Nampula (IKWELI) – Alguns agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Nampula, voltam a ser acusados de exigirem benefícios em casos de furto e/ou roubo, quando identificam os autores, violando assim os princípios éticos e morais que norteiam a corporação.
Os agentes da Polícia da República de Moçambique são exigidos, de maneira constante, a serem modelos de honestidade, incentivando o combate a corrupção que continua a criar feridas à nação moçambicana, evitando se compactuar com os actos de corrupção, combater actos de que tendem a perturbar a ordem e segurança públicas, entre outras exigências.
Estes apelos são, veementemente, lembrados pelas chefias da Polícia, desde o Comandante-Chefe, Comandante-Geral e Ministra do Interior.
Um grupo de adolescente e jovens que, na cidade de Pemba (em Cabo Delgado), roubou valores monetários avaliados em cerca de 600.000.00,00Mt (seiscentos mil meticais) escolheu a vila de Namapa, no distrito de Eráti (província de Nampula), para gastar este produto do crime.
Desconfiado, um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM) aproximou-se do grupo, cujos membros são da idade compreendida entre 16 e 19 anos, e apercebendo-se que estava em gasto dinheiro proveniente do crime, este exigiu a sua parte, e garantiu alguma protecção ao grupo. Este grupo é constituído por 4 elementos, mas apenas 3 foram recolhidos para as celas da polícia.
Segundo contam os indiciados, o agente da Polícia exigiu que fosse pago para que não os encaminhasse a uma esquadra, e isso terá o rendido, pelo menos, 5.000,00Mt (cinco mil meticais).
“Dali mesmo, veio um polícia e disse: vocês putos estão a sair aonde? Eu disse estamos a sair da cidade”, disse um dos indiciados, continuando a contar a conversa com o agente da Lei e Ordem que os perguntou: “Então ali na cidade vendem o quê? Eu disse não vendo nada. Então disse, refresco, e nó tiramos 5.000,00Mt e demos aquele polícia e foi embora. Depois ligou e disse, putos não podem demorar aí, é melhor saírem agora porque há-de vir mais outros policias aí, logo chegaram full de polícias ali e começaram a nos perguntar…, logo saímos até na esquadra e dormimos ali mesmo e hoje (13 de Janeiro) chegamos aqui em Nampula”.
Para além de motorizadas e vestuários, os jovens compraram, também, telemóveis. Entretanto, o que mais lhes espantou, é que no tempo da sua apresentação a imprensa, feita na 1a Esquadra da PRM na cidade de Nampula, um telemóvel adquirido a dez mil meticais (10.000,00MT), também foi desviado por alguém da corporação.
“Outra coisa é que aquele comprou este telefone aqui. Eu, também, comprei outro de dez mil, mas aqui não tem, levaram lá mesmo em Namapa, tem um polícia aí”, disse o adolescente.
“Chegamos no armazém, e disse amigos vamos comprar motas. Eu comprei minha mota por 42.000,00MT, esse meu amigo comprou 32.000,00MT, aquele amigo comprou 60.000,00MT. Depois vieram dois policias e falaram que vocês putos compraram essa mota, o dinheiro dele apanharam aonde (em tom ameaçador) e eu falei que esse dinheiro roubei no meu boss, trabalho no indiano”, disse outro jovens, acrescentando que “esse polícia perguntou, então vão nos dar quanto, e disse não sei, fala você. Ele disse, tira refresco, e tiramos 5.000,00MT, eu com aquele meu amigo e entregamos depois trocamos de contactos e disse para lhe ligarmos para aproveitar passar no controle. Depois de cinco minutos ligou e disse, puto sair aí porque estão a vir outros polícias”.
Para aquele indiciado, também faltava o telemóvel do amigo. “Sim, falta um telefone ali. Aquele mais aquele outro telefone são meus, mas o telefone desse meu amigo não tem aqui. Os próprios chefes aí é que levaram, porque mesmo esse dinheiro contavam e escreviam no caderno com esses telefones. O próprio dinheiro, também, é pouco, não chega esse”, alegou.
Em defesa dos seus companheiros, Zacarias Nacute, porta-voz da PRM em Nampula, refutou as alegações dos jovens. “Segundo o trabalho que estamos a fazer, acreditamos que seja uma informação para tentar despistar aquele que foi o trabalho realizado pela PRM. Esses indivíduos foram neutralizados graças ao trabalho que a PRM fez, fazendo menção que logo que se aperceberam da presença policial puseram-se em fuga e, se estão sob nossa custódia, quer dizer que nenhuma dessas acções que eles imputam aqui tenha acontecido, daí que são informações infundadas vindas desses indivíduos, são delinquentes, e, provavelmente queiram sair daqui com alguma inocência, nesse caso, mas os bens aqui presentes falam por si e a PRM irá encaminhar o processo deles para que sejam responsabilizados pelo facto criminal”, precisou a fonte.
Refira-se a PRM conseguiu recuperar trezentos mil meticais (300.000,00MT), e o respectivo proprietário foi localizado. (Constantino Henriques)