Nampula (IKWELI) – Passam nesta segunda-feira (4) quatro anos após o assassinato bárbaro do então autarca de Nampula, Mahamudo Amurane, cujo esclarecimento ainda está longe de se efectivar.
Familiares, amigos e admiradores juntaram-se no novo cemitério municipal da faina para, mais uma vez homenagear o malogrado, com lágrimas no canto do olho, lamentado a prematura morte do primeiro presidente que colocou a cidade de Nampula na nota de reconhecimento sobre a boa gestão da coisa pública.
De acordo com alguns políticos e líderes religiosos o não esclarecimento da morte macabra daquele que era considerado o “salvador” do povo de Nampula, representa mais que uma hipótese de que Moçambique está longe de celebrar a paz, daí a necessidade de se trazer a tona a verdade sobre o assassinato do então edil da capital provincial de Nampula.
Da cidade de Quelimane, província da Zambézia, colhemos a sensibilidade do presidente Manuel de Araújo que, de acordo com as suas palavras, a paz não é só a ausência de guerra, mas sim é justiça, reconciliação nacional e a melhoria de condições de vida da população.
Contudo, “se o nosso povo continuar a sentir os efeitos quer da guerra, quer da fome ou da pobreza não teremos paz. O facto é que não podemos falar de paz e reconciliação nacional sem que haja justiça, daí que é importante que crimes como estes do Mahamudo Amurane e do jovem Max Love, entre outros jovens assassinados onde os executores ainda não foram encontrados é imperioso que o SERNIC, a P.R.M, a Procuradoria-Geral da República, e outras entidades tomem a sério estes casos, encontrem os culpados e que os leve à barra da justiça”.
Para Araújo, não faz sentido que “passados quatro anos ainda não tenham encontrado os mandantes, nem os executores do crime”.
Igualmente, o autarca de Quelimane disse que “não faz sentido que volvidos oito anos os executores do Max Love, que é conhecido, o tribunal já sentenciou, mas até hoje, as nossas Forças de Defesa e Segurança não conseguem trazer o culpado. Isso não é democracia, não é reconciliação e não é paz”.
Da Comunidade Islâmica de Moçambique, o Ikweli entrevistou o sheik Maulana Muhammed que defende que o esclarecimento do assassinato de Mahamudo Amurane seria o melhor caminho de se mostrar o interesse que o Governo tem em alcançar a paz à favor do seu povo.
Embora que os indivíduos que assassinaram o edil não tenham assassinado os seus ideias, este entrevistado exige a transparência e o esclarecimento do caso pelas entidades de justiça.
No seu entender, “todo o presidente que entra na cidade de Nampula a tendência é chegar a meta do senhor Amurane ou muito mais que isso. Com isso significa que o seu legado ficou e nós esperamos que onde ele estiver fique bem. Mais ainda é que o moçambicano é pela paz e dissemos que quem nos traz o ódio nós lançamos o amor”.
Outrossim, Américo Sardinha, da Comunidade Sant’Egídio, disse estar na expectativa de que as autoridades esclareçam o caso de maneiras que aos poucos se desfrute dos efeitos da paz que o povo moçambicano almeja. Segundo as suas palavras, o esclarecimento do assassinato por desconhecidos do então presidente do Conselho Autárquico de Nampula, faria bem aos moçambicanos, com maior destaque para os nampulenses. (Esmeraldo Boquisse)