Nampula (IKWELI) – A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Lúrio, em parceria com a Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Rovuma, pretendem debater sobre os ritos de iniciação face as diversas constatações levantadas por pesquisadores e algumas organizações não-governamentais que acreditam que tal prática contribui para o aumento de uniões prematuras na província de Nampula.
Para o efeito, as duas instituições académicas agendaram para os dias 28 e 29 de novembro do corrente ano, a terceira edição da Conferência sobre os Ritos de Iniciação na Ilha de Moçambique, zona insolar da província de Nampula, sob o lema “Ritos de Iniciação na difícil caminhada com a modernidade”.
Trata-se de um evento cujo o objectivo principal é reflectir em torno das diversas funções que os ritos de iniciação desempenham na vida das populações da região Norte de Moçambique.
O director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UniLúrio, Wilson Nicaquela, espera que a mesma traga surpresas resultante das investigações que estão a ser desenvolvidas por instituições de ensino superior, pesquisadores independentes e organizações que trabalham com a temática.
“Olhando para o período de novembro que é propício as práticas das uniões prematuras, esperamos pela presença de vários pesquisadores, académicos, estudantes e organizações não-governamentais nacionais e internacionais que trabalham com essa temática, por forma a apresentar resultados e dados das pesquisas feitas para podermos analisar de forma isenta daquilo que tem sido o debate nacional em volta das uniões prematuras aliadas aos ritos de iniciação”, explicou.
Nicaquela revelou que, após as duas últimas conferências realizadas em 2017 e 2018, chegou-se a conclusão de que os ritos de iniciação são uma controvérsia tendo em conta os estudos que aprovam não haver uma relação directa entre a prática desses ritos e a ocorrência das uniões prematuras, no entanto, “há outras instituições que mostram que há uma certa relação entre as uniões prematuras, gravidezes precoces e a prática de ritos de iniciação, portanto há aspectos ou mensagens não adequadas que são transmitidas lá que contribuem para ocorrência destes fenómenos”, explicou Nicaquela.
Questionado sobre a escolha do lema para o presente ano, Wilson Nicaquela disse que o mesmo remota da última conferência realizada em 2018, após terem constado que existem noticias que são publicadas as quais revelam, “os ritos de iniciação não existem, apenas matem-se por sobrevivência. Os ritos de iniciação na modernidade estão a sobreviver eles não vivem, há muitas práticas que se dizem ser ritos de iniciação enquanto não são, mas também há muitos fenómenos que acontecem na actualidade e que estão associados aos ritos de iniciação, ou seja há conflitos permanentes entre os ritos e a modernidade e por causa disso achou-se que a convencia é difícil”, afirmou. (Ângela da Fonseca)