Muecate: Malfeitores escapam linchamento popular

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Nampula (IKWELI) – Três indivíduos, todos de nacionalidade moçambicana, estão a contas com a Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula indiciados de tentativa de cometer crimes contra a população do posto administrativo de Imala, distrito de Muecate, naquela província do norte do país.

Os meliantes foram encontrados na posse de uma arma de fogo do tipo pistola, bem como três catanas. A missão da referida quadrilha era de protagonizar assaltos às residências dos agentes económicos locais, o que não aconteceu mercê da vigilância acentuada dos populares daquela parcela moçambicana.

Tudo começou quando dois jovens locais, por sinal cunhados, solicitaram um outro jovem da cidade de Nampula para reforçar a operação criminosa. Chegado no terreno, a população achou estranha a presença daquele elemento pelo que pediu a um dos jovens que teria lhe acolhido de modo a mandá-lo de volta à zona de origem, por suspeitar que o mesmo fosse criminoso.

Na tentativa de despistar a população, o hóspede mudou-se para a residência do outro jovem e, antes da fúria popular, os meliantes planejaram ir num curandeiro em busca de bênção nas suas acções o que não conseguiram porque depois viriam a ser neutralizados pelos moradores locais que trataram fazer a justiça pelas próprias mãos.

O pior não aconteceu porque existiram alguns piedosos que trataram de solicitar a polícia, esta que se fez prontamente ao local de acção. Mesmo assim, um dos integrantes contraiu ferimentos graves nos ombros bem como na cabeça, e os dois tiveram ferimentos ligeiros. Há informação, também, segundo a qual a casa de um dos acolhedores foi reduzida às cinzas.

“Depois fui a machamba e de lá recebi telefonema do meu pai dizendo que o homem que estava hospedado na minha casa é bandido e as pessoas do bairro estavam contra mim. Então, eu lhe informei que a pessoa já tinha saído. Então eu fui batido pela população pelo facto de eu acomodar aquele senhor. A população quando chegou não me fez muitas perguntas, só começaram com catanadas”, versou um dos indiciados para quem confessa ser ladrão de cabritos.

“Então, ele ligou-me dizendo que queria um curandeiro que pudesse lhe tratar para o negócio dele de peixe andar bem na cidade de Nampula, por isso pedi ao meu cunhado para lhe acolher já que na minha casa não havia lugar. De repente vejo o meu cunhado a trazer as pastas e disse-me que as pessoas o acusavam de ser bandido”, contou um dos integrantes que disse ser vendedor de roupa usada em Imala.

Já o referido jovem que viajou da cidade de Nampula para Muecate confessa ser portador da arma de fogo e que escalou aquele ponto a convite daqueles dois para protagonizar assaltos aos residentes locais, mas com algum poder financeiro.

“Eu comunicava com aquele irmão para Muecate, então quando chego lá em Muecate me levaram para casa do cunhado dele. Quando cheguei lá fiquei dentro. Dali ele disse que aqui tem patrões, mas eu lhe disse que não quero roubar para esses negros, esses daqui do mato, só talvez arranjar para brancos. Dali como ele é conhecido lá no bairro já começou a haver desconfiança de que aqui no bairro estamos a ver cara estranha, são bandidos. Então, quando ouviu aquelas palavras levou pasta para sairmos dali, mas quando a população chegou, queimou a casa dele e nós fomos a correr no mato”, disse.

“Dali eu lhe disse que devíamos traçar um outro plano que é de irmos a Pemba para roubarmos os brancos, porque quando a gente rouba uma pessoa que tem consegue desenvolver, agora quando rouba uma pessoa que come caracata, papai, nicussi, a pessoa não desenvolve, por isso eu neguei roubar para aqueles desgraçados”, precisou o indiciado.

Para Zacarias Nacute, porta-voz da polícia em Nampula, “este é resultado de um trabalho que a polícia fez em colaboração com a população onde, através de denúncia popular, a polícia tomou conhecimento de existência destes indivíduos que se encontravam munidos de arma de fogo e essas catanas, os quais pretendiam executar alguns assaltos e, graças a essa denúncia popular a polícia foi desencadeando acções investigativas, tanto após a tomada de conhecimento da localização destes indivíduos. A população tomou dianteira e acabou iniciando o processo de linchamento, mas a polícia chegou a tempo para evitar que o pior pudesse ocorrer e, de imediato, encaminhou esses indivíduos nas nossas subunidades policiais onde serão lavrados os trâmites legais para a sua responsabilização”. (Constantino Henriques)

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