- Na campanha agrária 2021/2022 o sector cresceu em 7,4%
Pemba (IKWELI) – O Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, disse nesta segunda-feira (14) na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, que o sector agrário cresceu, na campanha agrária 2021/2022 em 7,4% o que representa um crescimento robusto que se mantem nos últimos anos.
Nyusi que lançou a campanha agrária 2022/2022, descreveu que “a campanha agrária 2021/2022 decorreu num ambiente de grandes expectativas dos moçambicanos face ao contexto adverso em que se vivia, marcado essencialmente por: incertezas nas políticas comerciais das principais economias e afectando as dinâmicas de produção, o comércio internacional e o crescimento económico ao nível global, resultante dos efeitos da pandemia da covid-19; guerra na Ucrânia, que levou a ruptura nas exportações agrícolas e continua a afectar negativamente os mercados globais de alimentos, fertilizantes e energia. Esta guerra alterou os padrões globais de comércio e produção e consumo de commodities, com impacto nos custos de produtos alimentares e na inflação; os actos de terrorismo que têm ocorrido aqui em certos distritos da província de Cabo Delgado, e que têm tentando, sem sucesso, paralisar totalmente a nossa capacidade produtiva”.
Ainda assim, os esforços empreendidos pelo ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, liderado por Celso Correia, segundo Nyusi, resultaram que “na campanha agrária que agora finda, a agricultura em Moçambique voltou a ter um desempenho robusto, tendo registado um crescimento de 7,4% do PIB Agrícola nacional, o qual contribui para um crescimento de cerca de 2% do Produtor Interno Bruto (PIB) do país”.
“Na campanha agrária 21/22 alcançamos um volume de produção de cerca de 18,3 milhões de toneladas, que marca um crescimento de 8,3% de produção, com destaque para os seguintes grupos de culturas: Nos cereais, a produção foi de 2,8 milhões de toneladas, contra as 2,2 milhões de toneladas da campanha anterior, o que representa um crescimento de 28%. Este crescimento foi impulsionado pelo crescimento do milho que atingiu 2,3 milhões de toneladas e do arroz que atingiu 245 mil toneladas; Nas leguminosas, a produção saiu de 527 mil para 565 mil toneladas, o que representa um crescimento de 7%, com destaque para o crescimento de feijões que foi de 9%; Nas oleaginosas, a produção foi de 306 mi toneladas contra as 269 mil toneladas da campanha anterior, o crescimento foi de 13%, e o gergelim atingiu 188 mil toneladas, tendo sido a cultura que mais cresceu (23% em relação a campanha anterior); A produção de hortícolas foi de 3,7 milhões toneladas, o que corresponde a um crescimento de 9% em relação a campanha anterior que foi de 3,4 milhões de toneladas; A produção de tubérculos foi de cerca de 6,9 milhões contra 6,7 milhões de toneladas da campanha anterior, o que corresponde a um crescimento de 3% e aqui o destaque vai para o crescimento da batata reno em 26%, que passou de 57 mil toneladas para 73 mil toneladas; Nas amêndoas, produzimos cerca de 150 mil toneladas contra as 124 mil toneladas da campanha anterior, o crescimento foi de 21%, impulsionado pelo crescimento da castanha de caju em 19% e da macadâmia em 97%; Nas frutas a produção foi de 594 toneladas, e o crescimento foi de 2%, tendo o subsector sido afectado negativamente pelo clima (ciclone Gombe, principalmente); O efectivo animal nacional cresceu em 3%, passando de 9,1 milhões contra as anteriores 8,8 milhões de animais, o destaque aqui vai para o gado bovino que registou um crescimento de 5%, passando de 2,2 milhões para 2,3 milhões de cabeças”.
O papel do SUSTENTA
Na sua locução, o PR frisou, por várias vezes, que o Programa SUSTENTA tem vindo a revolucionar o sector agrário no país, e que os resultados são visíveis e encorajadores.
“Este crescimento da agricultura foi, em grande medida, impulsionado pela agricultura familiar que através do Programa Nacional de Integração da Agricultura Familiar em Cadeias de Valor Produtivas, que contribui para o registo de 590.342 famílias integradas em programas de fomento, com destaque para o SUSTENTA (com cerca de 190 mil famílias), tabaco (cerca de 82 mil famílias), caju (164 mil famílias), algodão (148 mil famílias) e açúcar (1550 famílias)”, disse Nyusi, afirmando que “através do Programa SUSTENTA registamos ainda uma subida de número de pequenos agricultores que beneficiaram de assistência técnica de cerca de 870 mil pequenos produtores na campanha passada para 965 mil na campanha finda”.
