Nampula (IKWEL) – Agira Jamal, moradora na zona residencial de Muhala-Belenenses, na cidade de Nampula, norte de Moçambique, é uma idosa que a cada dia procura, por vias dignas, conseguir o sustento para ela e o resto da sua família no famoso mercado de peixe.
Natural no distrito de Mogincual, Agira Jamal que aparenta ter mais de 60 anos de idade é residente na cidade de Nampula desde a sua juventude, na companhia de seu esposo. Ela disse ser mãe de seis filhos, alguns deles crescidos e a cuidar dos seus lares.
O seu marido está com uma idade avançada e com o estado de saúde debilitado, e é ela quem garante a alimentação no lar, para além de fazer assistência dos seus dois filhos que estão a fazer o ensino secundário. Nesta época do ano, ela dedica-se a venda de produtos de origem agrícola, com destaque para feijão, abóbora, quiabo, entre outros.
Em conversa exclusiva ao Ikweli, ela transpareceu as dificuldades que tem enfrentado no dia-a-dia, uma vez que o tipo de negócio que pratica não possui uma margem de rendimento que possa suportar as necessidades básicas da casa, aliado com o facto de aquela actividade comercial ser ocasional.
“Este trabalho está indo ao pouco porque, graças a Deus tenho ido a Waresta, trago aqui no mercado e consigo esse pouco valor para, pelo menos, comprar sal. Estou a evitar chatear as crianças em ter que pedir o sal a todo momento, por isso que estou aqui a tentar”, disse Agira Jamal.
“Eu tenho seis filhos, alguns deles já estudaram, mas nenhum deles conseguiu emprego, porque há falta de dinheiro para conseguir esse trabalho. Agora estou a viver com dois filhos que estão a estudar na secundária, assim como o meu marido que se encontra doente, por isso que quando amanhece saio de casa a procura de onde posso conseguir alguma coisa. Se eu não sair de casa é porque nesse dia não teremos algo para comermos”, prosseguiu a vovó Agira.
“Quando alguém me dá algum valor eu prefiro ir ao Waresta comprar alguma coisa para vender. Quando trago consigo 20 meticais de lucro e o dia seguinte volto para lá, assim sucessivamente. Quando passa esta época de ano apenas agradeço e sento em casa, às vezes vou a machamba e fico lá”, referiu a nossa interlocutora.
Agira Jamal entende que ainda sonha em trabalhar, mesmo que o trabalho seja de fazer limpezas, para continuar a apoiar a sua família. “Gostaria que tivesse alguém para me apoiar, ao contrário posso fazer algum tipo de trabalho, por exemplo varrer, eu me sinto em condições, mas se as pessoas dizerem que não estou em condições de trabalhar posso ser apoiada mesmo sentado em casa”, precisou. (Constantino Henriques)