eleitorais. O Escrutinador leva mais ou menos 5 minutos para encontrar nomes dos eleitores.
Quase 9 horas a nossa reportagem escala nos Belenenses. No posto de voto montado na escola primária dos Belenenses estão a funcionar Oito (8) Assembleias de Voto, neste local verifica-se uma enchente. Por conta disso alguns eleitores encontram-se amotinados nas portas de entrada sem respeitar o processo de fila.
Ancha Charamba disse ao Ikweli que chegou no posto de votação dos Belenenses quando eram cinco horas. De acordo com a mesma o processo decorre de forma lenta, contudo, mostra-se satisfeita por ter exercido o seu exerceu o seu direito.
A calmia que se deseja
Na escola da ADEMO, com 8 assembleias de votação, observa-se uma certa calmia, que se diga a que se deseja neste processo.
O trabalho da polícia é notório e os supervisores, assim como os eleitores que aguarda exercer o seu direito cívico é de colaboração.
“Aqui todos agentes da polícia estão bem-comportados, estão á 300 metros da assembleia de votação como manda a lei, estamos aguardando o processo sem medo nem ameaças”, avançou um eleitor. (Equipa do Ikweli)