Pemba (IKWELI) – Deslocados internos acolhidos em alguns centros de reassentamento instalados nos distritos de Metuge e Montepuez nomeadamente, na província de Cabo Delgado, estão a enfrentar uma crise de falta de alimentos, devido a não recebimento de mantimentos nos últimos três meses.
Na aldeia de Nanguwa, no distrito de Metuge, as vítimas ali acolhidas contam que não tem nenhuma assistência ultimamente, e que há cada vez mais deslocados a entrarem no referido centro de reassentamento, tanto que, recentemente, chegaram vítimas oriundas das aldeias de Lindi, N’nawa, Tapara e Moja (no distrito de Quissanga)
“São muitos deslocados em Nanguwa aqui em Metuge”, disse uma fonte entrevistada no local, que afirma que “já passam três meses sem receber comida do governo, apenas as famílias que chegaram de Moja por conta do ataque de Lindi é que estão a receber mata-fome [[mantimentos alimentares recebidos na primeira chegada ao centro]”.
A mesma fonte assegura que essa situação, de os novatos no centro receberem assistência em detrimento dos antigos, provoca um certo descontentamento no local.
Igualmente, estão acolhidos em Nanguwa vítima oriundas dos distritos de Palma e Muidumbe, que procuram locais seguros para reiniciarem as suas vidas.
Situação idêntica, de alegada falta de alimentos para os deslocados, também, foi reportada, ào nosso diário, por famílias do bairro B, no centro de reassentamento de Nanhupo, no distrito de Montepuez.
Segundo contaram, aquele bairro tem poucas famílias beneficiárias em relação ao bairro A, o que faz com que muitos deslocados passem momentos difíceis.
Em um dos seus últimos relatórios semanais, o projeto Cabo Ligado, da ACLED, que se dedica a monitoria da violência terrorista em Cabo Delgado, refere da existencia de obstáculos para a continuação do serviço do PMA (Programa Mundial de Alimentação) em Palma e em outras partes de Cabo Delgado devido a falta de financiamento internacional para a resposta humanitária.
“O PMA já está a emitir rações alimentares reduzidas devido a restrições de financiamento” – lê-se no documento que cita um novo relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) que deixa claro que é improvável que o financiamento aumente tão cedo.
Neste sentido, o trabalho do ACNUR em Cabo Delgado é apenas 66% financiado e está a ter dificuldades em colmatar a lacuna relativamente pequena de 8,7 milhões de dólares no seu orçamento. Sem financiamento adequado para o ACNUR, o PMA e outras organizações de ajuda, a próxima época de escassez em Cabo Delgado pode tornar-se extremamente perigosa para muitos civis deslocados, prevê o relato do Cabo Ligado. (IKWELI)