Nampula (IKWELI) – Os munícipes da cidade de Nampula, maior autarquia do norte de Moçambique, já começam a escrutinar o desempenho do autarca Paulo Vahanle, que cumpre o último ano do seu reinado na direcção da circunscrição.
No entender deles, Vahanle não está sendo suficientemente bom na gestão de mercados e feiras, bem como na criação de condições para uma boa mobilidade urbana, facto que tem trazido consequências menos boas para os residentes locais, sobretudo.
Os utentes dos mercados mostram-se indignados com ma governação do presidente Paulo Vahanle, por este não mostrar capacidades em gerir grandes centros comercias do raio municipal. Falta de manutenção, resíduos sólidos no recinto dos mercados, águas estagnadas e a falta de lugares próprios para a conservação dos produtos alimentícios, são os pontos mais críticos.
Estes lembram que o presidente do Conselho Município da Cidade de Nampula, Paulo Vahanle, durante a “caça ao voto”, prometera a requalificação dos mercados, para que os vendedores, assim como os consumidores, tivessem lugares condignos para a realização das suas actividades. Discurso este que contribuiu para que Vahanle fosse eleito nas eleições intercalares de 2018 e as autárquicas regulares do mesmo ano.
Os mercados 25 de Junho (Matadouro), do Peixe (Belenenses), Waresta e Shopping do Povo (no bairro de Namicopo) são parte das facetas do, praticamente, abandono na garantia da qualidade do saneamento do meio e higiene por parte da edilidade.
Rahaia Jamal, morador de Muhala Expansão, a situação actual dos mercados é assustadora, e no seu ponto de vista não era esse tipo de governação que os cidadãos da cidade de Nampula esperavam. “Atribuo uma nota negativa, digo isso porque, logo que tomou posse depois de alguns meses anunciou a requalificação dos mercados, falou do mercado grossista do Waresta, mercado dos Belenenses, vulgarmente conhecido por mercado do peixe, assim como o mercado do Matadouro”, disse esta nossa fonte, prosseguindo que “o mercado do Waresta, o município apenas pavimentou as ruas principais e não fez devida organização, ou seja, não requalificou como tinha prometido. Em relação as bancas, estamos a falar de 2000 vendedores daquele centro comercial que estariam bem posicionados com os seus produtos. Actualmente quando vamos naquele mercado é visível produtos expostos ao chão, isto porque não tem um local adequando para poder conservar os seus produtos, e isso em algum momento contribui para algumas doenças por contaminação de alimentos”.
“Essa situação é um perigo e é atentado a saúde publica. Isso não é só no mercado do Waresta, também, o mesmo cenário verificasse em outros mercados, como Matadouro e Belenenses, produtos expostos de qualquer maneira, sem mínimas condições para a sua comercialização, fomos enganados que o mercado do peixe beneficiou de uma requalificação, enquanto, na verdade, só retiraram algumas chapas antigas e colocaram novas e pavimentaram a rua principal, mas no interior do mercado, sobretudo onde vendem o peixe fresco, não beneficio do projecto”, comenta Jamal.
Para ele, “os munícipes esperavam que os mercados, sobretudo os grandes mercados que são geridos pelo município, tivessem uma outra imagem que poderia agradar a todos e não essa que a gente esta ver actualmente. Esperávamos que os comerciantes estivessem em locais condignos com cobertura e não expostos ao sol e chuva como verificamos agora”, tanto é que “é algo desumano por parte do município, assim como por parte do presidente Paulo Vahanle. Já estamos a caminho do final do mantado dele e nada foi feito em relação a estes mercados como os munícipes esperavam durante a sua governação”.
Francisca Alexandre, residente do bairro de Muhala Expansão, diz que o assunto de requalificação dos mercados no espaço municipal é um desafio para o presidente, porque “foi um dos pontos do seu manifesto eleitoral. Então, ele deve pôr em prática, visto que ele tem pouco tempo na sua governação, mas havendo vontade, pode fazer, visto que os próprios mercados conseguem gerar receitas”.
“Eu acho que o município deve investir mais na área da higiene, porque há muita imundície e isso acaba sendo um problema para à saúde pública. Vou dar um exemplo do mercado do peixe, o mercado do peixe está uma imundície. O mercado grossista do Waresta, também, não escapa desta situação, assim como o mercado central. Quando a pessoa está a passar do mercado central verifica monte de lixo e a pessoa não sabe de onde vem, mas o lixo sempre está lá. Acredito eu que os colaboradores do município precisam de prestar mais atenção esse assunto”, apontou a fonte.
