Nampula (IKWELI) – Alunos da escola secundária Marcelino dos Santos, na zona residencial de Namiepe, no bairro Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula, queixam-se de frequentes assaltos no recinto escolar, protagonizados, sobretudo, no final da tarde por indivíduos desconhecidos, que além de ameaçar as vítimas, roubam telemóveis e outros pertences.
Trata-se de uma situação que está a criar temor e pânico nos alunos, que apesar de várias queixas à direcção da escola, os assaltos continuam. Só na semana finda, foram registados mais dois casos.
Segundo os alunos, que clamam pela solução, o medo instalou-se no recinto escolar por conta da actuação dos malfeitores, que tem como alvos preferenciais alunas. Em declarações, as fontes contaram que os larápios são indivíduos que, alegadamente, coordenam com alunos da mesma escola com conduta duvidosa.
“Neste recinto acontecem muitas coisas. E para mim, que tenho visto tudo, o que é mais frequente são roubos de telefone. Isso acontece muito mais no período de tarde, tem aquelas alunas que depois das aulas não vão directamente para casa e ficam aqui a espera dos seus namorados e quando eles [malfeitores] chegam se aproveitam delas”, expôs entristecida e inconformada uma estudante da 9ᵃ classe.
“Esses não são taxistas e muito menos alunos”, afirmou outra fonte, que não quis ser identificada, a qual não hesita em informar que “esses malfeitores combinam com alguns alunos daqui da escola, tendo em conta que quando os indivíduos estão aqui vejo eles conversando”.
Albano Alberto, outro estudante daquele estabelecimento de ensino, que dista menos de 500 metros da 5ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique, em Namiepe, comenta que “vejo muitas pessoas que vêm de mota e criam barrulho aqui na escola, os mesmos nos roubam só para nos trazer desgraça”.
À reportagem do Ikweli, contactou o director da Escola Secundaria Marcelino dos Santos, José Pereira Macuta, este que confirmou a ocorrência de frequentes assaltos aos alunos, com destaque para as do sexo feminino, tendo contado que “dois indivíduos desconhecidos que trajavam-se de uniformes escolares, fazendo se passar de alunos, foram flagrados, na semana passada, querendo se apoderar de um telemóvel de uma aluna. Entretanto, um deles foi neutralizado e outro conseguiu escapar e mandamos para a 5ᵃ esquadra”.
José Pereira Macuta, que diz ter denunciado a esquadra próxima, reconheceu que o frequente movimento de malfeitores tem estado a perturbar o ritmo normal das aulas, e um dos motivos que apontou é a falta de uma vedação, o que contribui para a entrada de indivíduos estranhos no recinto escolar.
Afinal a falta de vedação inquieta, também, os alunos, tal como manifestou Jackson Bernardo, estudante da 11ᵃ classe. “Outra coisa que faz com que esses assaltos aconteçam, acho eu, é por não temos um muro, e com esta situação eles se aproveitam. Existem algumas pessoas que se fazem de taxistas de moto e alunos da escola, mas na verdade não são, mas vêm aqui para arrancar celular”.
Por outro lado, pais e encarregados de educação dos alunos da escola secundária Marcelino dos Santos mostram-se preocupados com o elevado nível de onda de criminalidade, e deste modo dizem que “esses casos de roubos são preocupantes. Eu tenho dois filhos que estudam lá, mas sempre agradeço, quando eles estão no quintal”.
Outra encarregada interpelada pela nossa reportagem, foi a senhora Zena Amade, esta que diz que está preocupada e não fica tranquila enquanto os filhos não regressarem da escola, considerando que “vivemos num bairro perigoso, Namicopo é conhecido como área dos malfeitores, e aqui os inocentes são as principais vítimas”.
Outro pai e encarregado de educação que falou ao Ikweli é Cachimbo Paulo que clama maior vigilância, por parte dos agentes de Lei e Ordem, acreditando que se houvesse frequência de patrulha, o cenário poderia mudar, apontando que a insegurança no seio dos alunos é grande.
O que diz a Polícia
O Ikweli dirigiu-se à 5ª Esquadra da PRM, localizado nas proximidades da escola em causa, e de lá ficamos a saber que os assaltos são reais e frequentes.
Referindo-se a um dos casos que deu entrada na Polícia, um oficial em serviço explicou que houve um caso, mas “o indivíduo já está solto, ele não tinha processo, quem poderia processar séria a menina. A direção da escola deixou a decisão para a aluna, segundo o director da instituição, se o indivíduo fosse um dos alunos a direção da escola poderia responsabilizá-lo. Assim que a escola não veio, nem a moça roubada abrir o processo, nós tivemos que solta-lo”. (Vânia Jacinto)