Nampula (IKWELI) – Pelo menos dez (10) funcionários do sector da saúde afectos ao Hospital Central de Nampula (H.C.N), na zona norte do país, foram afastados por demissão e expulsão no aparelho do Estado, iniciados da prática de actos ilícitos, dentre os quais as cobranças ilícitas e o mau atendimento aos utentes.
Ao todo, no período em referência, e no sector da saúde da mais populosa província do país, foram expulsos 11 funcionários.
A decisão das autoridades do sector da saúde resulta das constantes queixas apresentadas pelos utentes, sobre o mau atendimento e cobranças ilícitas nos hospitais, envolvendo o pessoal técnico enfermeiro, administrativos, agentes de serviços e seguranças, onde o banco de socorros, pediatria, enfermaria, maternidades e banco de sangue, são apontados como os locais mais vulneráveis da prática de actos ilícitos em prejuízo aos que procuram pelos cuidados de saúde.
Desta acção das autoridades do sector da saúde em Nampula, o director geral do H.C.N, Cachimo Mulina, refere que a medida aplicada surge para disciplinar os agentes do Estado que exercem as suas funções naquele que é a maior unidade sanitária da região norte, dada a sua maior responsabilidade nos cuidados aos doentes.
“É sabido por todos nós que a saúde é um direito para toda a população moçambicana e, uma das questões que se coloca é que essa saúde tem de ser prestada com qualidade e humanismo. É nesta senda que o Hospital Central de Nampula, sendo a maior unidade sanitária da zona norte, que tem de velar pela população da província de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e uma parte da Zambézia, tem uma responsabilidade acrescida”, recordou o director Cachimo Mulina, numa colectiva de Imprensa solicitada pelo Serviço Provincial da Saúde (S.P.S) em coordenação com a Direcção-Geral do Hospital Central.
“Temos acompanhados, através dos meios de comunicação e o nosso gabinete de utente, que tem havido mau atendimento que, com base nisso, a direcção do hospital teve de fazer um trabalho, e das medidas tomadas, houveram denúncias de cobranças ilícitas na nossa maternidade e a equipa teve de trabalhar para saber quais eram as motivações. Com base nisso, foram instaurados processos disciplinares e encaminhadas às entidades competentes que tomam as decisões e que já têm os seus desfechos”, informou.
Nesse sentido, “os processos instaurados terminaram em demissão e expulsão de alguns funcionários que trabalham na maternidade e outros sectores, em número de 10 que a partir deste momento não fazem parte do Hospital Central de Nampula”, concluiu o director do maior hospital da região.
Já a directora do Serviço Provincial da Saúde em Nampula, Munira Bin Abdou, deu a conhecer que em toda a província, 44 processos disciplinares foram instaurados em igual número de funcionários, sendo 11 que resultaram em demissão e expulsão do aparelho do Estado, sendo os distritos de Angoche, Mossuril, Memba, Nacarôa, Eráti, Moma, Liupo, Malema, Mogincual, Larde, Moma e Nampula os mais destacados.
A dirigente sublinhou que os locais mais sensíveis são os do primeiro contacto nos hospitais e unidades sanitárias, razão pela qual o sector que dirige está a redobrar esforços, no sentido de tornar sólidos os trabalhos de vigilância a nível de todos os hospitais e centros de saúde.
Outro mecanismo de fiscalização não menos importante, de acordo com a Dra. Munira Bin Abdou, é a existência do Comité de Gestão e Humanização, criado para fazer a ligação entre a comunidade e o hospital, onde a população pode apresentar as suas reclamações, para além da linha verde do sector da saúde, através do número 110.
“Não podemos permitir que as pessoas venham ao hospital por uma situação de saúde e sejam cobradas, porque a saúde é gratuita. Então, se dissemos que a saúde é gratuita, não podemos ter pessoas que tentam desviar esse nosso foco, é da nossa responsabilidade cuidar da nossa população, cuidar desses doentes e com maior dedicação, que nós fizemos o juramento”. Contudo, “as pessoas que não estão alinhadas daquilo que é o nosso juramento de servir e cuidar da nossa população, que o nosso maior valor é a vida, não podem fazer parte deste nosso quadro”, advogou a dirigente do S.P.S de Nampula, para quem o sector está implacável para retirar do quadro os funcionários mal-intencionados. (Esmeraldo Boquisse)