Nampula (IKWELI) – O director do Hospital Geral de Marrere (HGM), Carlos Santos, entende que o avançado estado de degradação das vias de acesso que ligam aquela unidade sanitária a outros pontos da autarquia de Nampula tem contribuído na danificação da ambulância alocada a instituição que dirige.
Para chegar ao HGM é um martírio, tanto a via principal, assim como as alternativas estão em péssimas condições de transitabilidade.
“Em princípio, nós temos uma ambulância que foi alocada no ano passado, que é nova. Achávamos que com a reabilitação da estrada a ambulância duraria muito tempo. Contudo, aconteceu aquilo que sabemos, a estrada foi interrompida para mais intervenções e temos as estradas alternativas que é a via de Mutauanha, passando pela fábrica de cervejas e a de Natikiri, que passa pela escola secundária de Natikiri”, informou o director.
O doutor Carlos descreve que a via de Natikiri, para além de não ter condições favoráveis, ela é distante quando comparada as outras, por isso as ambulâncias levam muito tempo para chegar nos hospitais carregando doentes. Enquanto isso, a estrada que passa pela fábrica de cervejas está num avançado estado de degradação, apesar de não ser tão distante, e quando chove há locais que ficam alagados, surgindo pequenos pântanos que condicionam a transitabilidade de todo o tipo de automóvel.
“A nossa viatura apesar de ser nova, já mostra sinais de cansaço, sobretudo na componente de suspensão, faz barrulho, o que não esperávamos que acontecesse em dois anos, a viatura não fez dois anos, mas já tem esse problema”, sublinhou o entrevistado para depois explicar que o H.G.M tem como referência o Hospital Central de Nampula, mas pela sua categoria este serve de referência para os outros hospitais distritais, no caso de Mecubúri, Rapale e Murrupula.
“Os casos que os colegas sabem que podem ser referidos para Marrere eles mandam para nós, mas só de imaginar a estrada que têm de usar para vir para aqui preferem mandar para o hospital central, então é um problema muito grave”, acrescentou.
Ao Ikweli, a fonte disse que a degradação das vias de acesso origina, igualmente, o descongestionamento do hospital que dirige, na procura de serviços no atendimento externo, nomeadamente, as consultas pré-natais, triagens de pacientes adultos e crianças, uma vez que nota-se uma certa concorrência no acesso ao transporte público de passageiros, vezes há que os transportadores paralisam as suas actividades devido ao mau estado das vias, até mesmo agravam a taxa no acesso a esses meios pelos munícipes.
Segundo o director Carlos Santos, em média diária, o H.G.M faz transferência de pelo menos três pacientes em estado grave para o Hospital Central de Nampula, e que precisam de cuidados intensivos. Além disso, no processo de transferência, antes da degradação das vias e consequentemente a sua interrupção, percorria-se o troço em menos de 15 minutos para se chegar à unidade de referência, mas actualmente leva-se 45 a 60 minutos, o que não é favorável.
“Todos os doentes que estejam com um nível de consciência baixo ou grave temos de mandar para o hospital central, e nós temos uma média de três doentes diariamente. A estrada influencia porque há doentes que inspiram muitos cuidados, precisam de transitar com um conforto, o que é impossível, por mais que tivéssemos uma ambulância com todas as condições”. Aliás, “alguns desses doentes têm que ir com medicações em curso. Então o doente chega nas condições não ideais”, referiu.
Na mesma abordagem, a fonte revela que as consequências decorrentes a degradação das vias de acesso, também, resume-se na assiduidade dos profissionais de saúde afectos naquela unidade. E a justificação encontrada é de que maior parte destes não dispõe de transporte pessoal, estão dependentes do transporte público de passageiros, facto que afecta o cumprimento de metas no atendimento à cidadãos que procuram pelos serviços de saúde em Marrere. (Esmeraldo Boquisse)