Nampula (IKWELI) – Pais e encarregados de educação, munícipes da cidade de Nampula, dizem-se preocupados com a proliferação de jogos de sorte e azar, disponibilizados em diferentes locais da urbe, concretamente nos estabelecimentos comerciais e de lazeres. Por isso, contestam esta prática que vicia, desde os tempos passados, menores de idade que recorrem ao desvio de dinheiros para tentar a sorte.
Vê-se em todas as esquinas da cidade, desde o centro urbano ao subúrbio, a montagem de diversos tipos de jogos de sorte e azar, com destaque para os mais famosos “jambulo”, de fabrico chinês. Estes jogos são praticados mediante a uma moeda de pelo menos 5,00Mt (cinco meticais) que é introduzida na máquina para em menos de três minutos, dependendo da “sorte” do praticante, a máquina debitar mais do que foi creditado e/ ou introduzido à favor do dono da moeda.
A realidade move adolescentes e jovens, a fim de obter dinheiro de imediato e fácil para sustentar as suas necessidades. Em alguns estabelecimentos comerciais localizados nos bairros da urbe, desde bares e barracas, até nas chamadas barbearias e regravadoras informais de músicas, existe, pelo menos, um “jambulo”, onde os cidadãos, na sua maioria menores de idade testam a sua sorte. No entanto, para jogar têm de desviar dinheiro de seus pais e encarregados de educação, facto que os vicia à prática de furto.
Portanto, “estes jogos estão a tomar conta dos nossos meninos. Alguns passam dias a jogar sem poder ajudar os seus pais nas tarefas de casa. Alguém devia pensar em uma solução face à esta prática, que não ajuda na construção de um bom cidadão, muito pelo contrário, está a retardar”, entende Octávio de Carlos, residente na unidade comunal de Piloto, bairro de Mutauanha.
Anabela Maurício, moradora em Muatala, concretamente em Namavi, lamenta o comportamento de certas crianças em idade escolar, sob influência de jogos de sorte e azar disponibilizados por comerciantes nos seus estabelecimentos. Para esta cidadã, há muito tempo que teria sido colmatado esta realidade que vicia pessoas.
Na óptica de Anabela Maurício, quem também prática estes jogos são adolescentes e jovens consumidores de bebidas alcoólicas, que para satisfazer as suas necessidades nocivas recorrem aos jogos de sorte e azar para obter dinheiro fácil. Em Muatala, por exemplo, a interlocutora descreve a situação de extrema preocupação, uma vez que os jogos são montados no exterior de bares e barracas e clubes de cinema, locais de fácil acesso para os meninos e jovens, daí a vulnerabilidade deste grupo de pessoas.
“Não está fácil lidar com as crianças em casa, porque estão viciadas de muitas coisas desagradáveis, a exemplo desses jogos de sorte e azar. Não está claro ainda a legalidade dos jogos que proliferam todos os bairros da cidade e isso vai tendo um impacto negativo na vida das nossas crianças e jovens, associado ao consumo de drogas e bebidas alcoólicas”, lamenta Carlitos Alberto, cidadão que exige a remoção dos jogos nos bairros para o bem dos adolescentes e jovens.
Recorde-se que há dois anos que não se fazia sentir em grande a instalação de jogos de sorte e azar nos bairros de cidade de Nampula, resultado de um trabalho de fiscalização multissectorial entre a Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) e a Polícia da República e Moçambique (P.R.M). Todavia, nos últimos tempos, isto é, desde os finais do ano passado, a prática voltou a ganhar o mercado e os munícipes pais e encarregados de educação entendem ser ameaçadora.
A prática é do domínio da Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), entidade que inspeciona o exercício económico no território nacional e na cidade de Nampula, em particular. E questionada sobre o assunto, disse haver planos de acção com vista a remoção das máquinas de jogos montadas nos estabelecimentos comerciais.
Silvano Alexandre, delegado-interino da INAE em Nampula, disse em entrevista que a pretensão está sendo harmonizada a partir da base e que está para breve a sua implementação. A actividade de inspecção e/ou plano referido pelo delegado-interino consistirá na recolha das máquinas e, consequentemente, a responsabilização dos proprietários. (Esmeraldo Boquisse)