Nampula (IKWELI) – Duzentas carteiras (200) escolares corriam o risco de se estragarem porque os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia de Nampula não queriam recebe-las, alegadamente, por ser uma oferta vinda do conselho autárquico da cidade de Nampula, sob a liderança do partido Renamo.
Segundo noticias recorrentes, mais da metade das turmas do distrito de Nampula funcionam ao relento, mas mesmo assim as autoridades de tutela não queriam melhorar esse cenário.
Professor de carteira, Paulo Vahanle, autarca da cidade de Nampula, depois de muitas insistências decidiu por colocar as carteiras nos recintos de algumas escolas onde crianças aprendem a ler e a escrever no chão e ao relento.
No fim da última sexta-feira (22), Vahanle acompanhado de camiões que carregavam as carteiras dirigiu-se as escolas primárias de Napacala, Namicopo, Mucuache e Nicutha, onde deixou, em cada uma delas, 50 (cinquenta) unidades da mobília.
“Identificamos essas escolas porque são as mais carenciadas em material didático, mesmo a sala de aula está toda ela destruído, e em 2021 trouxemos aqui os nossos irmãos de Portugal para ajudar na construção e cobertura, mas o Estado negou isso. Não sei porquê? A minha inquietação é o presidente Paulo Vahanle pavimentou no pavilhão e algumas ruas dos Caminhos de Ferro, eles estão a usar não negaram. Então, porquê, esta população aqui carente, quando queremos apoiar eles recusam e proíbem nos porquê? Essa é uma sala de aula muito triste que estamos a ver, há pessoas de boa vontade que querem melhorar as condições de vida nessas escolas e outras, mas infelizmente é o governo provincial, é o governo distrital que nega essa realidade que estamos aqui a presenciar. Acha que tudo aqui está bom, por essa razão escolhemos essas escolas e estamos aqui a entregar as carteiras a revelia, é para minimizar o sofrimento dos alunos que estudam nessas escolas em péssimas condições”, disse Vahanle, que acredita está a cumprir o seu manifesto eleitoral.
O edil da cidade de Nampula disse que o grande problema do governo da Frelimo é não aceitar que tem défices e dificuldades, por isso não quer compreender que o município tem a sua parte da responsabilidade social como governo local. “Viemos aqui queríamos dar água, mas o governo não quis, meia dúzia de professores ficou muito chateada e se interrogaram porquê o governo proíbe o município canalizar um furo de água”, anotou o governante, prosseguindo que “essa situação nós já fizemos chegar ao governo central, na pessoa do Presidente da Republica, e parece-me que não fez o TPC para os seus subordinados. A Frelimo sempre lutou para nos incapacitar, mas graças a Deus nós estamos a fazer o nosso papel como mandatário da cidade de Nampula”.
“Eu acho que aquelas carteiras vão ajudar aquelas crianças, mas há pessoas e governantes que acham que isso não deve acontecer, é triste isso. Nós escolhemos essas escolas não para desafiar, porque as crianças se continuam a estudar nessas condições podem ter doenças provocadas pela poeira, mas quando nós poderíamos minimizar como governo local, por essa razão que eu trouxe essas carteiras nessas escolas. As carteiras foram feitas em 2021, queríamos entregar logo no início do ano lectivo do ano passado, mas fomos impedidos, se eles não querem podem fazer lenha, mas nós como governo local já deixamos nas escolas que achamos que os alunos precisam muito”, referiu o autarca do maior centro urbano do norte de Moçambique.
Durante a alegada entrega das carteiras, residentes locais foram parte dos curiosos que acorreram aos recintos escolares para assistirem o acto.
Na escola de Mucuache, Bernardo Fabião, presidente do conselho de escola, foi um dos curiosos, tendo comentado que não tinha sido incumbido a missão de receber as carteiras, mas que quando viu a brigada a chegar com as carteiras ficou muito emocionado. “O director está ausente e não sei onde ele está até agora não me disse nada sobre a sua ausência, mas estou muito feliz com essas carteiras e não tenho nada para dizer se não agradecer pelo gesto do edil da cidade de Nampula, Paulo Vahanle”.
Maurício Alberto, líder comunitário de Mucuache, também disse estar feliz com a iniciativa do governo da Renamo. “Essas carteiras vamos receber mesmo sem o governo querer, porque quem sofre são nossos filhos e netos que sempre estão expostos na poeira, por isso que vamos receber com muito amor”, concluiu. (Malito João)