Corrane: Deslocados sem terra para produzir comida

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Nampula (IKWELI) – Os deslocados internos, em consequência do terrorismo que assola parte da província de Cabo Delgado, acolhidos no centro de Corrane, no distrito de Meconta, em Nampula, denunciam que têm sido impedidos de ter acesso a terra para produzir comida.

Para suprir as suas necessidades básicas, muitas das famílias recorrem a agricultura para produzir alimentos, mas nos últimos tempos tem sido difícil.

“Quando chegamos em 2020 havia algumas parcelas que o governo estava a distribuir que completamente eram matas, outras pessoas desistiram, e nós outros tivemos a paciência de aguentar com espaços para fazer machamba, contribuir minimamente na garantia da alimentação, mas atualmente este espaço estamos sendo arrancados gradualmente por pessoas que dizem estar a viver desde há muito tempo neste centro de Corrane. Estamos indignados com este problema de sermos arrancados os espaços gratuitos dados pelo governo e por conta disso as famílias continuam a viver no sofrimento principalmente por carência alimentar”, afirma Lourenço Afonso, deslocado a viver no centro de Corrane.

Sanfins Carlos comenta que “com os acolhedores aqui em Corrane temos problemas sérios. Quando aparece alguém com um valor a procura de comprar de algum espaço, somos arrancados os terrenos que nos ajudam na parte agrícola, mas temos algumas pessoas de boa-fé que têm estado a ajudar-nos quando acontecem situações de proibição do uso da terra, mas este ano o problema está grave. Pedimos as autoridades que resolvam este problema, que as vezes acaba em conflitos com troca de insultos, o que não devia acontecer”.

José Carlos aponta o dedo aos nativos, afirmando serem eles que não querem que os deslocados produzam nos seus campos.

O líder comunitário de Mucupassa, Augustinho Assane, afirma que “já resolvi várias vezes situações de conflito de machambas, os acolhedores estão a arrancar os espaços concedidos a algumas famílias deslocadas de Cabo Delgado. O ultimo caso foi de uma mulher deslocada a quem foi atribuída um espaço gratuito pelo governo desde que aqui chegou, mas um senhor nativo não estava a favor, alegando ser dono do espaço e criou dificuldades, mas tudo foi se resolvendo depois da intervenção das autoridades”.

Esta fonte reconhece que “no princípio as pessoas se emprestavam as machambas e sem combinação e depois de muito tempo os proprietários dos espaços começaram a pedir de volta, mas continuamos a sensibilizar os deslocados e naturais do posto para que não procurem problemas e optem pela paz e harmonia”.

De acordo com o administrador do distrito de Meconta, Melchior Focas, decorre um trabalho de levantamento de quantas pessoas perderam os terrenos de produção e outros factores que apoquentam as famílias deslocadas no centro de reassentamento de Corrane.

“O que se está a passar sobre o conflito de terra, como dizerem os deslocados e moradores do centro de reassentamento, nós distribuímos cerca de quinhentos (500) hectares e nesta área, também, existiam machambas de donos, das famílias acolhedoras nas áreas desocupadas, quando nós distribuímos ninguém foi arrancado pelas famílias acolhedoras e mantiveram-se nas suas machambas. O que estamos a fazer, como governo, é o levantamento de quantas pessoas perderam os terrenos e dai vamos discutir juntamente com a comunidade acolhedora e o líder comunitário de Mucupassa, para se ver exactamente quais as pessoas a que foram retirados os seus terrenos de produção, embora exista esse problema que preocupa os deslocados”, concluiu o governante. (Nelsa Momade)

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