Nampula (IKWELI) – Residentes da Unidade Comunal Marie Nguabi, no posto administrativo de Muhala, nos arredores da cidade de Nampula, no norte do país, invadiram um cemitério local para erguer as suas habitações, perturbando assim o repouso eterno dos falecidos ali sepultados.
O que para muitos parece anormal, os invasores é algo completamente comum, tanto que não aventam a hipótese de abandonar o local, tal como disse a dona Ana Alberto que vive no cemitério há 3 anos.
“Cheguei nesta zona por desespero e sem onde morar. Estou nesta zona desde 2019, sou desempregada e pratico o comercio informal para, pelo menos, ver si consigo arranjar um lugar adequado para viver”, disse esta entrevistada, prosseguindo que “muitos jovens recorrem este cemitério para o consumo de drogas e mais outras práticas, durante o período da noite”.
Outra cidadã que decidiu por erguer a sua habitação entre os túmulos é a jovem Natércia José, justificando que se encontra no local porque segue o seu marido, mas “não estou feliz por saber que varias pessoas usam as campas para a realização de várias atividades. Tenho dois filhos e não aceito que eles brinquem neste local”.
Custódio Alfredo, também, residente no mesmo cemitério diz que a maioria preocupação é mesmo com os jovens que usam o local para o consumo de drogas.
“Não tenho outra opção, por isso estou aqui, próximo das campas, e a situação que nós vivemos aqui é lamentável e doloroso, porque os malfeitores, após praticarem as suas atividades na calada de noite, refugiam-se neste cemitério como o seu local de esconderijo”, disse o senhor Alfredo.
Fátima Ali, chefe do quarteirão onde se situa o cemitério, diz que a situação é preocupante, tanto que têm vindo a sensibilizar as pessoas para abandonarem o local. (Nelsa Momade)