Maputo (IKWELI) – O relatório da avaliação da segurança alimentar pós-colheita 2022, em Moçambique, indica que, pelo menos, 90% da população consegue satisfazer as suas necessidades alimentares mínimas, mas tem de recorrer a estratégias de sobrevivência para suprir as suas necessidades não alimentares.
O documento elaborado pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) foi apresentado pelo ministro moçambicano da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, na manha desta quarta-feira (15) na cidade de Maputo, e dele consta que “no período em analise [2022] cerca de 90% da população moçambicana teve uma dieta aceitável para satisfazer as suas necessidades energéticas diárias no período de pós-colheita”.
Por outro lado, segundo constata o estudo, “cerca de 10% da população moçambicana analisada está em insegurança alimentar aguda em níveis de crise e emergência (IPC fase 3+)”.
No período em analise, de acordo com o documento apresentado por Correia, registou-se uma redução na proporção de pessoas que enfrentaram níveis de insegurança alimentar aguda (IPC3 ou superior) de 13% em 2022 para 10% em 2023.
Em relação a situação de insegurança alimentar aguda no período actual (Novembro de 2022 – Março de 2023), “não houve registo de pessoas no nível 5 (catástrofe/fome). Cerca de 958.000 pessoas encontram-se no nível 4 (emergência) e necessitam de assistência alimentar, destes, cerca de 690.400 pessoas encontram-se na província de Cabo Delgado (cerca de 25% da população da província)”.
Neste sentido, o relatório recomenda que “a prioridade das políticas nacionais deve estar orientadas para assegurar a estabilidade do acesso, o aumento e a diversidade dos alimentos ao longo do ano. As políticas nacionais devem considerar a necessidade anual de assistência alimentar directa e assistência social produtiva a uma percentagem da população nacional, por conta da exposição a choques. O processo de aumento de disponibilidade de grupos alimentares na dieta dos moçambicanos deve ser acompanhado por um programa de educação nutricional que optimize a disponibilidade alimentar local. Adopção de uma política e estratégia nacional de segurança alimentar orientada por indicadores nacionais de monitoria. Assistência humanitária urgente às 958.000 pessoas identificadas com défice alimentar. Em específico, recomenda-se uma combinação de intervenções complementares para minimizar os efeitos dos choques tanto no acesso aos alimentos assim como repor e reconstruir formas de vidas. Assegurar a implementação da avaliação pós-choque da vulnerabilidade à InSAN entre Março a Abril a fim de identificar a magnitude e número de pessoas afectadas pela época das chuvas e ciclones a fim de assegurar uma resposta atempada”. (Redação)