Murrapaniua: lixo de 5 anos preocupa moradores

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Nampula (IKWELI) – Os moradores do Quarteirão C, na Unidade Comunal Paulo Samuel Kankhomba, zona vulgarmente conhecida por Trim-Trim, bairro de Murrapaniua, na cidade de Nampula, mostram-se preocupados com a não remoção de resíduos sólidos naquela zona residencial, há cinco anos.

A última vez que os moradores daquele quarteirão beneficiaram dos serviços de saneamento do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, foi no período antes do assassinato bárbaro de Mahamudo Amurane, autarca que antecede a Paulo Vahanle, portanto, antes de 4 de Outubro de 2017.

De lá para cá, segundo consideram os moradores, a edilidade chefiada por Paulo Vahanle, transformou naqueles munícipes de seus enteados. Aliás, a falta de remoção de resíduos sólidos durante o período em referência, concorreu para a formação de uma montanha de lixo naquela zona residencial, situação que tira folego aos cidadãos, por temerem a eclosão de doenças, sobretudo de origem hídrica.

A moradora Joana afirma que “esse lixo está a fazer mal para nós que somos moradores daqui”.

“Nos anos anteriores aqui sempre havia lixo, mas nunca sentimos o que estamos a sentir hoje. Nos tempos sempre que enchesse o lixo o secretário ia lá no município e traziam camiões, e o lixo era tirado, isso até no mandato de Amurane”, continuou a contextualizar a fonte.

“A única vez que vieram aqui, puxaram o lixo da estrada e amontoaram aqui e fizeram esta montanha que está a ver. Isso não é montanha, é lixo que estava amontoado ali na estrada, e eles quando vieram puxaram dali para aqui logo foram embora e não voltaram mais. Por isso, desde que Paulo Vahanle entrou aqui não se tirou lixo, esqueceram que aqui, também, tem pessoas”, lamentou Joana Daniel.

Segundo acrescentou a fonte, “aqui no nosso bairro, comemos com moscas, dormimos com moscas, até as crianças comem com mosca, estamos muito mal. Estamos a pedir esse Vahanle para que sinta pena de nós, porque com essa chuva receamos a cólera, malária que não acaba e borbulhas. O muito é que essas nossas crianças aqui transformaram na praia delas, fazem tudo aqui. Nós estamos mal por isso pedimos socorro”, implorou aquela mãe.

Outro morador que falou ao Ikweli é João Zacarias que, também, lamenta a não remoção do lixo naquele ponto da cidade de Nampula. “De facto, onde vínhamos, há seis anos, quando estava o presidente Amurane, conseguia tirar o lixo, mas quando entrou esse senhor Vahanle é que não sei o que está a se passar. Um dia vinha aqui a máquina, mesmo naquele tempo que acaba serviço, por isso antes de fazer trabalho disseram que estava na hora e foram embora. Fizeram isso umas cinco vezes a voltarem sem fazer o trabalho”, contou o nosso interlocutor.

“De certeza, nós estamos a chorar. Ao Presidente do Conselho Municipal estamos a pedir para que venha aqui para, pelo menos, ver os pormenores desta lixeira. Isso é mais do que uma montanha. Nós nos sentimos abandonados, porque várias vezes mandamos cartas sobre o assunto, mas mesmo com isso não se fez algo”, disse João Zacarias.

“No ano passado foi achado aqui um fardamento policial, estavam aqui calças, camisa e algema, aquele problema foi resolvido. Portanto, o que nós esperamos aqui são muitas doenças. Neste momento, em todas casas está cheia de moscas, e sabemos que a mosca é o veículo principal de transmissão de doenças, ela vem e pousa neste lixo, depois daqui vai pousar na nossa comida e daí problemas de diarreia e outras doenças de origem hídrica, porque aqui ao lado existe, também, um reservatório de água”, disse Anselmo Gabriel Lucas, outro morador.

Outro receio de Anselmo Gabriel, é que “também, pode acontecer que a qualquer altura, possa se atirar aqui um feto, visto que há vários tipos de crimes, nós sabemos isso. Talvez depois de se reportar que aqui foi achado um feto é que pode aparecer aqui o conselho municipal”, frisou.

“Este lixo é a fonte principal de transmissão de doenças, e sabemos que neste nosso bairro não está urbanizado. Então, esperamos muitas doenças e muitas outras coisas”, referiu, acrescentando que “aqui às 22 horas existe um grupo de indivíduos que usa como uma fonte de criminalidade. Por isso, pedir o conselho municipal no sentido de criar condições de tirar este lixo, e a partir daí tomar algumas medidas, de tal forma que, se o local não está no mapa do conselho municipal, para nos comunicar onde é que podemos depositar o nosso lixo”.

Jaime Cristóvão, chefe da unidade Paulo Samuel Kankhomba, disse ao Ikweli, que o problema é do conhecimento das autoridades municipais de Nampula, porque por quatro vezes reportou aquele velho problema.

“Esse lixo, para mim é uma doença porque tenho quatro cartas que remeti ao Conselho Municipal falando sobre este lixo. Dizer que no ano antepassado vieram aqui os homens do Conselho Municipal e removeram apenas aquela parte. Isto é uma doença, porque os munícipes passam mal. Às vezes deitam cães mortos aqui e o cheiro vai nas casas dos munícipes, por isso aconselharia ao conselho municipal a vir remover esse lixo aqui”, precisou Jaime Cristóvão, chefe daquela unidade habitacional.

O que diz a edilidade?

Para Nelson Carvalho, director do departamento de Comunicação e Imagem no Conselho Municipal da Cidade de Nampula, não constitui verdade que o lixo tenha um tempo de cinco anos sem ser removido, porque, segundo seus argumentos, a quando da vitória da Renamo para o comando da autarquia, houve uma campanha cerrada de remoção de resíduos sólidos em todos pontos da urbe.

“Nós quando entramos neste município existiam montes de lixo em quase todos os bairros desta urbe. Felizmente, avançamos com várias campanhas de remoção de lixo e temos a certeza que todo aquele lixo que existia em todos bairros da cidade de Nampula foi removido, não obstante existirem locais que pode haver difícil acesso, mesmo assim, temos motocontentores que são alocados para remover o lixo nesses locais de difícil acesso. Portanto, não quero desmentir nem acreditar de que aquele lixo que se refere está lá há cinco anos”, disse Nelson Carvalho.

Apesar disso, o Director do Departamento de Comunicação e Imagem garante, mesmo sem avançar datas, que uma equipa será escalada para averiguar a situação que inquieta aos munícipes.

“Os camiões já estão a operar e há um plano que a EMUSANA (Empresa Municipal de Saneamento de Nampula) desenhou para remover aquilo que é resíduo sólido. Em relação ao lixo de que se referiu, precisamos que nos façamos a esse local para vermos quais são as condições que existem para a remoção desses resíduos sólidos”, disse a fonte, para quem “também, é necessário que os nossos munícipes tenham formas de como depositar o lixo. Se reparar, nós temos contentores em vários locais, mas os munícipes depositam o lixo no chão. Então, é fundamental que os munícipes nos ajudem nesse processo, que saibam que a situação de higiene não é somente da responsabilidade do conselho municipal, é de todos nós. Se não tratarmos o lixo, as doenças não vão aparecer somente para o Conselho Municipal, vão aparecer para todos nós”, concluiu Nelson Carvalho. (Constantino Henriques)

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