Nampula (IKWELI) – Dois agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), uma das temidas forças especiais da Polícia da República de Moçambique (PRM), encontram-se detidos nas celas do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), em Nampula, indiciados da prática de crime do tipo sequestro.
A porta-voz do SERNIC em Nampula, Enina Tsinine, conta que o facto criminal ocorreu no dia 1 de Junho, a partir da vila de Nametil, distrito de Mogovolas.
Esta fonte conta “que um indivíduo vendeu a sua motorizada e a posterior simulou ter sido roubada, convidando assim dois agentes da UIR que fossem até ao indivíduo para poder lhe retirar a motorizada com a ameaça de que a mota era roubada.
Nas incursões em que os mesmos fizeram, tiveram que simular a venda de uma outra segunda motorizada no valor de 30.000,00Mt (trinta mil meticais), o qual foram recebendo via e-mola. Depois de enviar o valor, marcaram com os mesmos indivíduos no distrito de Mogovolas para a entrega da motorizada.
Facto curioso é que os agentes obrigavam que os compradores fossem lá da motorizada anterior que tinha sido vendida. Quando chegaram no ponto de encontro, eles foram algemados e levados para a cidade de Nampula, e durante o caminho foram negociando a liberdade deles no valor de 100.000,00Mt (cem mil meticais). Não tendo o valor, foram baixando as negociações de 100.000,00Mt para 65.000,00Mt (sessenta e cinco mil meticais), 45.000,00Mt (quarenta e cinco mil meticais) até, por fim, 10.000,00Mt (dez mil meticais).
Chegados a cidade de Nampula, segundo Tsinine, “liberaram o proprietário da motorizada que tinha vendido, ficando com os dois indivíduos que vinham do distrito de Mogincual e levaram para o bairro de Namutequeliua, no cativeiro que tinha sido preparado para poder deixar os mesmos, enquanto aguardavam pelo valor que devia ser entregue pela família, mas na insistência da família de poder ter contacto com os seus parentes antes de enviar o valor, os dias foram passando até ao momento em que o SERNIC foi comunicado. Fizemos incursões no dia 4 que culminou, primeiro, com a neutralização do dono da motorizada que foi nos levando, por coincidência, na casa de um dos colegas que é da UIR, e ele indicava um outro colega e os outros”.
Nesta circunstância, a porta-voz do SERNIC diz que, em termos materiais, “temos a mota que tinha sido vendida para um outro indivíduo no distrito de Angoche, no posto administrativo de Namaponda”.
Umas das vítimas contou o martírio porque passaram. “Nós fomos sequestrados por 2 homens, no dia 1 de Junho. Ficamos presos dentro de uma casa, durante 3 dias. Nossa comida era pão no matabicho, pão no almoço e jantar. Dormíamos algemados, tudo fazíamos com algemas nas mãos, como eles diziam que eram FIR (antiga designação da força antes da UIR), sempre nos batiam com uma vara. Eles nos pediram 100 mil pela nossa soltura”.
Os dois agentes da UIR, também, tem a sua versão sobre os factos. O primeiro conta que “o meu irmão me apareceu no dia 1, alegando que tinha sofrido um roubo de mota, então ele dizia que recebeu pistas que a mota estava em Nametil com uma pessoa que comprou a mota. Ele queria que eu recuperasse, dai eu fui falar para o meu colega sobre a situação, e ele, também, entrou no plano para ajudarmos o meu irmão. Eu liguei para um primo meu, ele veio, expliquei a situação e depois saímos todos”.
O segundo indiciado, conta que “saímos com o dono da mota, o meu colega e o dono do carro, encontramos as pessoas que compravam a mota e elas assumiram que compravam a mota, porque o dono tinha documentos. Dali, eram 15 horas, saímos de Nametil para a cidade, mas já era tarde”, por isso decidiram por num cativeiro e não numa subunidade policial. (Vânia Jacinto e Redação)