Nampula (IKWELI) – A cidade de Nampula, maior centro urbano do norte de Moçambique, ainda continua a registar escassez de hortícolas, em consequência da fraca produção movida pela falta de água durante os últimos meses de 2021 e a invasão, para habitação, da cintura verde onde é feita a produção.
Com a escassez de hortícolas, como é o caso de tomate, cenoura, repolho, cebola, entre outros, o preço de venda da pouca quantidade existente nos mercados conheceu um certo agravamento, forçando as autoridades do distrito, em coordenação com a província, a recorrem ajuda externa para o fornecimento.
O administrador do distrito de Nampula, Tarcísio Rafael, que falou em entrevista ao Ikweli disse ser desafiadora a falta de hortícolas, cenário que afecta sobremaneira a vida da população que procura por estes produtos ricos em vitaminas. Aliás, o distrito de Nampula é, também, conhecido pela sua riqueza de produção de hortícolas através das zonas ribeirinhas que possui e o posto administrativo de Anchilo, em destaque.
“De facto é uma realidade a escassez de hortícolas no nosso distrito. Se recordarmos que as alterações climáticas afectam a produção agrícola. No ano passado ficamos muito tempo sem a queda das chuvas, os rios quase secaram, as zonas ribeirinhas quase não tinham humidade para a produção das hortícolas, razão fundamental que fez com que tivéssemos ruptura”, descreveu o administrador.
A ruptura forçou, de acordo o dirigente, as autoridades a recorrerem aos outros distritos, como é o caso de Malema. No entanto, a necessidade de encontrar estratégias de melhoria e que facilitem a produção de hortícolas é o que se pode fazer, segundo entende o governante.
“Nós estamos a aproximar o instituto agronómico para nos ajudar a pensar como é que podemos nos virar perante a situação. Não podemos ficar dependentes das chuvas, temos de abrir furos ou uma outra alternativa, não podemos ter apenas o plano A que é das chuvas”, disse Tarcísio Rafael, para quem “vamos buscar solução para aquilo que nos apoquenta olhando ainda as alterações climáticas”.
Referente a campanha agrária em curso, o administrador Tarcísio garantiu ao Ikweli que tudo está aposto face ao alcance da meta de produção de cerca de 409.297 toneladas (quatrocentos e nove mil, duzentas e noventa e sete toneladas) de produtos diversos, num universo de 63.758ha (sessenta e três mil, setecentos e cinquenta e oito hectares) da área que se prevê lavrar.
Igualmente, o dirigente adiantou que até ao momento foi lavrada uma área de 56.094ha (cinquenta e três mil, noventa e quatro hectares), uma correspondência de mais de 80 por cento da área prevista.
Sobre a ocorrência de queda de chuvas no mês passado caracterizadas por ventos fortes, associado com a passagem da depressão tropical ANA, o administrador informou que os campos de cultivo do distrito de Nampula foram afectados em cerca de 22.6 hectares de produtos diversos. Contudo, a situação não condicionou, na sua totalidade, as metas planificadas pelo governo, dado que ainda há tempo de recompensar o que se perdeu.
“Pensamos que em termos de segurança alimentar para a população do distrito de Nampula, olhando aquilo que nós visitamos, bem como as reservas que as famílias têm, acreditamos que até meados de Março há uma reserva alimentar garantida”, adiantou o administrador, para depois concluir que “isso significa que produziram, venderam uma parte e a outra reservaram para o sustento. Neste momento, pode-se assumir que existe uma segurança alimentar garantida e temos em conta que os produtos que foram semeados na presente campanha até Março e Abril começarão a colher, então até lá estamos seguros de que temos uma reserva alimentar no nosso distrito”. (Esmeraldo Boquisse)