Nampula (IKWELI) – Um total de 400 trabalhadores entram para o desemprego devido a paralisação das actividades da transportadora rodoviária interprovincial Maning Nice, que tem a sua sede na província de Nampula, na região norte de Moçambique.
O mesmo acontece após a transportadora ter anunciado na passada quinta-feira (04), do mês em curso, a suspensão das suas actividades pelo período de um ano, devido ao baixo fluxo de passageiros, bem como a degradação da Estrada Nacional Número 01 (EN1), nas rotas que ligam Nampula as províncias de Maputo, Sofala, Manica, Tete e Niassa respectivamente.
Situação que, segundo o Presidente da Associação dos Transportadores Rodoviários de Nampula (ASTRA), Luís Vasconcelos, coloca no desemprego pessoas que são responsáveis por sustentar agregados familiares.
“Maning Nice está a fechar suas portas em todo o país e um leque de trabalhadores vão ao desemprego. Num universo de trabalhadores temos entre fixos e eventuais, significa que estamos a falar de uma média de 400 trabalhadores que vão ao desemprego e que viviam a mercê da empresa Maning Nice, ou seja, são várias famílias que vão estar afectadas, desde os estivadores aqueles que lavavam os carros, mudavam pneus, jantes ou até mesmo amortecedores da Maning Nice e no final do dia voltavam para casa com um pão, mas hoje essas pessoas também já não terão uma fonte de renda por um ano”, lamentou a fonte.
Vasconcelos revelou, ainda, que a empresa deixa o mercado mergulhado em dívidas na banca, justificando que a Maning Nice já não tinha um poder económico sustentável para exercer a actividade, visto que grande parte da receita servia para a manutenção dos autocarros, assim como para a compra de combustível entre outras situações, mas que apesar das dificuldades enfrentadas pela transportadora, como é o caso de baleamento dos passageiros e do motorista em Muxungué e a pandemia da Covid-19, a mesma conseguia se manter mas. “Como se não bastasse, a situação da EN1 veio degradar a operação da Maning Nice porque em cada viagem tinha que arrecadar só em manutenção o dobro da vigem, quer dizer, se fazia 80 mil por viagem deveria buscar duas vezes 80 quer dizer 160 para sustentar a viagem. Com as chuvas que se fizeram e a situação da EN1 o problema triplicou. Mas também, a Covid-19 trouxe consigo suas implicações um autocarro de 73 lugares chegava a fazer viagens com apenas 14 passageiros e isso não era sustentável, não dava para abastecer”, referiu.
Refira-se que os 400 trabalhadores não auferiam os seus ordenados desde Novembro passado, numa altura em que a Maning Nice agregou uma dívida de 6 milhões de meticais no mercado.
“Não temos políticas sustentáveis para a área do transporte”
Vasconcelos disse ao Ikweli que o país não dispõe de uma política sustentável para a área do transporte de passageiros, justificando que o “trabalho rodoviário é feito a sua sorte, por isso, demos o aval e recomendamos a Maning Nice a fechar, porque nós não temos políticas de sustentabilidade na área de transporte e isso vamos fazer a tantos outros que, também, querem fechar. Enquanto não haver políticas vamos recomendar que as empresas parem com as actividades”.
Luís Vasconcelos acredita que há empresas de transporte rodoviário que, mesmo com as recomendações para a paralisação das actividades, irão continuar a exercer porque “na área do transporte temos filhos e enteados, pais e padrastos, só para ver todas empresas fecham, mas há uma que mesmo tendo acidente não fecha”. (Ângela da Fonseca)