Nampula (IKWELI) – As celebrações das festividades do Natal e/ou do dia da família na cidade de Nampula, maior centro urbano do norte de Moçambique, foram caracterizados por aglomerados que violam as recomendações das autoridades nacionais da Saúde em relação a prevenção e combate a covid-19.
A reportagem do Ikweli observou, durante o dia todo, famílias, amigos e conhecidos convivendo em diferentes locais sem a observância das medidas emanadas e constantes do decreto em vigor, referente a situação de calamidade pública.
No Jardim Parque dos Continuadores, no centro da cidade de Nampula, pais e encarregados de educação decidiram levar os seus filhos para o local a fim de passar e registar o dia em câmeras fotográficas sem, no entanto, observarem as recomendações face a situação de calamidade pública.
Para além do não distanciamento físico, também, a máscara facial não era aplicada, e muito menos eram higienizadas as mãos nestes locais.
Jeque Muampua, entrevistado pelo Ikweli, disse ser a única oportunidade que encontrou para tirar a sua companheira dos aposentos e apreciar a paisagem da autarquia, mesmo sem obedecer a situação da pandemia que o mundo vive há dois anos.
“Eu sei que corro risco de contrair a pandemia”, reconhece o jovem, mas diz que era a única alternativa de oferecer um dia diferente a sua parceira, tanto que diz que “fazer o que…! Hoje é um dia de festa, eu não queria ficar em casa, por isso estou aqui no parque a apreciar o movimento”.
Quando questionado porque não usava a máscara de protecção facial o jovem respondeu: “eu sei que essa doença é real, ela existe sim, mas eu trago aqui minha máscara. Não usei porque quero comprar algo para comer, até porque estou com alguém que conheço”.
Por outro lado, a solidão, também, tornou-se o principal motivo de pessoas abandonarem as suas casas para passar a festa de Natal. Exemplo disso, é um jovem que não quis se identificar encontrado pela nossa equipa de reportagem entre as avenidas Josina Machel e Eduardo Mondlane, sem uso de máscara, e dirigindo-se à um dos restaurantes que fica em frente da Sé Catedral de Nampula, segundo disse, para passar o tempo.
“Eu estou aqui na rua porque não tenho com quem passar o Natal”, disse a fonte, justificando que “minha família não vive cá na cidade de Nampula, por isso que hoje eu não estou em casa. Se a minha família estivesse cá eu não estaria a correr o risco de contrair essa doença”.
Outro facto constatado pelo Ikweli é que no intervalo das 16 às 18 horas, a circulação de automóveis ganhou outro rumo, dado que em algumas zonas criava-se congestionamento na estrada, condicionando o trânsito normal, com maior destaque nas Avenidas do Trabalho e Paulo Samuel Kankhomba, na cidade capital provincial de Nampula.
Nos bairros, o Ikweli notou que as famílias se aglomeravam com alguma tranquilidade em quintais de pessoas próximas, e seguras alegando que “Mahindra não chega aqui, por isso hoje vamos festejar”.
O aumento de casos positivos da covid-19 era, definitivamente, ignorado pelos munícipes que alegam que “quando chegar a minha vez irei morrer”.
Durante os últimos cinco dias, a província de Nampula registou 156 novos casos positivos da covid-19. No mesmo período, o partido Frelimo viu-se obrigado a adiar a sessão do comité provincial para o próximo ano em virtude do elevado número de casos positivos registados entre os participantes. (Esmeraldo Boquisse e Hermínio Raja)