Nova Iorque (IKWELI) – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla inglesa) lançou um apelo de financiamento de emergências no valor recorde de 9,4 mil milhões de dólares para alcançar mais de 327 milhões de pessoas – incluindo 177 milhões de crianças – afectadas por crises humanitárias e pela pandemia da COVID-19 em todo o mundo.
O apelo é superior ao do ano passado em 24 por cento, uma vez que as necessidades humanitárias continuam a aumentar.
“Milhões de crianças, em todo o mundo, estão a sofrer os impactos de conflitos, de eventos climáticos extremos e da crise climática”, disse a Directora Executiva do UNICEF, Henrietta Fore, citada no comunicado de imprensa distribuído pela organização a partir de Genebra.
Na mesma nota, Fore é citado apontando que “à medida que a pandemia da COVID-19 se aproxima do seu terceiro ano, a situação destas crianças agrava-se devido à instabilidade das economias e ao aumento da pobreza e da desigualdade. Como sempre, são as crianças que já vivem em situação de crise que são as mais duramente atingidas. Elas precisam de ajuda urgente”.
Segundo o mesmo documento, o “apelo inclui 2 mil milhões de dólares para a resposta do UNICEF no Afeganistão, onde 13 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente. Estas incluem 1 milhão de crianças que enfrentam desnutrição aguda grave, numa altura em que o sistema de saúde está à beira do colapso. O apelo do UNICEF ao Afeganistão é o maior apelo de sempre do UNICEF para um único país”.
“Serão atribuídos mais 933 milhões de dólares ao Acelerador de Acesso a Ferramentas COVID-19 (ACT-A), um esforço global para acelerar o desenvolvimento, produção e acesso equitativo a testes, tratamentos e vacinas para a COVID-19. Dado que a pandemia continua a criar disrupções na educação, saúde, nutrição e bem-estar das crianças em todo o mundo, fornecer as ferramentas necessárias para a controlar requer um apoio urgente”, esclarece o mesmo documento.
Por outro lado, o comunicado diz que “na África Oriental e Austral, as necessidades nunca foram maiores. O UNICEF necessitará de 1,09 mil milhões de dólares para prestar serviços que salvam vidas a 95 milhões de crianças na região, incluindo na Etiópia, onde 15,6 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária e onde os violentos conflitos forçaram à deslocação centenas de milhares de pessoas no Norte do país, o UNICEF irá necessitar 351 milhões de dólares para continuar a salvar vidas. O Sul do Sudão (186,3 milhões de dólares), Moçambique (98,8 milhões de dólares), Somália (177 milhões de dólares), e Madagáscar (40 milhões de dólares) também precisam urgentemente de apoio humanitário”, mas para outros casos, “o UNICEF irá precisar adicionalmente de 909 milhões de dólares para a crise dos refugiados na Síria, outros 334 milhões de dólares para a crise na Síria, 484 milhões de dólares para a resposta no Iémen, e mais de 356 milhões de dólares para programas na República Democrática do Congo”.
O apelo de financiamento deste ano, o maior de sempre do UNICEF, surge também num contexto de escalada de conflitos que têm conduzido milhões de crianças e as suas comunidades para o precipício. Os ataques a crianças que vivem em países em conflito, incluindo ataques a infra-estruturas civis críticas para a sobrevivência das crianças, prosseguem a um ritmo alarmante. Cerca de 24.000 violações graves contra crianças foram confirmadas no ano passado, ou 72 violações por dia.
Também, as alterações climáticas estão a agravar a dimensão e a intensidade das emergências. O número de catástrofes relacionadas com o clima triplicou nos últimos 30 anos. Hoje, mais de 400 milhões de crianças vivem em zonas de vulnerabilidade hídrica elevada, ou extremamente elevada. (Redação)