Nacalas iguais a si mesmas: Onda de desinformação sobre a cólera termina em vandalização de património público

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Nacala (IKWELI) – Os distritos de Nacala e Nacala-à-Velha sempre mostraram-se adversos a presença indispensável do Estado naquelas circunscrições, por conta da ausência injustificada deste, sendo que das vezes que teve de estar presente foi sempre na perspectiva opressora.

Este fenómeno fez com que os moradores daqueles dois pontos da província de Nampula aprendessem a viver sem, necessariamente, depender do Estado, e aí foram surgindo elites locais próprias que alimentam a vida e a economia, também, locais.

Por esta ausência do Estado e suas instituições, fenómenos como boatos, facilmente, são levados em conta, e informações pouco realísticas que desacreditam o Governo ganham ainda maior forma e pujança.

Foi neste sentido que uma nova onda de manifestação motivada pela desinformação sobre a origem da cólera, no bairro das Salinas em Nacala-à-Velha e em Quissimajulo no distrito de Nacala, no último fim-de-semana, resultou na destruição do património público e privado, mas o pior não aconteceu devido a pronta resposta da Polícia da República de Moçambique (PRM).

O Ikweli sabe que a manifestação, que resultou em actos de vandalismo e ferimentos de alguns manifestantes, resulta de a população acreditar que a cólera que assola aquelas regiões é, alegadamente, causada pelos agentes do Estado em conivência com as autoridades locais.

Conforme as nossas fontes, em Quissimajulo, os manifestantes vandalizaram as infra-estruturas públicas como o posto policial e o centro de saúde e, também, a residência do secretário do bairro, que por pouco seria também espancado. Os profissionais de saúde, também, foram obrigados a abandonar a aldeia e refugiar-se à sede do distrito de Nacala.

Na tentativa de amainar os ânimos, a polícia entrou em confronto com os populares, tendo resultado em, pelo menos, seis manifestantes detidos e dois feridos.

Situação similar aconteceu no bairro das Salinas, no vizinho distrito de Nacala-à-Velha, onde segundo relatos, a população começou por impedir a circulação de pessoas, viaturas e outros meios de transporte, através de barricadas ao longo da estrada que liga os dois distritos.

Em seguida, partiu pela violência destruindo casas pertencentes ao secretário e de activistas ligados ao sector de saúde. A polícia foi obrigada a responder com balas e gás lacrimogéneo, para expulsar os manifestantes que chegaram de abandonar toda aldeia para se esconder.

Quer em Nacala, assim como em Nacala-à-Velha, as autoridades ainda não se pronunciaram publicamente sobre estas manifestações. Num passado recentemente, os dirigentes de Nampula, teriam alertado sobre a necessidade de se combater a onda de desinformação sobre a origem das doenças incluindo a cólera.

O Ikweli envidou esforços para ter uma explicação do comando provincial da PRM sobre o sucedido, mas em vão. O respectivo porta-voz, Zacarias Nacute, não se predispôs a aparecer no local onde deveria acontecer o habitual briefing semanal com a imprensa, tanto é que nem se quer deu satisfação sobre a sua ausência. (Redação)

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