Nampula (IKWELI) – Um indivíduo de 50 anos de idade, funcionário do sector da Educação afecto a escola secundária da Barragem na cidade de Nampula, é indiciado de ter violado sexualmente uma aluna de 16 anos de idade.
O indiciado desempenha a função de contínuo [agente de serviço] e tinha, por obrigação, de zelar pela assiduidade dos alunos, oportunidade que teve de apreciar a sua vítima, a ponto de manter relações sexuais numa mata próxima aquele estabelecimento de ensino público.
Segundo conta a vítima, o último envolvimento sexual com o predador foi na manha da última terça-feira (28), ainda uniformizada, a 400 metros da escola, local para onde foi levada debaixo de ameaças.
Felismino Murrupa, guarda do campo de produção para onde a vítima foi levada, foi quem denunciou o caso a direcção da escola secundária da Barragem, depois de encontrar, em flagrante, o continuo a manter relações sexuais com a menor.
A fonte disse ao Ikweli que práticas do género no seu local de trabalho [machamba] são frequentes, por isso, cansado, decidiu denunciar.
“Eu sou guarda naquela machamba. Foi de manhã que saí de casa para o trabalho. Quando lá cheguei, vejo um senhor a entrar no mato onde eu guarneço com uma menina uniformizada. Mas porque tratava-se de um estranho, não me precipitei em chamar atenção para melhor perceber o que ia acontecer. Passados alguns minutos, aproximei-me do local e encontrei aquela menina a usar sua roupa interior e o senhor a apertar o cinto”. Entretanto, “quando me viram o senhor começou a ameaçar e eu lhe disse que sou responsável do local e que me devia esclarecimento, mas por arrogância, disse-me que eu devia, querendo, ir queixar aonde eu quiser por isso segui até a escola, mas depois de informar outras pessoas que na altura perguntaram-se do assunto”.
O facto é repudiado pelas alunas da escola da Barragem onde, em entrevista ao Ikweli, desvendam o comportamento desviante do visado que, em pleno exercício das suas actividades, assedia sexualmente as alunas e faz uso de influência para satisfazer o seu apetite sexual.
“Isso que aconteceu é preocupante, há um senhor que trabalha aqui que foi encontrado a fazer amor com uma aluna no mato. a função deste senhor é parar na porta da escola para controlar quem está ou não asseado, caso contrário ele impede a sua permanência no recinto escolar, bem como tocar o cino sempre que for o horário de intervalo. O seu comportamento não ajuda”, contaram ao Ikweli três alunos, entre homens e mulheres.
As nossas fontes suspeitam que os dois mantinham a relação amorosa há pouco tempo. Mas que mesmo com isso, não se justifica a atitude tendo em conta que a vítima é uma menor, ela pode ser forçada a fazer o que fez.
“O que aconteceu foi terrível. O nosso contino está sempre a conquistar alunas que se fazem a escola. Ainda temos informações que isso não está a começar, dado que já manteve relações sexuais com várias meninas daqui, e desta vez a máscara do velho caiu, ele foi descoberto. Uma vez forçou uma colega nossa alegadamente porque não tinha bolso da escola, bem como a gravata. O acto sexual foi praticado na casa de banho da escola”, revelou a aluna que responde pelo nome de Maria.
O Ikweli dirigiu-se à Escola Secundária da Barragem onde, em entrevista com a vítima, apurou que o cidadão a teria forçado a manter relações sexuais, sob alegação de influenciar no seu trajecto escolar para reprovar de classe. Igualmente, revelou no momento que a queria como esposa e não simples amante, tendo em conta que o indiciado é pai e casado, residente na zona da Presidência, no bairro de Carrupeia, em Napipine.
“Sai de casa em direcção a escola, mas em pleno caminho encontrei o senhor funcionário da escola que me chamou, alegadamente porque tinha calcinhas a venda, eu recusei. Entretanto, ele começou a dizer que era influente e que podia ma fazer reprovar se não aceitasse apreciar as calcinhas e conversar com ele”. E mais, “porque senti-me com medo, recebi as calcinhas e obrigou-me a experimentar. Foi então neste momento em que me empurrou para outro lado do mato, e começou a fazer sexo”, revelou a menor Ruquia, nome fictício encontrado para omitir a sua identidade.
Natural do distrito de Monapo e residente na zona da Barragem com a sua irmã, a vítima disse estar a passar momentos de discriminação na escola e na comunidade, uma vez que o assunto foi tornado público, maior parte das pessoas da escola tomou conhecimento. O mais caricato ainda é que a menina e os familiares desconhecem os caminhos certos para recorrer.
Entrevistado pelo Ikweli, junto a direcção da Escola Secundária da Barragem, o indiciado recusa ter mantido relação sexual com a menina, mas afirma categoricamente que gosta dela e que a quer como esposa, mesmo sendo casado e pai, mas mesmo assim, pretende unir-se maritalmente com a sua vítima de 16 anos de idade.
Este indivíduo conta que “combinamos para nos encontrarmos naquele sítio, com o objectivo de conversarmos em relação ao nosso casamento, nosso amor e prontos. Mas eu não reconheço ter violado, eu disse a pessoa que nos encontrou que não estávamos a fazer sexo, para isso tinha de nos flagrar pelados, mas não foi o que aconteceu. Por isso que eu não reconheço que já violei a menina, mas estávamos juntos”.
Em relação as calcinhas o contino afirma que foi um presente que fez à sua vítima, uma vez que ela pediu. Mas porque não era conhecido na família e não a queria levar a sua casa, escolheu aquele campo de cultivo, no meio do mato, para entregar o presente a sua suposta namorada.
Seguro com as suas palavras, este declarou que pretendia casar a menina, faltando apenas a confirmação dos encarregados de educação. Outrossim, garantiu que esperaria até que a vítima concluísse os estudos, pelo menos o nível médio do ensino secundário para lhe fazer de esposa, tudo estava combinado, mas o plano frustrou.
Por sua vez, mesmo depois de acompanhar as confissões do indiciado, a direcção da Escola Secundária da Barragem representada pelo respectivo director, escusou-se a falar em torno do caso, tendo garantido dar seguimento. Em conversa, o director mostrou-se preocupado e repudia o comportamento desviante do contino. (Esmeraldo Boquisse)