Instrutor da CAF ameaça cancelar curso de treinadores do nível B em Nampula por questões organizacionais

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Nampula (IKWELI) – Arrancou no último domingo (10) na cidade de Nampula o curso de treinadores de futebol de nível B da Confederação Africana de Futebol (CAF B), envolvendo as províncias de Cabo Delgado, Niassa, Zambézia e a anfitriã, mas o futuro da formação é incerto devido a questões organizacionais.

Apesar de a formação ter iniciado no passado domingo, a abertura oficial do curso deu-se nesta terça-feira (12), no salão nobre do Clube Ferroviário de Nampula, e aponta-se como um dos motivos a componente organizacional.

Foi na abertura oficial daquele acto formativo onde Abdul Abdulá, instrutor encarregue para dirigir o curso, mostrou o seu descontentamento com o nível de organização apresentado pela Associação Provincial de Futebol de Nampula, que para ele não se adequa com a magnitude daquele tipo de formação.

Segundo apuramos, o nível de organização de Nampula face àquele curso reflecte-se no tipo de alimentação que é providenciada aos cursandos, bem como dificuldades de transporte de e para o Estádio 25 de Junho, local das aulas práticas.

“Eu tenho poucas palavras a dizer, até ao momento já consenti uma série de situações, mas, se doravante verificar que essas situações prevalecem, vou solicitar, portanto, a estrutura da Federação Moçambicana de Futebol que faça o cancelamento deste curso aqui na província de Nampula”, disse Abdul Abdulá, para quem “não quero dizer que as coisas estão de tal ordem que nós não podemos recuperar, mas há aspectos que não devem ser vistos de ânimo leve”.

Para o instrutor, as condições a serem criadas devem estar à altura do tipo de pessoas que participam aquele tipo de curso. Aliás, segundo Abdulá “não são crianças que estão aqui a tirar um curso de treinadores da Confederação, são pessoas formadas, são licenciados, são treinadores de clubes, são empresários, têm sua personalidade, são pais de filhos e não podem ser tratados como estão neste momento em que nós somos obrigados em determinado momento a ter que esperar pelo transporte para fazermos distâncias a sairmos desta zona para a outra zona onde está o campo do Ferroviário, as vezes com dificuldades de transporte”.

“Portanto, que as situações sejam solucionadas o mais rápido possível para que eu possa, também, sentir-me acomodado de forma a trabalhar como moçambicano que sempre foi o meu apanágio, no sentido de contribuir para o desenvolvimento de futebol em Moçambique, concretamente na área de formação”, precisou Abdul Abdulá.

Segundo apuramos, o nível da desorganização começou a se sentir logo na chegada dos dirigentes da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) no aeroporto internacional de Nacala, com destaque para o Director do gabinete técnico, Arnaldo Salvado, em que a APFN não criou condições de recepção e transporte da zona económica especial a cidade de Nampula, o que em certa medida desapontou ao mister Salvado. Aliás, segundo apuramos, Salvado chegou a Nampula graças a uma boleia de um dirigente de um dos clubes de Nacala. Segundo mesmas fontes, Salvado vinha a Nampula para dirigir as cerimónias de abertura do curso, actividade que não chegou de se realizar porque dia antes regressou a capital moçambicana.

António Alfina Moisés, presidente da APFN, admite haver falhas na sua colectividade e que foram reflectidas nos primeiros dias do curso. Entretanto, aponta a própria FMF como que não colaborou para que o curso tivesse um arranque inequívoco.

“A falha que houve aqui, é que a própria Federação Moçambicana de Futebol, a parte financeira, chegou muito tarde, nós tínhamos que usar recursos particulares. Então, isso é um transtorno, mesmo na parte de recurso não há fundo de transporte que a FMF nos deu, por isso nós temos que bater as portas para podermos continuar, porque nós queremos o curso aqui na cidade de Nampula, nós temos que fazer o sacrifício”, disse o timoneiro da APFN.

“A Associação não tem valores, depende da FMF, e nós não recebemos a segunda tranche, então na parte de transporte temos que ser nós a soar, a bater portas, emprestar daqui, dali, até que tenhamos a tranche para pagarmos transporte, porque a conta foi errada, eles deviam ter incluso o próprio transporte, mas dentro do orçamento não tem transporte”, acrescentou Alfina.

Sobre a alegada insatisfação do mister Salvado, Director do gabinete técnico da FMF, António Alfina Moisés entende não fazer sentido. “Isso não é justo, porque a FMF tem ajudas de custo, por isso não podia vir aqui para poder reclamar, não seriamos nós a tirarmos de Nacala para aqui. A Associação não tem dinheiro, nós também dependemos da FMF e neste momento não recebemos dinheiro da segunda tranche, como é que vai ser?”, questionou a fonte.

Apesar das adversidades, o presidente da APFN reiterou o seu comprometimento em tudo fazer no sentido de sanar as irregularidades constatadas. “Vamos trabalhar no sentido de melhorar, um homem aprende errando, e acho que as coisas estão a correr bem, vamos fazer o curso até terminar”, sublinhou.

Participam no curso 25 técnicos, dos quais 13 provenientes na província de Nampula, 6 da Zambézia, 5 de Niassa e um de Cabo Delgado. (Constantino Henriques)

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