Nampula: Empresa de capitais chineses não quer pagar salários e nem dar contratos de trabalhos aos seus operários

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Nampula (IKWELI) – O patronato da empresa de capital chinês denominada Aoshida, responsável pela construção de uma fábrica de refrigerantes, na cidade de Nampula, é apontado de não honrar os compromissos de pagamento salarial e celebração de contractos de trabalhos para os seus colaboradores, dentre estes estão pedreiros e carpinteiros. É quase um ano privados de direitos essenciais.

A operar na zona da Barragem, bairro de Napipine, a empresa é responsável pela edificação de uma fábrica de refrigerantes. Para tal, está um grupo de cerca de 100 trabalhadores que foram solicitados e que colaboram na condição há oitos meses, mas com promessas de celebração de contractos de trabalho e, consequentemente, o pagamento de salários, mas que nunca aconteceu.

Os trabalhadores que decidiram paralisar as actividades nesta segunda-feira (17), queixam-se igualmente, de violação de seus direitos, como a falta de equipamentos de protecção individual no trabalho, o que coloca em risco a sua saúde. Associado a isso é que, segundo os manifestantes, quando ocorrem acidentes de trabalho o patronato escusa-se de assumir as responsabilidades.

“Estamos há oito meses a trabalhar aqui e não temos salário. Esses só nos pagam 100,00Mt (cem meticais) por dia e, em casos de atraso ou falta, esse valor não é canalizado. Não temos contracto e nem material de trabalho, aqui se pode trabalhar mesmo de chinelos ou calções, para o patrão isso não constitui preocupação”, disse o trabalhador Tarcísio Lopes, carpinteiro que integra o grupo dos manifestantes.

Outrossim, a outra inquietação que mexe com a classe dos trabalhadores é o facto de os responsáveis da empresa estarem a vender o equipamento de protecção individual, quando os colaboradores solicitam a empresa. Aliás, em casos de não dispor de dinheiro para adquirir os equipamentos, os trabalhadores são descontados os únicos cem meticais que auferem diariamente.

“Nós recebemos, mas na verdade não sabemos qual é o nosso salário, porque nos é descontado em qualquer das circunstâncias. Antes o patrão comprometeu-se a nos dar contracto de, pelo menos, três meses de duração, o que até então não chegou a acontecer. Apresentamos o caso à direcção do Trabalho, porém, nada se faz porque nem água vem, nem água vai, está tudo no silêncio”, disse Rosário Saíde, que é ajudante de pedreiros na construção dos pavilhões da possível fábrica de refrigerantes.

Quem, também, integra o grupo dos cerca de cem trabalhadores são mulheres que oferecem trabalhos de cozinha e faxina para os chineses que supervisionam as obras de construção. Estas, para além do salário baixo que auferem, e sem contracto formal, a carga horária é mais um desafio que as apoquenta, por isso paralisaram as actividades.

Ademais, embora estarem a cuidar da alimentação da parte de chineses naquele estabelecimento, as trabalhadoras não têm direito de consumir qualquer produto, desde a água usada na cozinha, os alimentos que elas mesmas confeccionam, entre outros. Todavia, a carga horária é demasiada e quando entram as 07 horas da manhã só largam para as suas residências às 19 horas, sem direito a meio de transporte.

O silêncio do patronato

Diante da Imprensa, quando abordado sobre a reclamação dos trabalhadores, o patronato da empresa Aoshida naquela altura representado por um grupo de cidadãos chineses preferiu manter o silêncio, embora considerar legítima parte das inquietações dos grevistas.

Aliás, sem gravar a conversa, os chineses na pessoa do tradutor contractado, alegaram ser da competência do advogado da Aoshida dar qualquer declaração à Imprensa. Enquanto isso, os trabalhadores garantem que não vão retomar as actividades sem que haja intervenção do patronato procedendo o pagamento referente ao tempo de trabalho feito e possível contratação formal. (Esmeraldo Boquisse)

 

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