Por outro lado, Francisca comenta que “vejo muito vendedores ambulantes na via pública, acho que estão a sair dos mercados para as vias públicas por conta do mau estado, então, o presidente do município deve investir mais nesses mercados para atrair vendedores, porque, lá nos mercados, havendo melhores condições, eles podem ficar lá a fazer suas actividades”.
Enquanto uns apontam a má gestão dos mercados como sendo resultado da má governação de Paulo Vahanle, outros cidadãos acreditam que os estabelecimentos comerciais geridos pelo município estão a ser destruídos e vandalizado pelos próprios comerciantes.
Segundo Ancha António, residente no bairro Mutauanha, a falta de educação sanitária e ambiental, facto que contribui para que os vendedores lancem resíduos sólidos em locais onde os mesmos exercem as suas actividades.
“Os mercados não têm depósitos apropriados para o Lixo, me refiro dos contentores, e isso é um outro problema. Se calhar, se realizassem campanhas em que os vendedores são os promotores das limpezas, podia se dar um pouco de impacto, porque os próprios vendedores também contribuem muito para a imundice dos mercados”, concluiu ancha
Mobilidade urbana
Em relação ao sector de transportadores públicos urbano na cidade de Nampula, os munícipes dizem que pouco foi feito pela edilidade de Paulo Vahanle para garantir a mobilidade das pessoas e bens, sobretudo nas zonas de expansão.
Para os munícipes, a edilidade não abriu novas rotas, não investiu em transporte municipal, se fechou aos pedidos e preocupações dos transportadores privados e o preço do transporte público tornou-se caro com o encurtamento de rotas.
Célia Atumane Muaprato, é professora numa escola privada no bairro de Muahivire Expansão, ela é residente no posto administrativo de Natikiri na cidade de Nampula, e conta que para ir trabalhar gasta, em média diária, para ir e voltar do serviço 120,00Mt (cento e vinte meticais), porque na sua zona não chega o “chapa-100”. “Saio de casa de táxi mota até o mercado Waresta e pago 30,00Mt (trinta meticais), depois encontro chapa-100 para cidade, mas me deixa pelo caminho, na sipal, pago 10,00Mt (dez meticais), depois pago mais dez para descer no hospital, só lá é que consigo chapa para ir trabalhar”.
Cecília diz que, para além de o preço de transporte ser alto, as viaturas que carregam à população não oferecem o mínimo de segurança rodoviária e circulam muito lotadas, o que mostra que não há controlo. “O governo só vai se dar conta da maneira perigosa em que são levados os munícipes quando houver graves acidentes por causa da condição dos carros, também das estradas e da forma como estamos a ser transportados, nos levam como se fôssemos sacos. Não temos alternativas, porque o táxi de carro e /ou mota também está a um preço elevado, pessoas como eu posso dizer que trabalhamos para pagar transporte”, concluiu,
Quem, também, reclama da situação da má qualidade dos serviços de transporte público na autarquia é o jovem estudante Almeida Castro, que afirma que a cidade já esteve melhor. “Nos anos passados aqui tínhamos machimbombos para transportar população, isso facilitava muito, porque chegava nas zonas distantes da cidade e o preço permitia qualquer pessoa subir. E também era seguro porque os condutores tinham alguma responsabilidade, mas o que está a acontecer nos últimos tempos é de lamentar”.
Castro questiona ainda onde estão os carros que tinham sido comprados pelo anterior edil falecido e se, no caso de avaria, não podiam ser reparados para garantir a mobilidade urbana.
Diante desta situação, a fonte pede ao autarca para que veja a situação, que para ele é preocupante.
O munícipe Oreste Nogueira, também, pediu para que se melhore o transporte da cidade e se aumente o raio e horário de circulação dos mesmos. “O chapa-100 devia, pelo menos, circular até as 21h, porque 19h não facilita as pessoas que estudam e vivem distantes. Temos táxi de mota, mas para subir precisa ter dinheiro, porque não cobram uma taxa fixa, cada um cobra o seu valor”, referiu.
Entretanto, o Ikweli tem vindo a contactar o conselho autárquico da cidade de Nampula para responder estas e outras preocupações apresentadas pelos munícipes, mas sem sucesso. (Adina Sualehe e Hermínio Raja)