Vahanle “chora” pelo dinheiro que investiu na estrada de Marrere

Nampula (IKWELI) – A execução de qualidade, e consequente produto desejado, era um dos maiores trunfos com que o autarca de Nampula, Paulo Vahanle, e o seu partido Renamo contavam com o término das obras de construção dos 1200 metros da estrada que liga a EN1 e o Hospital Geral de Marrere, mas a realidade mostrou cenário indesejado.

Com pompas e circunstância, Vahanle inaugurou a estradas, mas o teste veio com as primeiras chuvas. O mínimo de alcatrão que tinha sido colocado foi arrastado pelas águas das chuvas, e como se não bastasse, a transitabilidade ficou interrompida.

Para executar aquela obra edilidade dispunha de 28.994.771,80 (vinte e oito milhões, novecentos e noventa e quatro mil, setecentos e setenta e um meticais e oitenta centavos), e o foi a ZAC Construções que venceu o concurso público para aquela obra histórica. Mais adiante, o empreiteiro e o fiscal da obra concluíram que o valor inicial não era suficiente para cobrir, e com efeito o dono da obra teve de injectar mais 11.507.656,85 (onze milhões, quinhentos e sete mil, seiscentos e cinquenta e seis meticais e oitenta e cinco centavos), totalizando 40.502.428,65 (quarenta milhões, quinhentos e dois mil e quatrocentos e vinte e oito meticais e sessenta e cinco centavos).

A má qualidade da obra virou conversa de esquinas, café, bares e chapa-100 na cidade de Nampula, e um pouco por todo o país, o que fez com que pressão arterial do autarca do maior centro urbano do norte de Moçambique explodisse.

Diante desta situação, Paulo Vahanle viu-se obrigado a tomar alguma providencia. Convocou o empreiteiro, o fiscal, membros do seu elenco, da Assembleia Municipal e jornalistas para ao vivo enxovalhar os que tinham a responsabilidade de garantir a execução de uma obra com qualidade desejada.

“Meus senhores, nós inauguramos a estrada de Marrere no dia 04 de Janeiro. Havia muita inquietação sobre a qualidade da via e eu respondia que nós contratamos uma empresa que exibiu documentos e fazia-nos entender que era empresa ideal para construção. Aliás, era uma empresa de elaboração de projecto e seguido da construção da mesma estrada. Caso haja alguma irregularidade nós vamos responsabilizar, porque ainda estamos no período de garantia”, recordou o edil as suas palavras aquando da inauguração da estrada.

É dentro deste prazo de garantia que as águas das chuvas arrastaram tudo, e é, também, na mesma situação que ainda Vahanle tem por pagar a ZAC Construções o total de 8.000.000,00 (oito milhões de meticais).

Na reunião da última terça-feira (15), Vahanle disse que a mesma serviu para se explicar o por quê da estrada estar nas condições em que está, actualmente, depois da inauguração, enquanto ao fiscal da obra deve esclarecimentos da garantia por este dada ao município de que a infra-estrutura estava em condições.

Até porque o edil Vahanle vazou a informação segundo a qual, a empresa ZAC Construções usou 150 tambores do asfalto do município, uma vez que a firma disse que não tinha o material.

Recorde-se que este produto faz parte do lote de que o Ikweli escreveu, no passado (Edição 467 e 477), que o mesmo encontrava-se fora do prazo.

E agora….?

Chamados a responder as inquietações colocadas com um tom ameaçador, o fiscal Agostinho Euadera deu a conhecer que o parecer técnico indicava que o empreiteiro devia fazer a revisão topográfica, projecto de estrutura da ponte, o que culminou com o redimensionamento para garantir a estabilidade da mesma e a revisão da componente geotécnica, este último factor que propiciou a degradação da estrada.

Para o fiscal, o estudo geotécnico é o elemento principal que fez com que a estrada não durasse. Ademais, “através de um estudo conseguimos identificar uma zona estável no quilómetro 540, onde existiam um lençol freático muito elevado comparativamente aos outros pontos da via”. Além disso, “nesta situação elaboramos um parecer técnico ao dono da obra para que pudesse nos apoiar no melhoramento e este respondeu positivamente, tanto é que o departamento de construção do município dirigiu-se ao local e verificou de forma conjunta e de facto, o dono da obra aprovou o processo de estabilização daquela zona”.

No entanto, “o empreiteiro executou a estabilização. Infelizmente tivemos duas situações inesperadas que é, primeiro, quando foi feito o processo de estabilização era na época seca”, explicou o fiscal quando foi interrompido pelo presidente Vahanle exigindo a explicação clara sobre o que falhou para a má qualidade da obra, tendo o fiscal respondido que “o que falhou foi o estudo geotécnico. O estudo geotécnico foi o factor em causa, porque o projecto sem este estudo ficou difícil de avaliar quais eram as condições hidrológicas do mesmo. Quando apareceram as fissuras tivemos que fazer uma inspecção novamente o que nos levou a constatar que naquela zona tem três nascentes de água”.

Aliado ao fiscal da obra, o técnico de terraplanagem da obra, Bernardo Francisco, em representação do director técnico da estrada de Marrere e o director executivo da ZAC Construções, respectivamente, justificou-se nos mesmos moldes, o que não agradou ao Vahanle e o seu executivo que esperavam a presença de quem de direito da empresa que ganhou o concurso para a construção da estrada. (Esmeraldo Boquisse)

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