Com a Polícia armada nas ruas: Dia de entrada em vigor da TSU foi calmo e frio em Nampula

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Nampula (IKWELI) – A cidade de Nampula acordou “frágil” e sem agitação como o habitual, tanto que alguns serviços não funcionaram na plenitude. Escolas encerradas, crianças mantidas em casas e o ruído reduzido, tanto que o Secretário de Estado na província de Nampula, Mety Gondola, cancelou a sua presença num evento por temer segurança.

Logo pelas primárias horas da manha, a reportagem do Ikweli estava nas ruas, onde observou que a agitação que tem caracterizado o maior centro urbano do norte de Moçambique não existia. Os “chapa-100” que, regularmente, correm como se tivessem a fúria de animais, nesta quinta-feira, 14 de Julho, data em que foi deu-se a entrada em vigor da Tabela Salarial Única na Administração Pública, eram os mais civilizados possíveis.

Em dias comuns, no horário entre as 5h30 e as 9h não é fácil atravessar a entrada do mercado grossista do Waresta, nos arredores da autarquia, mas a 14 de Julho era o lugar mais calmo e organizado para se passar. Os automobilistas particulares que, recorrentemente, são “humilhados” pelos “chapeiros” podiam, tranquilamente, passear a sua classe e conduzir num a vontade.

Durante a nossa estadia nas ruas, conversamos com alguns cidadãos e a tónica era única: “em Nampula não se faz greve”, mas os comentários em esquinas, barracas e transportes de passageiros era mesmo o alto custo de vida.

“As coisas estão difíceis, mas não temos o que fazer”, disse a senhora Matilde Peixoto, entrevistada pelo Ikweli no mercado grossista do Waresta. Vendedeira de mandioca confeccionada e molho de tomate no mercado de Naloco, esta fonte disse, ainda, que “hoje não foi fácil apanhar chapa-100, parece que não estão a funcionar todos. Para sair de Muahivire para Waresta não foi nada fácil”.

Outros locais que, normalmente, registam agitação e que na manha desta quinta-feira estavam as moscas são a zona da padaria sipal, a zona da Faina, o mercado do Matadouro, a zona de Naloco, a zona da Padaria Nampula e a zona da Memória.

Segundo constatamos, as pessoas tiveram o receio de se fazer as ruas, temendo por uma provável manifestação anunciada nas redes sociais, cujo rosto e mentores são desconhecidos.

No bairro de Namicopo, o Ikweli conversou com alguns jovens, os quais não escondiam o seu interesse em participar na manifestação em reivindicação ao elevado custo de vida.

“Eu posso participar na manifestação numa boa, basta só aparecer uma pessoa corajosa para avançarmos”, disse Jaimito, que comenta que “as coisas não estão boas, pior para nós que não trabalhamos. Precisamos que o governo pense em nós, porque somente estão a falar de funcionários públicos”.

Por seu turno, a Polícia da República de Moçambique (PRM) esteve em prontidão, tanto que durante ao meio dia de ontem convidou a imprensa para acompanhar o trabalho de fiscalização do comando provincial a certos pontos.

O movimento, até a esta hora, em vários pontos da cidade era, ainda, fraco, sobretudo nos principais pontos de aglomeração.

Os operadores de táxi de mota queixaram-se da falta de clientela, pois há quem tenha ficado o dia todo sem carregar um único passageiro.

“Ouvimos nas redes sociais que em todo mundo há-de haver uma manifestação, através do custo de vida”, começou por dizer um taxista de mota entrevistado pelo Ikweli no mercado do Waresta, o qual prossegue afirmando que “logo as 3h o movimento já estava muito fraco. A polícia cercou aqui. Outras pessoas acabaram fugindo, por isso ficamos aqui desde de manhã sem nada. Não há movimento, não há o quê, só estamos aqui a esperar só”.

A mesma anota ainda que “íamos conseguir uns 100,00Mt (cem meticais) para sustentarmos as crianças em casa, mas sendo assim estamos mal”.

Tino Xavier, outro taxista de mota, conta que “saímos de casa e não estamos a ver nada, porque não há passageiros”. A mesma posição, também, é partilhada por Jaime, outro operador de táxi de mota que tem a sua praça instalada no mercado do Waresta.

Por seu turno, Gilberto Ínguane, director da Ordem no comando provincial da PRM em Nampula, disse que naquele ponto do país não se registou a ocorrência e atos de distúrbio e/ou que colocassem em risco a ordem e segurança públicas.

A fonte diz-se satisfeito com o comportamento dos citadinos.

“Gostaríamos de saudar a população da província de Nampula, pelo comportamento que adoptou face a estas propaladas manifestações”, disse Ínguane, comentando que tal saudação é pelo “ter escolhido ir trabalhar e produzir, e não adesão a estas manifestações desordenadas que estamos a assistir em algumas províncias do nosso país”.

Por fim, o Director da Ordem no comando da PRM em Nampula, concluiu que “a nossa população de Nampula não é uma população desorganizada, é uma população com foco, com objectivos claros”. (Aunício da Silva e Constantino Henriques *Fotos: Hermínio Raja)

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