Nampula (IKWELI) – Perto de 70 docentes a tempo parcial, e outros a tempo integral, da Universidade Lúrio (UniLúrio), em Nampula, ameaçam boicotar o início das aulas no ano académico que inicia a 17 de Janeiro corrente, em consequência do não pagamento dos seus ordenados referentes aos anos 2020 e 2021.
Segundo apurou o Ikweli, a UniLúrio deve aos docentes, pelo menos, o global de 7.624.772,89Mt (sete milhões, seiscentos e vinte e quatro mil, setecentos e setenta e dois meticais e oitenta e nove centavos).
A Faculdade de Ciências de Saúde é a mais afectada, estando com, pelo menos, 36 docentes nessa situação, o que pode comprometer o início das actividades lectivas, porque muitos deles garantem não exercer as suas actividades enquanto não forem pagos.
Nesta faculdade de Ciências de Saúde os afectados são, maioritariamente, os que fazem o acompanhamento dos estudantes estagiários no Hospital Central de Nampula.
Igualmente, há o caso de docentes das Faculdades de Engenharia, Ciências Naturais, Ciências Sociais e Humanas e Arquitectura e Planeamento Físico.
A nossa reportagem recebeu as primeiras denúncias deste caso em finais de Outubro de 2020, e uma investigação levada a cabo constatou que tratasse de uma verdade o não pagamento dos ordenados.
Na mesma investigação, apuramos que com a vinda da actual reitora, Leda Florinda Hugo, muitos actos administrativos deixaram de ser realizados na UniLúrio, sobretudo no que se refere a promoção e progressão na carreira por parte do pessoal docente.
Igualmente, apuramos que uma anarquia instalou-se naquela instituição pública de ensino superior, tendo como maior exequente o director de Recursos Humanos, Amir Jamal Abdala Afai, o qual é tido como um “paraquedista” na instituição depois que teve mobilidade a partir da delegação do Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) de Nampula.
Este director, segundo consta, tem vindo a prestar serviços que prejudicam o quadro do pessoal, bem como concorrem para a violação do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado em vigor no país.
Nossas fontes na reitoria da UniLúrio contam que, caraterizando o director de Recursos Humanos, “o dr. Amir Afai foi testa de ferro do reitor Noa, cúmplice pelos graves atropelos de actos administrativo pelo seu carácter de lambebotismo fora de comum. Depois seguiram-se um conjunto de actos administrativos fraudulentos que ele atribuiu a pessoas próximas ao prof. Noa, iniciando pela sua secretária (actual Directora do Gabinete de Cooperação e Relações Publicas), directores centrais como do gabinete jurídico, direcção dos serviços sociais, planificação, alguns técnicos de sua Direcção tidos como cúmplices, sendo que a estes ele atribuiu títulos de assistentes estagiários sem no entanto submeterem-se a um concurso público como rege a lei, usando para tal a figura de “conversão na carreira”.
Estas fontes consideram que a nova reitora “tinha tudo para dar certo, um ano depois da tomada de posse nada fez para resgatar a dignidade daquela jovem Universidade, e no lugar de atacar os problemas já identificados e herdados do professor Noa, antes pelo contrário agudizou os problemas retirando a pouco dignidade que restava à UniLúrio”, tanto que “para o espanto de todos no lugar de tomar medidas enérgicas que visassem resgatar e galvanizar o bom nome da UniLúrio, substituindo de imediato as pessoas mencionadas no relatório de cometimento de irregularidades graves, ela brindou a estas figuras com renovação de mandato e outros promovidos ou nomeados aos cargos de Director de serviços centrais”.
Por outro lado, consta das denúncias que nos chegaram que vários docentes têm vindo a solicitar mobilidade para outras instituições, mas a reitoria não tem dado parecer favorável.
O Ikweli está na posse de vários documentos e correspondências, incluindo um relatório de auditoria da Inspecção Geral das Finanças, que destapam o ambiente turvo que se vive na Universidade Lúrio. (Aunício da Silva)