Mães superam desnutrição em crianças no distrito de Rapale

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Nampula (IKWELI) – Pelo menos 45% de crianças da província de Nampula sofrem de desnutrição, segundo indicam dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), e as mulheres mães do distrito de Rapale, que dista a cerca de 15 quilómetros da cidade capital provincial de Nampula, estão a envidar esforços para mitigar o problema.

Baseadas no bairro dos Combatentes, no distrito de Rapale, mães que antes os seus filhos eram diagnosticados com desnutrição aguda e não só, contam histórias de melhoria a partir de adesão aos programas e/ou terapias de reabilitação por meio de papas e outras técnicas de processamento.

De acordo com estas mães, a carência de produtos alimentares e não domínio de preparação está por detrás da desnutrição em crianças em todas as formas.

No distrito de Rapale, uma região com potencialidades no sector da agropecuária, horticultura e criação de gado, o Ikweli conversou com algumas mães, das quais algumas, praticamente, perderam os seus filhos por falta de hábitos alimentares saudáveis, outros recorreram aos médicos tradicionais para resolver os seus problemas de saúde.

Exemplo disso, é a cidadã Luísa Nttotta, mãe de seis filhos, que perante a desnutrição procurou médicos tradicionais, mas em nada estava a resultar. “Um dia decidi ir ao hospital e lá fui perguntada se sabia preparar papa de farinha de milho e amendoim. Depois disso, receitaram-me multivitaminas e complexo B, isto para tratar a saúde do meu filho”, contou Luísa.

Outra técnica que a nossa interlocutora disse ter aprendido, por meio dos activistas destacados para àquela região, e que mudou a saúde do seu filho, é a preparação de amendoim pilado com folhas de batata-doce, um pouco de açúcar e sal, que sempre fez para dar a criança nas manhãs, ao meio-dia e nas noites durante dois meses.

“Recordo-me que quando os activistas vieram-me visitar, encontraram a criança bem gorda. Antigamente, a criança pesava 5 quilogramas, mas depois de adoptar a nova técnica de alimentação passou a crescer com saúde”, referiu Luísa Nttotta que disse ter, actualmente, o seu filho saudável.

Rosa Martins é outra mãe, de dois filhos, que testemunha a melhoria dos seus petizes, tudo por conta da adopção de novas técnicas de alimentação. De acordo com as suas palavras, “os meus filhos melhoraram muito, desde que tivemos uma palestra há meses. Sempre cozinho matapa de couve, folhas de batata-doce ou moringa, adicionando amendoim, com chima de farinha de milho. Antes, os meus filhos perdiam apetite, estavam muito fracos com sinais de malnutrição, mas agora brincam e mostram sinais de vida saudável”.

No combate e prevenção a desnutrição no distrito de Rapale, um dos activistas que assiste as famílias é Rafico Alberto, no âmbito de programas ligadas a área de saúde em crianças, filiado na Associação para Mudança e Desenvolvimento Comunitário (A.M.D.C).

“O nosso trabalho é ensinar e sensibilizar as comunidades sobre mudança de comportamento. Fazemos palestras em torno dos objectivos da saúde materna infantil, com vista a redução da taxa de mortalidade infantil no nosso distrito”, disse a fonte, explicando que “focamos, primeiro, nos cuidados durante a gravidez, sobre o que deve comer, alimentos com nutrientes para o bem-estar da própria criança, e ensinamos as mães a ir às consultas pré-natais. Após o nascimento da criança, orientamos as mães para dar o leite materno até os 6 meses, bem como o enriquecimento de papas”.

O papel dos técnicos nutricionistas

Do sector da saúde, entrevistamos a técnica nutricionista afecta ao Centro de Saúde de Rapale, Estamila Bernardo, que destaca a redução de casos de desnutrição em crianças no distrito de Rapale, em média mensal de 10% para 6% de casos.

“Antigamente, a comunidade não estava sensibilizada sobre os hábitos alimentares, por isso havia registo de muitos casos”, referiu a técnica, ao que “agora temos um projeto que nos apoia na área de nutrição que é Transform Nutrition. A partir deste projecto, as famílias sabem fazer o cruzamento de alimentos, através de excedentes produzidos localmente, com isso tem-nos ajudado muito por que tem reduzido os casos”.

Igualmente, “se a mãe tem a farinha de milho pode juntar, fazer caril de ovo, pois tem as proteínas. Na farinha de milho tem hidrocarbonetos que dão energias, e tem os vegetais, as folhas de couve, folhas de batata-doce, abóbora e a moringa. E além de palestras, fizemos demostrações culinárias pedindo as mães para que cada uma traga aquilo que tem”, explicou a nutricionista Estamila Bernardo.

Finalmente, a técnica disse à nossa equipa de reportagem que quando a criança é diagnosticada com desnutrição, o agente que dá seguimento encaminha a criança no programa de reabilitação nutricional, para além da educação alimentar e reforçar as dietas. Ela [a mãe da criança] faz o seguimento no nosso programa e vai recebendo os suplementos até a data de alta”. (Texto: Atija Chá *Foto ilustrativa da autoria da ADPP Moçambique)

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