Nas eleições de 11 de Outubro: Jovens de Nampula não querem ser apenas votantes

Nampula (IKWELI) – Á medida que a data das sextas eleições autárquicas que vão eleger 65 autarcas em Moçambique se aproxima, o debate sobre a inclusão dos jovens nos espaços de tomada de decisão intensifica-se ao nível dos bairros e organizações da sociedade civil.

A questão que nos últimos dias não quer calar é “qual é o papel do jovem nas eleições municipais?” E na busca da resposta o Ikweli conversou com alguns jovens da cidade de Nampula, os quais dizem ser seu desejo que o seu voto se reflita na abertura de espaços, ao nível da autarquia, em que possam contribuir na tomada de decisões, através da representação e criação de plataformas para discutirem com o próximo Governo os destinos e vida da cidade.

Elizabeth Luís, da Associação dos Munícipes de Nampula (AMUCINA), explica que, neste período eleitoral, os jovens são muitas vezes usados para propaganda política e quando chega a hora de governar e tomar decisões eles não são incluídos e os seus problemas são esquecidos.

“Daqui a nada vamos a campanha eleitoral e veremos muitos jovens a serem usados e valorizados pelos partidos políticos e depois disso, eles voltarão ao sofrimento. Penso que isso acontece porque os políticos não vêm o jovem como a raiz para o futuro”, disse a activista que apela para que a juventude esteja ciente do seu papel e, acima de tudo, não atenda as promessas partidárias que muitas vezes não são cumpridas.

As palavras de Elizabeth foram secundadas pelo activista Faque Paciano, que disse que “notamos que o jovem apenas é chamado quando chega esse tempo de eleições. Ele não é ouvido e nem incluído na resolução dos seus problemas, e isso é umã situação de lamentar, porque apenas somos chamados quando querem o nosso voto. Quando falamos de inclusão nos espaços de tomada de decisão, também, devemos olhar para as pessoas deficientes, e eu como jovem moçambicano só tenho a lamentar a exclusão deste segmento social vulnerável”.

Paciano pediu aos políticos e grupos de cidadãos concorrentes nas eleições autárquicas para que não usem apenas o voto dos jovens, mas incluam-nos nos seus programas, na governação e nos espaços de discussão da vida da autarquia da cidade de Nampula.

O activista Santos Conta, que começou por reconhecer o contributo das organizações da sociedade civil para influenciar a inclusão dos jovens nos espaços de tomada de decisão, disse que apesar de maneira tímida, algo em relação a inclusão da juventude tem estado a melhorar e destacou alguns municípios do país em que os partidos políticos apostaram em jovens para encabeçar as listas, o que no seu entender “constitui um passo importante na inclusão do jovens nos espaços de tomada de decisão, quer dizer que os partidos já estão a ver o papel desta camada social”.

Santos Conta prosseguiu dizendo que “antes as decisões dos jovens eram tomadas pelos mais velhos, mas estes não conhecem a real necessidade da juventude, mas agora a situação tende a mudar, apesar de que há ainda desafios porque o Governo e os partidos políticos ainda têm receio em apostar no jovem porque se questionam se ele vai dar o seu melhor na gestão ou se vai tomar melhor decisão”, concluiu.

A luta dos jovens para ter espaço na assembleia autárquica

Na busca por inclusão nos espaços de tomada de decisão ao nível governamental, a Associação dos Estudantes, Pesquisadores e Inovadores de Moçambique (AEIP) submeteu a sua candidatura para assembleia autárquica da cidade de Nampula, com o objetivo, segundo o seu presidente, Marchal Manufredo, de tornar os jovens em tomadores das decisões para a gestão autárquica. “Vocês sabem que o município de Nampula é um dos municípios com população pobre, analfabeta, com uma parte dela a viver do comércio informal, então, é preciso criar políticas próprias com base no contexto municipal, por isso enquanto grupo de jovens, investigadores por sinal, nós sentimos que teremos maior impacto ajudando os políticos na tomada de decisões para a gestão local e isso vai possibilitar que ao nível municipal tenhamos jovens vivos e capazes de gerar mudanças no município”.

Para alcançar este desiderato, Manufredo explica que “primeiro é necessário refletir nos problemas da autarquia, como o deficiente saneamento do meio, desemprego, desordenamento territorial, e outros. Segundo na nossa lista, vamos incluir jovens estudantes, pesquisadores e inovadores que possam, através da ciência, ajudar a resolver estes problemas”. (Adina Sualehe)

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