Nampula (IKWELI) – A Polícia da República de Moçambique (PRM), em Nampula, apresentou esta quinta- feira (30) um dos dois jovens contratados para atearem fogo no gabinete do director do Serviço Provincial de Migração de Nampula a 05 de Dezembro do ano em curso.
Foram dois jovens contratados pelos funcionários de Migração, mas a PRM conseguiu neutralizar um deles e o outro encontra-se foragido.
“Das investigações feitas pela polícia constatou-se que alguns funcionários teriam solicitado dois indivíduos para, precisamente, colocarem chamas em alguns compartimentos daquele edifício e, após este facto, a polícia pôs-se ao local. Já no local apercebeu-se que havia cheiro de gasolina contrariando o que se pensava que se tratava de um curto – circuito e, após este detalhe, foram levadas a cabo as investigações que culminaram com a neutralização deste indivíduo que está sob nossa custódia e do processo de questionamento que se fez a este indivíduo apercebemos que existem funcionários da Migração que estiveram envolvidos neste processo e, neste momento, decorre todo processo de investigação”, disse Zacarias Nacute, porta-voz da PRM em Nampula.
O jovem, que agora está sob custódia policial, cujo nome omitimos por presunção de inocência, disse ter 29 anos de idade, natural do distrito de Nacarôa e residente no bairro de Namutequeliua, concretamente na zona vulgarmente conhecida por clube 5 na cidade de Nampula, e é pai de três filhos.
À imprensa, o indiciado é confesso de fazer parte do grupo que queimou o gabinete do director e o dasecretária do Serviço Provincial de Migração de Nampula.
“Estou aqui porque fui pegue com a polícia. Eu sou estivador, mas apareceu um jovem lá na minha casa e disse-me para ir trabalhar. Então, como eu sou estivador e preciso de trabalhar, segui ao jovem e quando cheguei na estrada encontrei um carro estacionado. Quando entrei no carro estava lá um motorista mais um senhor que estava sentado. Fomos até o Jardim Parque e o senhor que estava lá no carro disse que vamos trabalhar e quando questionamos qual tipo de trabalho, ele respondeu que o trabalho é de fazer estragos lá no meu serviço”, começou por narrar o indiciado.
“A pessoa que estava a conduzir desceu do carro e, como tinha chaves, abriu a porta da entrada da estrada e logo seguimos pelas escadas da Migração, fomos juntos até ao corredor e ele falou-nos que era para fazermos estragos, era para queimar. Na verdade eu junto aquele jovem que vinha na minha casa, espalhamos o combustível e de verdade acendemos naquilo e saímos”, disse acrescentando que “quando saímos, aquele homem que estava de carro não lhe vi para onde foi, mesmo aquele jovem que vinha na minha casa, também, não lhe vi para onde foi, dali fui para casa. Então, passados dois dias, preocupei-me sobre o valor que tinha sido prometido que seriamos pagos em caso de fazermos aquele trabalho. Então, foi quando fui em casa dele pedi o número dele e lhe liguei apresentando a minha preocupação. Ele pediu-me calma e mandou mil meticais (1000,00MT) para o mpesa”.
Para ganhar a coragem de compor o grupo dos malfeitores, o jovem disse que foi aliciado com um montante de vinte mil meticais (20.000,00MT), valor que alega não ter recebido até a data da sua prisão, sendo que apenas recebeu mil meticais.
Aliás, o jovem que temos vindo a citar, não revelou o nome do presumível funcionário que esteve a comandar o grupo, mas deixou ficar alguns detalhes. “Chefe, desculpe, não conheço o nome desse senhor,mas de cara posso conhecer, mesmo através de foto. É um senhor alto, claro e um pouco fuinho. Esse senhor vive lá no Nasser, no lado esquerdo depois do estaleiro do NAGI Investimentos, para quem vai em Nacala, entrando um pouco dentro ali nos primeiros armazéns. Ele tem carros dele escritos 07”, pistou a fonte. Aliás, até tratou de fornecer o contacto telefónico da referida pessoa, mas que foi interrompido pelos agentes policiais.
O grupo foi contratado, também, para silenciar algum chefe da migração
Para além de incendiar o gabinete do director provincial da Migração de Nampula e o da sua respectiva secretária, o contrato do mesmo grupo constava, também, como cláusula perseguir e eliminar pelo menos um quadro que ocupa cargo de chefia no seio daquele sector paramilitar.
O jovem detido na 1ª Esquadra da PRM em Nampula, não deixou ficar o nome de tal pessoa que seria silenciada, mas avança que trata-se de um chefe da Migração e que vive no bairro de Muahivire.
“Esse senhor disse que queria, também, que agredíssemos essa pessoa, mas não conseguimos fazer aquele trabalho de agredir aquele homem aí. Ele disse que era um colega dele. Não chegamos a agredir porque eu ando ocupado, trabalho na obra porque sou mestre. Até nesse dia que fomos queimar segui porque eu estava em casa sem nada e achava que era um trabalho normal”.
Do histórico criminal, o referido jovem disse ser a sua terceira vez que para nas celas da Polícia da República de Moçambique em Nampula, por cometimento de várias infrações, com destaque para apropriação indevida de bens dos terceiros. (Constantino Henriques)