Este programa governamental, também, priorizou a assistência técnica providenciada aos produtores, sobretudo os do sector famílias, passando so anteriores 1.810 para 3.817 agentes.
Ainda no âmbito do mesmo programa, segundo o PR, “houve o aumento da produção e de insumos agrícolas, tecnologia essencial para a transformação da agricultura”.
Em relação a produção de semente, registou-se um crescimento “em 18%, subindo de 10.196 toneladas para 12.061 toneladas. A nível nacional o uso da semente registou um crescimento de 23%, tendo sido usadas 11.969 toneladas, contra as 9.700 toneladas da campanha anterior”.
Segurança alimentar
Filipe Nyusi não deixou de fora o capítulo da segurança alimentar, e na sua elaboração disse que “o ano de 2022 ficará marcado pelo facto de Moçambique não ter o registo de bolsas de fome”, e que “Moçambique saiu da lista de países com alto risco de fome no mundo. O país passou a ser considerado estável por termos retirado cerca de 2,6 milhões de pessoas da insegurança alimentar, na sequência da boa colheita que foi registada na campanha agrária que agora finda”.
“O número de pessoas que passam fome no país caiu de 9,8 para 7,2 milhões”, assegura Nyusi que prossegue afirmando que “registamos ainda a redução do número de famílias em risco de insegurança aguda com necessidades de assistência alimentar, de cerca de 1,4 milhões para 1,2 milhões. Esta redução foi positivamente influenciada pela implementação do SUSTENTA Emergência na província de Cabo Delgado, com envolvimento de cerca de 120 mil famílias que incluíram deslocados e comunidades acolhedoras que tiveram acesso a insumos agrícolas”, tanto que “por conta dessa acção, o número de famílias em risco de situação de insegurança alimentar na província de Cabo Delgado reduziu cerca de 932 mil pessoas em 2021 para 382 mil pessoas em 2022”.
Ainda neste capítulo, o PR aponta como conquista do seu governo o facto de “a desnutrição crónica em Moçambique reduziu de 48% para 38%, consolidando a nossa visão de aposta na implantação de políticas integradas de desenvolvimento rural, de produção e acesso a alimentos, de água e saneamento e de educação”.
Campanha 2022/23
A campanha lançada nesta segunda-feira é caracterizada por boas perspectivas, por isso que o PR garantiu que a mesma “será dinamizada pelo aumento do número de produtores que praticam a agricultura familiar em 2,1%, aumento do uso da mecanização na agricultura familiar, investimento em novas áreas da agricultura comercial, incremento do número de famílias com acesso a insumos e meios de produção no âmbito do programa SUSTENTA, de 189.789 para 316.698 agregados”.
“Por conseguinte, para a presente campanha agrária, projectamos um aumento da área de produção de 5,85 milhões de hectares para 6,2 milhões de hectares”, asseverou o governante.
O PEDSA preconiza acelerar o crescimento do sector nos próximos 10 anos
Ainda na cidade de Pemba, foi lançado o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA 2030).
Foi nesta ocasião que Nyusi garantiu que o “PEDSA 2030 promoverá a transformação acelerada do nosso sector agrário, através do seu crescimento rápido, competitivo, inclusivo, e sustentável, assegurando um maior engajamento inclusivo do sector privado nacional e contribuindo para a melhoria da segurança alimentar e nutricional no país, para a criação de emprego, o fortalecimento da resiliência a desastres e a redução da pobreza”.
O PEDSA 2030 é constituído por 4 pilares, nomeadamente o Pilar da Produção, Produtividade e Competitividade Agrária, o Pilar da Gestão Sustentável dos Recursos Naturais, o Pilar do Agronegócio e o Pilar do Fortalecimento e Desenvolvimento Institucional.
Mocímboa da Praia
Para começar o evento do lançamento da campanha agrária 2022/2023, o PR trabalhou no distrito de Mocímboa da Praia, numa circunscrição recuperada pelas Forças de Defesa e Segurança, em virtude de ter sido destruída por terroristas.
E foi em Mocímboa da Praia onde Nyusi procedeu a entrega de 25 pacotes tecnológicos para igual número de famílias.
Esta actividade, segundo Celso Correia, deverá ser replicada em todo o país.
Na mesma ocasião, no âmbito do Programa SUSTENTA Emergência, foi feita a entrega, simbolicamente, de insumos a 200 produtores em representação de um universo de 25 mil famílias beneficiárias. (Aunício da Silva, em Pemba)