Nampula, (IKWELI) – O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) de Nampula, no norte de Moçambique, apresentou à imprensa, nesta quarta-feira (19), o último dos quatro funcionários públicos indiciados de incendiarem o gabinete do director provincial da Migração, na noite do dia 5 de Dezembro do ano passado 2021.
Trata-se de um indivíduo de 30 anos de idade, afecto aos Serviços de Migração no distrito costeiro de Angoche, que até a data da sua detenção, ocorrida na última terça-feira 18 de Janeiro de 2022, estava afecto no departamento de Arquivos e Documentação daquela instituição. Portanto, um conhecedor dos “podres” da instituição.
Refere-se ainda que os arguidos eram investigados pelo crime de falsificação de recibos de Documento de Identificação de Residentes Estrangeiros (DIRE), vistos para emprego, bem como passaportes aos cidadãos que precisavam dos serviços.
No caso particular deste indivíduo, ora detido, diz-se que tem ligações fortes ao caso, pois é apontado pelas autoridades como a pessoa que facilitou a entrada dos autores materiais do crime. Ao que tudo indica, o indivíduo teve acesso as chaves e abriu as portas para os outros indiciados entrarem e atearem fogo no gabinete do director provincial da Migração e o da sua secretária, respectivamente.
“O SERNIC tem aqui a apresentar o último integrante do grupo dos seis que incendiaram a direcção provincial da Migração. Nos últimos episódios apresentamos cá três funcionários da Migração e um deles, que seria o quarto elemento como funcionário e mais dois que foram autores materiais e apresentados pela P.R.M”, contou Enina Tsinine, porta-voz do SERNIC de Nampula.
A porta-voz informou que, através dos autores materiais ora detidos, foi possível a neutralização do quarto funcionário da Migração, por sinal a pessoa que os contractou no bairro onde residem e levou-lhes à Migração onde atearam fogo no gabinete do diretor.
“Ele é sim funcionário afecto no distrito de Angoche. Como puderam acompanhar, desde o início nós falávamos de queima de arquivo, os mesmos indivíduos são indiciados nos crimes de corrupção, bem como falsificação de documentos, para além do mandato que SERNIC executou ontem, ele também tem um mandato do Gabinete de Combate à Corrupção”, destacou Enina Tsinine.
No entanto, “depois do incêndio os indivíduos desenharam um cenário que pudesse despistar as nossas investigações, dado que, no local quando fizemos a nossa intervenção na busca de provas materiais, encontramos no teto pé-de-cabra, entre outros materiais que teriam usado para o incêndio. Tundo indicava que eles teriam escalado a janela e não as informações que apuramos agora, que simplesmente aquilo foi um disfarce para despistar as investigações. Na verdade, eles abriram a porta e depois montaram o cenário”, explicou à Imprensa.
Este indiciado nega as acusações que pesam sobre si, e nem se quer reconhece os autores materiais que o apontam como sendo o facilitador que criou condições para se aceder ao gabinete do seu director.
“O que tenho a dizer é que não fui à casa de ninguém, não conheço nenhum dos jovens que está aqui, e não contratei ninguém. Eles foram instruídos com recurso a arma de fogo para apontarem a mim. Eu não tenho chaves dos sectores da Migração. Estou aqui porque sou suspeito de praticar o crime, isso é normal”, recusou o funcionário indiciado de cometimento de crime de corrupção, falsificação de documentos e incêndio ao gabinete do director da Migração de Nampula.
Sabe o Ikweli que os outros funcionários, anteriormente detidos, encontram-se fora das celas sob caução, aguardando o julgamento em liberdade. (Esmeraldo Boquisse)