Nampula (IKWELI) – O secretário do comité distrital do partido Frelimo em Nacala, província de Nampula, está a ser acusado por alguns membros daquela formação política de estar a favorecer os trabalhos político da Renamo, seu eterno rival.
Ismael Manuel Morais, primeiro secretário do comité distrital de Nacala, é visto nesse sentido, pelo facto de, alegadamente, vezes sem conta condenar algumas acções programadas pelos seus camaradas que visavam repudiar a forma como a Renamo de Raul Novinte tem conduzido os destinos dos munícipes da Cidade de Nacala.
Por causa dessa manifestação de Ismael Manuel Morais, neste momento não existe uma boa coordenação entre os membros da Assembleia Municipal pela bancada da Frelimo. Tal situação pesou para que aqueles representantes dos “camaradas” fossem afastados do comité distrital.
Informações em nosso poder indicam que as críticas feitas sobre a forma como a autarquia está a ser gerida por quadros da Renamo podem estar por detrás do afastamento. Há quem diga que o secretário do comité distrital tem benefícios em troca, pois recebe senhas de combustível do município gerido pela “Perdiz”.
Recentemente os funcionários observaram uma greve para exigir o pagamento de dois meses de salários, para além do 13º ordenado.
Os colaboradores da edilidade são provenientes de várias formações políticas. Sucede que o primeiro secretário da Frelimo em Nacala solicitou os funcionários que são membros do “batuque e da maçaroca” para desencorajar a greve, alegadamente porque trata-se de um ano eleitoral, sendo que não ficaria bem denigrir a imagem dos seus oponentes.
Mesmo assim, as nossas fontes, que pediram anonimato, juntaram-se aos outros colegas para exigir os seus direitos. Entretanto, o edil Raúl Novinte interpretou a greve como um acto de perseguição política, sendo que o partido Frelimo é que estava por detrás de toda a mobilização dos trabalhadores.
Os pronunciamentos não foram bem acolhidos por parte dos membros da Assembleia Municipal pela bancada da Frelimo, os quais convocaram, na última semana de Janeiro, a imprensa para manifestar o desapontamento.
A bancada do partido Frelimo, representada pela respectiva chefe Maria da Conceição Januário, o porta-voz Chandrek Niconela, Samuel Libububo e Miguel Auca, pretendia dar a conhecer os contornos da greve que durou 18 dias.
O estranho é que o primeiro secretário, Ismael Manuel Morais, ficou posicionado na entrada do edifício para impedir os homens da Televisão de Moçambique (TVM) de captar as imagens das instalações onde funciona o comité distrital, alegando que o assunto que a bancada pretendia abordar é da inteira responsabilidade dos membros e não reflectia o posicionamento do partido, pelo que não devia aparecer a imagem do partido na imprensa.
A situação deixou a classe de profissionais da comunicação social indignados e sem, no entanto, perceber o que se estava a passar. Porque supõe-se que a conferência de imprensa tenha sido em representação do partido Frelimo.
Contactado para reagir as acusações que pesam sobre si, Ismael Manuel Morais, primeiro secretário distrital de Nacala, refutou as alegações dos seus camaradas. Aliás, Morais considerou aos acusadores como sendo de má-fé e protagonizadas por pessoas com intensões duvidosas.
“Eu perguntaria a você como jornalista amador, acha que isto é verdade?”, começou por perguntar Ismael Manuel Morais, tendo aconselhado a nossa equipa de reportagem de que “não pode alimentar coisas de indivíduos com suas pretensões. Acha mesmo um primeiro secretário da Frelimo vai filiar-se a Renamo? A fazer o quê? Essas são pretensões de má-fé de alguns membros, indivíduos de cabeça oca, são esses que dizem isso”.
Segundo recordou aquele político, “o partido tem o seu papel de mobilizador, angariar membros, difundir os interesses do partido do Frelimo e de cidadão comum, mas aqui nós temos nossas limitações, ou as pessoas estão acostumados a ver-nos vaiados, é que ficam satisfeitos. Essas são acusações infundadas, de pessoas de má fé por isso nem vale a pena ligar para falarmos dessas coisas porque, senão, vais me por nervoso e falar outras coisas”. (Redação)