Deficientes visuais clamam por meios de compensação em Nampula

Nampula (IKWELI) – As pessoas com deficiência visual, afiliadadas a Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique (ACAMO), em Nampula, queixam-se da falta de meios de compensação, sobretudo a bengala, para a sua mobilidade segura e independente.

De acordo com Periha Amade, Secretário Executivo da ACAMO em Nampula, dos 1648 (mil, seiscentos e quarenta e oito) membros que a agremiação tem na mais populosa província do país, apenas 30 tem este instrumento em resultado de uma doação de há dois anos.

“O símbolo independência e mobilidade é a bengala. A bengala é um meio de compensação da pessoa com deficiência visual, um instrumento que facilita a mobilidade segura e independente para a pessoa com deficiência visual. A bengala alerta aos utentes da via pública para prestarem atenção e saberem de que a pessoa que está na sua frente é um deficiente. E mais, este instrumento permite a pessoa que a descobrir os obstáculos que estão à sua volta e orienta para uma mobilidade segura”, explicou Amade, que lamenta o facto de a maior dos seus membros não disporem do instrumento.

Esta fonte avança que “ter um apoio directo é um caso muito difícil, se nós formos a ver muitas vezes a aquisição da bengala tem sido difícil, mesmo para o governo, diferentemente dos outros meios de compensação. As razões não saberemos explicar, não sei ainda se o governo não consegue buscar uma vez que é um instrumento que é difícil achar no nosso mercado interno”, prosseguindo que “há algum esforço do governo porque há dois anos, o Governo, através do Instituto Nacional da Acção Social (INAS) providenciou este meio para algumas pessoas com deficiência visual, mas não foi suficiente. Se contabilizarmos o número total de deficientes, vamos notar que uma média de 30 pessoas apenas é que usa bengalas brancas, o que não corresponde àquilo que é a nossa necessidade. Isso preocupa-nos bastante”.

Periha falava em entrevista ao Ikweli, aquando da celebração do Dia Internacional da Bengala Branca que se assinala a 15 de Outubro de cada ano. Nesta abordagem, quando questionado sobre o domínio deste instrumento a fonte sublinhou que, para se ter o domínio, é preciso que haja o instrumento. A ser assim, segundo as suas palavras, precisam deste meio de compensação para treinar as pessoas com deficiência que poderão usar.

Celebrar a data, no entender da fonte, é louvável, porque que significa reconhecimento aos deficientes. Porém, por se verificar que uma parte de deficientes é vulnerável em termos de condições financeiras, há necessidade de se prestar atenção providenciando-se a bengala, o símbolo de mobilidade segura e independente da pessoa deficiente visual.

Ademais, “os desafios são vários. Quando falávamos do transporte público para a pessoa com deficiência visual torna constrangedora, isto porque os próprios transportes não garantem a acessibilidade da pessoa deficiente, e mais, os transportadores, sobretudo, condutores e seus ajudantes não prestam atenção necessária para que as pessoas com deficiência em geral tenham acesso a estes meios de transporte”, lamentou Periha, para depois exemplificar de que “há pessoas que se embatem ao tentar tomar os transportes públicos, tudo porque não encontram auxílio para se acomodar nesses transportes”.

Embora sem afirmar que há exclusão de pessoas com deficiência visual no acesso aos transportes públicos, sobretudo, terrestres, o entrevistado avança que “as pessoas quando se deparam com deficientes pensam que estão a sabotar os seus trabalhos, ou seja, querem atrasar a sua viagem ou não tem programa para fazer aonde vão”. Então, “acho que falta consciência naquilo que é a igualdade de oportunidades para todos”. (Esmeraldo Boquisse)

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