Palma (IKWELI) – O dia 27 de Março de 2022 devia ser de rotina normal para dois pescadores da vila de Palma, na província de Cabo Delgado, mas o destino mostrou o contrário, tanto que foram mortos por agentes do Estado.
Foram para mais uma actividade de sustento familiar, mas regressaram sem vida. Ao invés de receber peixe, os familiares receberam cadáveres. Esta é a história de dois chefes de familiares, que em pouco tempo, a sua vida terminou devido a suposta intolerância de elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Dois pescadores da vila de Palma, foram mortos no dia 27 de março findo, depois de terem sido torturados por elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), alegadamente por terem sido encontrados, em um lugar onde não deviam estar. É mais uma prática que mancha o bom nome das forças moçambicanas e amplia as acusações de não respeito a vida e direitos humanos.
Em causa está o facto das vítimas, que perderam a vida no Posto Policial de Quitunda, para onde foram levados depois de várias torturas por mais de 10 elementos da UIR, por terem sido encontrados a pescar numa zona, chamada Ngodji, onde é proibida a circulação de civis incluindo pescadores.
Um morador local, identificado por Amisse, contou à nossa reportagem que “os cerca de 10 agentes foram vistos por várias pessoas a maltratarem os pescadores, mas não poderiam fazer algo, se não denunciar, aos militares ruandeses, considerados como sendo forças amigas da população de Palma”.
“Os pescadores tinham ido numa ilha próxima, aqui mesmo em Palma, depois sobressaíram os da FIR (referia a UIR), bateram até a morte. Os da UIR têm uma atitude, quando matam pessoas eles abandonam no mato, mas esses dois pescadores trouxeram em Quitunda, nos últimos momentos de vida, porque algumas pessoas viram quando estavam a fazer”, contou, para depois explicar que o local da ocorrência não dista tanto da vila sede de Palma.
“É aqui perto, ali na zona de Ngodji, perto mesmo de onde vão tirar o gás, nem chegam 5 quilómetros daqui da vila, só que os ruandeses já foram informados e disseram que vão seguir o caso e nós aqui acreditamos que vão também punir”, comentou a nossa fonte.
Outras fontes, referem que os pescadores pararam nas mãos dos elementos da UIR, devido a ventania que naquele dia soprava tanto, e os mesmos não foram capazes de dominar as suas canoas tendo sido arrastados até onde está a posição e daí confundidos como se de terroristas se tratasse.
“Só que o que as pessoas foram ditas pelas forças de Ruanda é que todos aqueles que, por várias circunstâncias forem capturados, deve-se perguntar os líderes se são ou não terroristas”, explicou uma delas, mas concluiu que neste caso não aconteceu.
A morte dos pescadores que é atribuída àquela unidade das Forças de Defesa e Segurança, acontece numa altura em que a vila de Palma e aldeias arredores, regista regresso paulatino de famílias que tinham, em 2021, se deslocado à diferentes pontos de Cabo Delgado e Nampula, devido ao incremento de ataques terroristas na região. (Redação)